32.

725 90 37
                                    

Rafaella rolou os olhos. 

–Me dê isso. – e Rafaella pegou a folhinha. - 7º ­ Fazer um coração na areia da praia de novo. 

–Gizelly está ficando sem criatividade, não acha? – comentou Bianca. 

–Melhor assim – opinou Rafaella. 

A carioca riu, se levantando. 

–Vamos logo. 

A mineira a seguiu, ela percebeu que os cabelos de Bianca pareciam perfeitamente macios, se lembrou da sensação de enroscar os dedos ali e estremeceu. Lá fora, o Sol brilhava intensamente. 

–Que horas são? – perguntou Rafaella. 

–Não sei. Talvez três ou quatro. 

–Hum. O tempo está passando rápido hoje. 

Bianca sorriu, semicerrando os olhos contra o Sol. 

–Isso é uma forma indireta de mostrar que gosta da minha companhia?

–Ei. Você disse isso para mim outro dia. 

–E eu gosto da sua companhia – explicou Bianca com simplicidade. 

Rafaella deu de ombros, desconfortável. 

–E eu consigo sobreviver à sua. 

Bianca riu. 

–Você é péssima em inventar desculpas. 

–Não sou não – defendeu-­se Rafaella, sem pensar. 

–Ah, é? – perguntou Bianca, rindo. 

–Argh, poupe-me de você. Será que o coração que fizemos anteontem vai estar aqui ainda? 

–Provavelmente não. Deve ter ventado, chovido... não sei. Podem ter pisado em cima dele. 

–Ai, que horror. 

Bianca riu. 

–Vem. Vamos fazer um aqui ou melhor, você vai!

Bianca pegou um pauzinho e estendeu para Rafaella que rolou os olhos. 

–Você ainda não aprendeu a fazer um coração? 

–Não – retrucou. – Por favor, venerada mestra, mostre-me. 

Rafaella ameaçou bater em Bianca com o pauzinho; Bianca riu. Num gesto lento e preciso, calculado, Rafaella desenhou um coração. Perfeito. 

–Está vendo? Minhas críticas são construtivas. Esse aqui não ficou com um lado maior que o outro – comentou Bianca. 

–Cale a boca. Escreva seu nome. 

Bianca o fez, sorrindo. 

–Essa é uma coisa tão idiota para se fazer – comentou Rafaella, escrevendo o próprio nome embaixo do de Bianca. 

–Por quê? – perguntou a carioca se sentando na areia. 

–Aah... talvez porque a areia é algo muito fácil de se desfazer – disse Rafaella, se sentando à esquerda de Bianca e abraçando os próprios joelhos. 

–Então, tudo bem escrever o nome em uma árvore, porque ela é sólida e firme, o que significa confiança e segurança. – disse a carioca compreendendo o que Rafaella queria dizer. 

–Exatamente. Já a areia, qualquer ventinho desfaz. 

–E é muito mais fácil escrever o nome na areia. 

–Sim. Na árvore, é preciso escolher o lugar certo, onde a madeira se permite ser cortada. É preciso ter uma faca, ou um canivete. 

–A não ser que se tenha unhas compridas demais – sugeriu Bianca, fazendo Rafaella rir. 

–É, a não ser que se tenha unhas compridas demais – suspirou Rafaella. 

O Sol estava brilhando, não havia nenhuma nuvem no céu e soprava uma brisa marítima deliciosa. Rafaella mordeu o lábio. 

–Não parece o cenário perfeito? – a mineira se perguntou no que Bianca estava pensando. 

–Sim. O tipo de lugar que se vê nos filmes, quando os protagonistas estão se beijando. 

–Isso foi uma indireta? – perguntou Rafaella, rindo. 

Bianca riu também, passando o braço ao redor dos ombros dela. Rafaella enrijeceu. 

–Só vou te abraçar – disse Bianca, tranquilizando-­a. 

– O próximo item é caminhar, podemos ficar alguns minutos aqui. 

Rafaella suspirou. 

–Só por que o cenário está perfeito. 

–Continue dizendo isso para si mesma. 

A mineira rolou os olhos, rindo, mas repousou o rosto no ombro de Bianca, com a mão livre, Bianca pegou a mão direita de Rafaella e a passou ao redor da própria cintura. Rafaella parecia hesitante, mas Nianca logo sentiu-­a relaxar, a carioca inspirou o perfume suave do cabelo de Rafaella, fechando os olhos. Era aquela sensação perfeita, de que havia só elas no mundo, de que Rafaella ficaria ali com Bianca para sempre... de que as duas se completavam perfeitamente. Bianca quase cedeu ao impulso de dizer isso a Rafaella, mas se lembrou de que havia prometido a si mesma ir mais devagar. 

Contentou-se, então, em sorrir para si mesma e abraçá-­la mais forte. Porque, naquele momento, Bianca sentia que o tempo havia parado. 

Eram só Bianca e Rafaella. E nada poderia ser mais certo.

🗼

O ExperimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora