O Experimento

16.

Arrumar as malas juntas

–Isso significa que eu vou ver suas roupas íntimas? – perguntou Bianca se jogando na cama.

–Só na sua ment...

–Na minha mente doentia, certo. – cortou Bianca.

–E por que você iria querer ver minhas roupas íntimas? – perguntou Rafaella, abrindo seu lado do armário.

–Você não entende.

–E tem algo que eu não entenda?

–Claro. Por exemplo, como é estranhamente excitante ver roupas íntimas bonitas. – terminou, puxando distraidamente a ponta de um travesseiro.

–Pelo amor, você é nojenta! – exclamou Rafaella, ainda de costas para Bianca, pegando alguns cabides.

–Não, toda pessoa normal acha isso.

–Seus argumentos são péssimos – comentou Rafaella, colocando algumas roupas na cama, se virando a tempo de não ver Bianca mexer em cada peça de roupa próxima de si.

–Olhe pelo lado bom, eles poderiam pedir para uma arrumar a mala da outra.

–Seria horrível. – admitiu Rafaella.

–Eu não acho. Eu só levaria seus vestidos curtos.

–Se você fizesse isso, eu só levaria suas calcinhas.

–Seria constrangedor andar de calcinha pela cidade – observou Bianca.

–Por que você está mexendo nas minhas roupas? – surpreendeu-se Rafaella, se virando.

–Curiosidade.

–Posso te fazer uma pergunta?

- Claro.

- Por que você não... Espero que não pareça rude, mas por que você não gosta de garotos? Eu nunca entendi muito bem essa coisa de... Você sabe...

–Não achei que você se interessasse pela minha vida.

–Não me interesso.

–Seria uma perda para todas as mulheres do mundo se eu jogasse no outro time.

–Você acha mesmo que todas as mulheres se interessariam por você?

–Você acha que não?

–Só não acho como sou a prova viva disso.

–Rafaella, você é um caso perdido. Vamos arrumar a sua mala e depois a minha.

–Como assim? Cada um arruma a sua.

–Não. A minha interpretação de arrumar as malas "juntas" é essa. Uma dá palpites na arrumação da outra.

–A minha interpretação é que cada uma arruma a sua e pronto. É bem melhor.

–Exatamente. E desde quando eles escolhem o que é melhor para nós?

–Humm... ok. Não tenho como contra-argumentar isso.

–Excelente – Bianca se recostou na cabeceira da cama, suas costas apoiadas nos travesseiros.

–Vamos ficar lá até amanhã... Humm... três camisetas... – murmurou Rafaella, contando alguns cabides.

–Para que tudo isso?

–Se algo der errado eu tenho outra.

–O que pode acontecer?