Capítulo 26

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Alana

── Me siga. ── Margareth diz, seu tom carregado de altivez. Ela caminha a minha frente, a arrogância saindo em ondas potentes por todos os poros da sua pele.

Ela me guia pelo jardim da mansão, e franzo o cenho não vendo nenhum dos brutamontes que normalmente fica por aqui, vigiando. Logo hoje não tem nenhum, oque só aumenta a minha paranoia, e o pensamento de que estou sendo tonta demais em estar seguindo a cobra da Margareth, que já provou que é uma pessoa manipuladora, capaz de ludibriar quem não a conhece com o seu jeito maternal.

Mas isso é apenas uma máscara do caralho que esconde quem ela realmente é por dentro. E não é a apenas da hipocrisia dela que eu estou falando. Já deu pra notar que ela é uma mulher muito perigosa mesmo. Quando ela se despe da fachada de mulher carinhosa que ela criou e deixa cair a máscara, eu vejo uma maldade que está entranhada em suas veias, uma maldade que me diz que ela é capaz de tudo para alcançar seus objectivos.

Ela pode estar me atraindo para uma armadilha, e eu tenho noção disso. Eu posso estar andando em direção a minha própria morte. Sei disso. Mas eu simplesmente não conseguiria ficar em paz, com ela me dizendo que sabe onde está meu Paul, e não fazer nada. Eu não consigo colocar em palavras, não consigo descrever a angústia intensa que estou sentindo nesse momento por não ter notícias dele, sabendo muito bem quem é o monstro que nos levou e separou um do outro, nos roubando de nossa liberdade, e o que ele é capaz de fazer.

Ainda ouço os gritos agonizantes dele ecoando em minha mente, quando aquele homem queimou ele com o ferro quente. Lágrimas veêm a meus olhos quando me lembro do seu sofrimento. Ele estava tão indefeso. Meu amor não deveria estar aqui, ele não merecia ser pego nesse fogo cruzado que é a obsessão que esse filho da puta sente por mim.

Muitos me diriam que estou sendo burra, tonta demais, uma anta, ingênua pra caralho seguindo Margareth. Mas eles não têm ideia da merda pela qual estou passando. Saber que a pessoa que você ama pra caralho está correndo perigo, talvez passando fome, sendo torturado ou talvez esteja até mesmo morto sem nada que você possa fazer para tentar salvá-la, é uma sensação que eu não desejo pra ninguém, na real.

Eu amo aquele cara de sorriso cafageste. Eu amo aquele cara que quando eu estava com uma dificuldade enorme na matéria de química, correndo o risco de tirar mais uma negativa, mesmo ele não sendo especialista e tendo suas próprias dificuldades, meu Paul estudou pra caralho todos os livros que ele encontrou sobre o assunto só pra poder me ensinar e ter uma desculpa pra ficar perto de mim.

Ele ficava me dizendo que ele se tornou em um gênio da química por minha causa. A memoria me faz sorrir e uma lágrima rola por minha bochecha, sendo seguida por outra. Eu as limpo rapidamente antes que a cobra perceba. Não vou deixar ela ver minhas fraquezas.

Eu não posso ficar sem tentar fazer alguma coisa para salvar o meu amor, e é por isso que eu continuo a seguindo, mesmo com meus instintos me alertando.

De longe posso ver uma casa. Parece ser do tipo daquelas que são para hóspedes. Uma sensação ruim toma conta de mim, e um desejo incontrolável de voltar me toma. Meus pés parecem pesados. Sou quase incapaz de continuar andando com a sensação avassaladora que percorre todo o meu corpo.

Margaret tira chaves do bolso do seu uniforme, e abre a porta, esperando que eu entre primeiro. Eu permaneço parada, me recusando a entrar antes dela.

Ela arqueia uma sombrancelha. ── Oque foi querida, por acaso está com medo? ── Um sorriso irônico brinca em seus lábios pintados.

── Eu deveria estar? ── Retruco secamente.

── Sim. ── Responde prontamente, seus olhos frios demonstrando o gelo que existe em sua alma me perfuram.

Sinto meu interior congelar com a resposta que ela me deu na maior cara dura.

A queda do Imperador | Duologia: Submundo | Vol. 1 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora