19.

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Bianca só percebeu que haviam chegado quando o condutor avisou através dos alto-falantes internos. Rafaella ainda dormia em seu ombro e ela se perguntou se aquela posição não era incômoda.

–Rafaella? – chamou baixinho, para não assustá-la.

A mineira se mexeu, apertando os olhos, mas sem os abrir. Bianca passou um braço ao seu redor, se aproximando ainda mais dela.

–Rafaella? – repetiu um pouco mais alto.

–Hum? – fez a mineira, piscando os olhos até acordar, inocentemente desnorteada.

Era uma cena casual e ao mesmo tempo linda.

–Chegamos. – respondeu Bianca, soltando-a e se levantando.

–Ah. E por que eu estava deitada em cima de você? – perguntou Rafaella, enquanto Bianca pegava as malas.

–Porque o trem fez uma curva e você quase caiu. Estragaria minha viagem à Paris ter que te levar para o hospital por conta de uma fratura craniana... sem falar que ia ser um saco para você.

–Certo – murmurou Rafaella. – Estou com um pouco de dor-de-cabeça, talvez da viagem.

–Se eu fosse má, diria algo como "bem-feito".

A mineira rolou os olhos.

–Próxima parada? – perguntou Bianca, quando chegaram à estação.

–Roteiro? – chamou Rafaella, pegando a folhinha de seu bolso.

–Eu tinha esperanças de que você tivesse esquecido – confessou Bianca.

–Eu não correria esse risco.

"7º Passear pela cidade de mãos dadas, como um lindo casal que se preze tem que fazer"

–Melhor chamarmos um táxi e deixarmos as malas no hotel. – decidiu Bianca.

Ficaram em silêncio por alguns minutos.

–São doze euros. – disse o taxista, parando à porta do grandioso hotel.

–Certo. Estamos perto do centro da cidade? – perguntou Bianca, pagando-o.

–É só virar na próxima rua à esquerda. Precisa de ajuda com as malas?

–Não, obrigada. – agradeceu a carioca já abrindo a porta.

Rafaella fechou a porta no mesmo instante em que Bianca fechou o porta-malas e o táxi arrancou.

O porteiro veio recebê-las.

–Com licença madame, posso ajudá-la? – perguntou com um grave sotaque, já pegando as malas.

–Por favor. – respondeu Bianca. – Ainda vamos confirmar a reserva.

–Claro madame. Remy? – chamou um lacaio, que o atendeu prontamente. Ordenou algumas coisas em um francês rápido e se afastou, deixando as malas com o lacaio.

–Esperarei aqui com as malas, madame. – disse Remy, fazendo para Bianca um gesto até a recepção.

–Obrigada. – agradeceu ela, indo conferir a reserva, Rafaella preferiu esperar.

x---x

–Oui, madame Gizelly foi muito seletiva. – disse a recepcionista de sotaque afetado, folheando rapidamente um grosso caderno de anotações. – Quarto 27.

–Madame Gizelly é minha... madrinha de casamento e foi ela quem organizou essa viagem. Poderia me dizer o que quis dizer com "seletiva"? – perguntou Bianca, temerosa.

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