Capítulo 20

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Alana

Estou deitada na cama em posição fetal a não sei quanto tempo. As lágrimas grossas que derramei estão secas em meu rosto, e meu olhar está preso na parede a minha frente, mas é como se eu não estivesse olhando realmente. Estou presa a um misto de sensações e pensamentos, todos eles girando ao redor da crueldade que foi cometida contra meu corpo e minha mente. Me sinto suja. Suja como nunca havia me sentido em toda a minha vida. Minha alma inteira está sangrando, e eu não tenho a certeza se vou conseguir me recuperar disso.

Ouço vagamente o barulho da porta abrindo. Sinto passos lentos, e uma mulher entra em meu campo de visão. Ela parece estar na casa dos 50 anos, seus cabelos brancos estão amarrados em um coque no topo da cabeça e usa um uniforme que dá a entender que é uma empregada.

Seus olhos se arregalam quando ela os passa por meu corpo, em um misto de incredulidade e revolta. Ela se aproxima da cama a passos cautelosos, como se não quisesse me assustar. Ela suspira balançando a cabeça em negação. ── O Sr. Caccioli ordenou que você tome um banho e depois desça para jantar com ele. ── Seu tom é regado de compaixão.

Espera, eu ouvi bem oque ela disse? Sério que é isso mesmo?
O cara me estupra, fode com o meu psicológico, e espera que eu tome um banhozinho e fique toda cheirozinha, jantando com ele normalmente como se merda nenhuma tivesse acontecido?

O banho eu aceito. Aceito porque eu preciso tirar seu cheiro de mim, seus toques de meu corpo, a sensação de suas mãos sobre minha pele. Todas as sensações voltam com toda a força como se estivessem acontecendo neste exato momento, e as lágrimas retornam a meus olhos. Levanto da cama com dificuldades, precisando urgentemente de um banho. Meu corpo dói com o movimento, principalmente minha boceta, e eu não posso evitar de deixar mais lágrimas escorrerem. Sento novamente na cama, incapaz de ficar de pé sozinha.

── Eu não consigo andar. ── Confesso, minha voz embargada.

A mulher vem até mim, seus olhos se enchem de lágrimas ao ver meu estado. Ela faz com que eu me apoie nela, e sorri carinhosamente, me incentivando a caminhar. Conforme andamos, sinto seu esperma escorrendo por minhas pernas, e me sinto enojada e enjoada pra caralho, necessitando de esfregar todo o meu corpo e apagar qualquer vestígio dele.

Filho da puta. Poderia ter usado uma porra de camisinha pelo menos.
Além de tudo, agora também corro o risco de estar carregando alguma merda de doença sexualmente transmissível.

Nunca senti tanta vontade de matar alguém como sinto agora.

Entramos pela porta do banheiro luxuoso. Tem mais coisas aqui do que no quarto, e me pergunto se tem algo que eu possa usar para matá-lo. Mas penso que ele não seria tão burro assim, para deixar perto de mim qualquer coisa que eu poderia usar para ferir a mim mesma ou feri-lo.

Depois de eu ter processado em minha mente tudo oque a mulher disse para mim, meu corpo tensiona.

Sr. Caccioli...

A empresa onde Belle trabalha é a Construções Caccioli. E isso me faz questionar se o filho da puta faz parte dessa família, ou talvez seja até mesmo o dono. Consegui notar que esse homem provavelmente deve ter um monte de dinheiro, até porque, não é qualquer um que arma um sequestro desse calibre, não é mesmo? Ver esse banheiro, só solidificou essa certeza.

Mesmo com a dor insuportável no meio de minhas pernas, sinto que já posso caminhar sem ajuda da mulher. Eu páro de andar, oque a faz parar também. ── Obrigada pela ajuda, de verdade, mas eu posso continuar sozinha agora. ── Digo, minha voz rouca pelo meu choro e gritos.

A mulher sorri ternamente. ── Fico feliz por isso. Vou deixar algumas roupas pra você em cima da cama. ── Acho que ela quer dizer mais alguma coisa, mas se abstém e apenas me olha carinhosamente, antes de sair do banheiro, fechando a porta atrás de si.

A queda do Imperador | Duologia: Submundo | Vol. 1 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora