5.

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Bianca foi até a praia. Sentou-se na areia, bem próxima ao mar. Não sentia saudades de sua casa.

A decisão de morar sozinha foi feita depois de muitas discussões com seus pais, na maioria das vezes o motivo era o preconceito dos dois com sua opção sexual, sempre destratando as garotas que ela levava para casa.

Quando se mudou Bianca achava bom, tinha tempo para si mesma, podia levar suas namoradas para casa, acordar quando quisesse, mas com o passar do tempo, começou a se sentir sozinha, estar sozinha naquela casa enorme era algo com o que ela não sabia lidar. Talvez, sussurrou algo em sua cabeça, seja por isso que você tenha aceitado essa ideia descabida. Sim, assumiu para si mesma. Provavelmente passar algum tempo com alguém a divertia.

Para ela, flertar era algo tão comum quanto comer ou dormir, era acostumada a ter dezenas de garotas choramingando por um pingo de sua atenção, mas Rafaella era estranha. Quando Bianca a conheceu naquele avião tentou se mostrar o mais simpática que conseguiu, mas a mais alta foi fria, Bianca a odiou, pensou milhares de vezes em voltar para casa, pois Rafaella ia além de ser indiferente – ela era opressora. A carioca sentia que Rafaella sempre a olhava desafiadoramente, como quem diz: “Está vendo? Só nos seus sonhos você estará a minha altura”.

E agora... Ela admitia para si mesma que estava sendo interessante. E quando Rafaella sorria... Ela iluminaria tudo se sorrisse assim mais vezes;

Isso, pensou ela, é só um atrativo físico. Rafaella continua sendo tudo de ruim em uma mulher.

Bianca olhou para trás. A luz da copa continuava acesa, mas a garrafa de vinho já não estava lá. Ela olhou para cima. Sim, a luz da biblioteca estava acesa.

Aaaah..., pensou ela, se espreguiçando. Vamos sobreviver, e isso basta.

X---X

Como o tempo passou tão rápido?

Rafaella havia tomado seu banho e estava sentada na cama, um livro aberto nas mãos e sua atenção longe de Bianca.

Ela podia ouvir o barulho da água caindo no banheiro, e isso a tranquilizava, a carioca ainda estava no banho. Hum, ela poderia ficar lá pelo resto da eternidade. Oh, sim.

Primeiro: porque a camisola que haviam  enviado para ela era curta demais, e isso era constrangedor, porque ela só ia até o meio das coxas, um palmo acima do joelho! Ela se comunicou através das câmeras e pediu aos cientistas que a enviassem outra, mas eles se recusaram taxativamente (e sorrindo! Cínicos!). Não havia mais a quem recorrer. Então, ela estava muito incomodada. Se algum pedaço íntimo de sua pele roçasse na de Bianca, sem dúvida ela explodiria.

Segundo: porque tinha aquela ideia desgraçada de “beijo de boa-noite”. Rafaella enrubescia só de pensar.

Esses cientistas realmente não tinha noção de nada, elas mal se conheciam.

Sob todos os efeitos, Rafaella estava coberta da cintura para baixo, já havia abandonado o livro e se concentrava em olhar a praia pela sacada, parecendo muito concentrada. Tudo para evitar olhar Bianca quando ela saísse. E como seria o pijama dela?

Droga! Ela havia ficado vermelha só de pensar nisso. Apoiou os cotovelos nos joelhos e afundou o rosto nas mãos. Eu não sou normal, refletiu. Estou começando a pegar a praga de Bianca, um tipo novo de doença. Só pode.

Foi nesse exato momento que a dita cuja saiu do banheiro, e Rafaella espiou através de dois dedos parcialmente juntos. Seu pijama consistia em um short curto e preto um tanto leve e uma camiseta branca igualmente leve. Em termos normais, Bianca dormia só de roupas intimas, mas ela achou que Rafaella poderia ter um treco se ela aparecesse “semi-nua” na frente dela.

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