12.

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A mesa estava diferente. Era mais comprida do que larga e as cadeiras haviam sido trocadas por um sofá vermelho logo à frente da janela.

–Não fui eu que arrumei a mesa. – explicou Rafaella. – Assim que você saiu, eu fui tomar banho e quando voltei estava assim!

–Eles são espertos. – disse Bianca.

–E não nos deixam esquecer os detalhes – disse Rafaella. – Esse vestido estava no meu armário com um bilhete de "use-me". Quase me senti como a Alice no País das Maravilhas. E isso apareceu na geladeira.

E lhe entregou um bilhete pequeno, tipo Post-It, preenchido com a letra floreada já conhecida:

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Esse não é qualquer jantar, minhas queridas – é o jantar romântico! *-*

Vocês têm que dar comida na boca uma da outra, dividir o mesmo morango da sobremesa que está na geladeira e beber na mesma taça.

Att,

Gizelly Bicalho (Presidente da Worldwide Scientists Corporation).

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–Isso vai ser constrangedor – disse Bianca.

–Não tenho nem dúvida.

–Além de idiota.

–Claro – concordou Rafaella, se sentando no sofá. – Principalmente por ter que fazer isso com você.

Bianca se sentou ao lado dela, que fez um pequeno gesto e abriu a tigela em cima da mesa. E o jantar era...

–Espaguete! – exclamou Bianca, sorrindo como uma criança, enfim reconhecendo o cheiro.

–É – assentiu Rafaella. – Eles marcaram essa página do livro de receitas.

–Sério?

–Aham. Estava escrito "Bianca gosta". Eu estava pensando em fazer camarão, mas...

–Não diga mais nada.

–Vamos acabar com isso logo? – perguntou a mineira.

–Quando você quiser.

Bianca serviu Rafaella, apreciando o cheiro.

Os pratos já servidos, as duas se olharam.

–Humm... – começou Bianca. – Você me serve a comida e eu te sirvo o vinho da minha taça.

–Por que você escolhe?

–Porque eu quero.

–Tomara que esteja bem quente e queime a sua língua.

–Claro que não. Você vai esfriar minha comida romântica e apaixonadamente. – disse a carioca.

–Como é?

–Rafaella, é um jantar romântico. Pessoas apaixonadas não querem exatamente queimar a língua uma da outra.

–Não estamos apaixonadas.

–Longe disso – disse Bianca, parecendo enjoada com a ideia. – Mas encare isso como se fosse um teatro. Então, por favor, esfrie a minha comida um pouquinho, para não queimar a minha preciosa língua.

–E inútil – sugeriu Rafaella, embora mexesse a comida no prato para esfriá-la.

–Como se você nunca quisesse ter me beijado.

–Acho que deixei isso bem claro ontem à noite.

–Puro teatro.

–Você acha?

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