11.

777 101 42
                                    

Bianca chamou um táxi e seguiu para o centro de Versalhes. Na avenida principal se sentiu totalmente perdida. Não perdida no sentido geográfico, e sim mental.

A opção mais óbvia era um livro, mas havia razões para ela não escolhê-la.

Era óbvia demais. Presentes têm de surpreender, ou estaria Bianca querendo surpreendê-la? Cale a boca, subconsciente, Rafaella já deve ter lido todos os livros do universo. Bianca não queria lhe dar um presente repetido, ela não fazia a menor ideia de que tipo de livro ela lia – Julia e Sabrina? Não, não faz o tipo dela, guerra, policial, arquitetura, física? Química?

A cabeça de bIanca era um caos total.

Ela se pôs a andar a esmo pela avenida, ignorando aqui e ali olhares insinuantes. Passou por várias lojas as despachando uma por uma.

Roupas? Que presente mais sem graça. Uma jóia? Rafaella não parecia o tipo. Sapatos? Nunca prestou atenção nos sapatos dela...

Bianca chegou até a praça. Havia andado a esmo pela avenida sem escolher nada. Aborrecida, se sentou em um banco tentando pensar.

O que eu quero?, pensou Bianca, tentando clarear a mente. Surpreendê-la, respondeu. Por que... bem, não sei!, exclamou para si mesma, fazendo um gesto exasperado com a mão.

Ok, se acalma. Para surpreendê-la tem que se fazer algo que ela não espera. Gênia... Enfim... Deixa eu ver... o que Rafaella nunca esperaria... uma coruja empalhada?

Bianca se permitiu um minuto tentando imaginá-la ao receber o lindo presente, depois sacudiu a cabeça, voltando à realidade.

Melhor não. Humm... Jóias... não consigo vê-la ficando exatamente surpresa com isso. Feliz, talvez, mas nenhuma emoção a mais. Droga.

Foi quando passou uma garotinha de mãos dadas com os pais. *Epifania*

Não, não a garotinha.

O que ela abraçava.

X—-X

Perfeito, Bianca!, exclamou ela para si mesma, se congratulando por ser tão... perfeita. Ela estava no banco de trás do táxi, os presentes (Iup, mais de um. Garota de sorte.) arrumadinhos ao seu lado.

Bianca passou os últimos trinta minutos rodando a avenida e outras ruas paralelas, em busca de três coisas, três coisas que Rafaella nunca esperaria.

Ha, eu sou demais.

x—-x

Pagando alguns euros pela corrida e alguns trocados a mais (o dinheiro não era dela mesmo), Bianca saiu do táxi em direção a casa.

Entrou, não se surpreendendo ao encontrá-la vazia no primeiro andar, pois podia ouvir o barulho do chuveiro lá em cima.

Se sentou no sofá, colocando os presentes sobre a mesinha e os admirando.

Talvez, pensou Bianca, eu deva trocar de roupa.

Ela subiu rapidamente as escadas, parando em frente ao armário com suas roupas, "vamos ver o que trouxeram pra mim" disse ela enquanto remexia as roupas procurando algo para vestir.

- Ah há! – Bianca gritou quando encontrou um vestido justo e vermelho, colocou-o o mais rápido que conseguiu, calçando uma sandália da mesma cor em seguida.

O cheiro da cozinha estava bom, admitiu Bianca descendo as escadas, indefinível, mas bom. Logo, esse cheiro culinário se mesclou com outro – um perfume suave e acalentador. Ela soube que Rafaella estava descendo as escadas e se levantou para esperá-la.

–Já voltou? – perguntou Rafaella surpresa.

Uau. Se Bianca tivesse um pouquinho menos de presença de espírito, teria se boquiaberto. Rafaella vestia um vestido vermelho assim como o dela, o tecido cintilava, e era um pouco justo até o quadril, ela havia feito a maquiagem também, os lábios pintados de vermelho destacavam seus intensos olhos verdes.

–Não. – disse Bianca, tentando recobrar o controle. – Estou lá ainda.

Rafaella rolou os olhos.

–O jantar já está pronto.

–Não quer os presentes primeiro?

–Humm... O que você trouxe?

–Tem que abrir. Agora ou depois?

–Agora. – respondeu Rafaella, sem se conter.

–Um número de um a três.

–Como?

–Me diga um número de um a três.

–Dois, eu acho.

- Vejamos... – Bianca fez um gesto teatral, apanhando um buquê de flores.

–Obrigada. – respondeu Rafaella, ainda olhando as rosas vermelhas.

–Um ou três?

–Como?

–Qual vai ser o próximo?

–Tem mais?

–Não, eu fiquei quase uma hora na rua para comprar um buquê de flores.

–Idiota. Um.

– Hum... – murmurou Bianca, lhe estendendo uma caixa mais fina que comprida.

Rafaella pôs as flores sobre a poltrona e abriu a caixa – Bombons em formato de coração.

–Own! – fez ela, incapaz de se conter.

–Assim você parece uma adolescente. – ponderou Bianca.

–Ai, fica quieta, vai.

A carioca riu.

–E agora, por último e melhor... O presente número três!

E lhe entregou uma caixa perfeitamente quadrada, com um antiquado laço vermelho em cima.

Rafaella desfez o laço habilmente, tirou a tampa e uma expressão de surpresa, carinho, emoção e felicidade tomou seu rosto, fazendo-a sorrir.

Ela tirou o ursinho de pelúcia da caixa.

Era branco, não tinha mais que vinte e cinco centímetros de altura, sorria fofamente para ela e parecia bem macio. Usava um cachecol vermelho.

–Que fofo!

–Repito o que eu disse sobre a adolescente.

–Cale a boca. Ele é tão meigo!

–Dá vontade de abraçar. – confessou Bianca.

–Obrigada. – agradeceu Rafaella. Bianca lhe fez uma reverência.

Missão cumprida. Bianca, você é a foda!

Rafaella pegou as flores e fez um bonito arranjo em um vaso sobre a mesa.

Epa.

🗼

Bianca é uma boiolaa e vai conquistar o coração da Rafaella assim. 

O ExperimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora