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8/10

O lençol branco que envolvia a cama no centro do quarto estava recoberto de incontáveis pétalas de rosas. Era uma suave festa de tamanho e suavidade acariciando os olhos que quase cerravam de ansiedade naquele quase escuro. 

- Bianca eu... - A carioca sabia o que viria em seguida. Era o mesmo temor manifestado em todas as vezes que se pareciam prenunciar um toque mais intenso. Não buscou atrapalhar o pensamento de Rafa, porém, também não deu espaço as inseguranças que sabia que brigavam por espaço em seu âmago.

- Eu te amo. E é uma das coisas mais lindas que eu já senti. Não deve haver medo ou vergonha que nos detenha de realizar o que queremos, até onde queremos. Por que se você disser que tudo o que deseja agora é somente me abraçar eu te envolverei no lugar mais seguro e confortável, que é do lado do peito que esconde o amor mais rápido e mais bonito que já nasceu em alguém.

Com isso dito Bianca elevou somente seus dedos com cuidado sobre a face corada. Rafa recostou a cabeça no toque macio como de uma pena e se permitiu de olhos fechados suspirar e refletir sobre o motivos de não ir em frente com a mulher que havia escolhido deixar seu tom brincalhão do lado de fora do recinto. 

Varreu sua mente, colocou cada trava do avesso como se encontrava cada sentimento, mas não chegou a uma conclusão que pudesse impedir a entrega a Bianca pervertida e tarada (sim, duas palavras para dizer uma única coisa) que conheceu há seis dias e que parecia só pensar em sexo, exceto pelo momento em que os verdes tomaram a devida coragem de se abrir outra vez em sua direção. 

Rafaella entendeu que só havia ela naquela cabeça, que corpo era um simples detalhe quando a alma antes de tudo havia ficado nua. E ambas estavam. 

- Eu quero você para além das palavras porque confio ao teu amor o que eu tenho de mais puro e meu - A mineira disse num sussurro derrubando as últimas barreiras antes de um beijo casto tocar primeiro sua testa, num inesperado sinal de respeito, e por fim seus lábios. 

- Você não vai se arrepender. Vou passar todos os meus dias te provando que fez o certo em me escolher. 

- Mesmo que dure um dia, mesmo que não tenhamos nenhuma ajuda e isso nos afaste... Nada é em vão se é feito com amor. E eu te amo Bianca. Te amo a seis dias, quero te amar todos os dias da minha vida e quero que me ame. Essa noite, nesse clima perfeito - Pediu Rafaella conforme sentia o calor das chamas das velas entorpecendo numa mistura inédita que era aquilo junto ao toque surpreendentemente calmo de Bianca por seus cabelos, agarrando os fios entre seus dedos. 

- Você tem certeza meu amor? - Se certificou a centímetros dos lábios rosados que a responderam com um sorriso tímido, mas convicto. Aconteceria, naquele clima perfeito e seria memorável. 

Um roteiro escrito por uma cientista não poderia montar uma cena tão perfeita e comovente. Uma pesquisa sobre o amor não poderia encapsular e capitalizar o momento especial que era o experimentar de um toque cálido sobre uma pele que se arrepiava inteira quando acontecia. Anos, décadas, séculos de estudos não dariam conta de definir a fórmula que comprovava a teoria de que duas línguas nasceram para se acariciar uma sobre a outra sem cogitar a existência de mais nada que não fosse o oscilar entre o lépido e o fugaz que exerciam unidas mesmo que ainda paradas.

- Beijar você é como estar diante do céu e eu nem acho que já fiz algo que justifique poder acessar isso Rafa. 

- Se meus lábios são a porta eu não quero nada mais que entremos juntas. O céu, a lua e as estrelas preciso ver tudo - Rafa declarou fazendo o coração de Bianca espancar o seu peito com a aceleração que o tomou quando os passos quase coreografados cessaram encontrando a parte baixa da cama.

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