9.

857 104 68
                                    

Rafaella havia se deitado no sofá esperando os trailers passarem. A televisão era grande e se elas fechassem a porta que ia para a copa e cerrassem a cortina, ficaria assustador. – o ambiente perfeito para um filme de terror.

Só que a mineira odiava assistir filmes de terror. Principalmente esses em que pessoas vomitavam, suas cabeças rodavam trezentos e sessenta graus e eles ficavam deformados fisicamente.

–Já começou? – perguntou Bianca descendo as escadas.

–Não, trailers.

A carioca fechou a porta e cerrou as cortinas, perfeito.

–Por que você fez isso? – perguntou Rafaella.

–Porque é um filme de terror.

–E?

–E filme de terror se assiste no escuro. – respondeu como se fosse óbvio.

O menu apareceu, não consolava Rafaella o fato do plano de fundo ser uma garota possuída.

Ela apertou o “Iniciar Filme” e se preparou para a tortura.

–Rafaella? – chamou Bianca. – Você sabe que temos que ficar abraçadas.

Argh. Ela havia se esquecido da outra tortura.

Bianca colocou mais almofadas sobre o braço do sofá em que Rafaella estava deitada e se deitou atrás dela. Colocou-a um palmo mais baixa, para poder assistir o filme sem interferência.

Passou uma mão por sua cintura, sentindo-a se contrair a esse toque.

O filme até que era bom, engraçado, na opinião de Bianca. A garota gritava obscenidades, blasfemava contra a Igreja e tentava matar todo mundo. Realmente, muito engraçado.

Rafaella não gostava nem um pouco. Em uma cena, por exemplo, a garota descia as escadas em uma série de acrobacias, parava ao pé da escada, sua cabeça girava 180º graus e, nessa posição, com as mãos e os pés virados para fora como um curupira, vomitava uma gosma verde. Suuuper simpática.

Em suma, não era bem o filme preferido de Rafaella. Ela se perguntou para quê os cientistas iriam querer fazê-las ver isso. Se fosse para ficarem abraçadas, poderia ser qualquer filme. Para elas apagarem as luzes e – ela estremeceu – ficarem no escurinho? Não, ou eles teriam pedido nas observações para elas apagarem as luzes. Então, por quê?

–Bianca? – sussurrou olhando para cima.

–Hum? – respondeu sem desgrudar os olhos da televisão.

Rafaella manifestou suas dúvidas acima mencionadas – Por que cargas d’água elas tinham que assistir um filme de terror?

Bianca pensou por alguns segundos.

–Talvez eles pensem que, à noite, você vai ficar com medo e pedir que eu te abrace e deixe você dormir no meu colo.

–Nunca sei quando você está falando sério ou brincando. – resmungou Rafaella.

–Não estou falando sério, nem um pouquinho. – respondeu Bianca, sorrindo. – Estou apenas tentando entender.

A mineira tentou se manter reta por si só, mas exigia esforço demais, então ela simplesmente caiu para trás e deixou que Bianca lhe apoiasse. O que a carioca fez com muito cuidado, Rafaella tinha que admitir. – apoiando o braço em sua cintura sem a apertar, evitando aquele encontro clichê de pés e respirando suavemente no topo de sua cabeça.

É... fora realmente bom, mas o maior elogio que ela podia fazer a qualquer coisa que envolvia Bianca era “suportável”, então ela nunca diria isso. Ou pensaria, já que ela estava começando a se impor uma censura de pensamentos.

O ExperimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora