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Bianca saiu do banho tomando o cuidado de não deixar a calcinha para trás. Arrumou displicentemente o cabelo com as mãos e desceu as escadas. Podia ouvir o barulho seco de páginas sendo reviradas, e não se surpreendeu ao ver Rafaella folheando o livro de receitas na cozinha, ainda com as roupas de praia.

–Escolheu alguma coisa? – perguntou.

–Humm... na verdade não. Eu vou tomar meu banho e você pode ir olhando enquanto isso.

–Temos mesmo que fazer o almoço juntas?

–Se você quiser ganhar 1 milhão de...

–Ok, ok, entendi. – Bianca pegou o livro enquanto Rafaella saía dali.

Páginas e páginas de nada. Muito salgado, difícil, doce demais, Eca, [pânico] frutos do mar! [/pânico], enjoativo.

–Hummm... – fez Bianca ao ler o título de uma receita. Torta de Frango. - Não pode ser tão difícil. – murmurou para si mesma, decidindo fazer o frango e, quando Rafaella chegasse, ela só precisaria fazer a massa. Aí misturava tudo e assava.

Era um trabalho em equipe, certo? Perguntou a si mesma, procurando os ingredientes na geladeira. Cada uma faz uma parte e tudo mais.

A questão era... Rafaella era bonita. É, admitiu cortando o frango. E ela tinha pernas compridas, silhueta delicada, os seios grandes e durinhos, e suas coxas eram grossas.

Droga! Pensou ela, e isso não tinha nada a ver com o fato de ela ter quase se cortado com a faca em um deslize momentâneo. A palavra não é bonita. Ela é... ok, admita, você é uma tarada da pior espécie. Você está achando a sua “acompanhante de tortura” odiável... Bianca suspirou fundo, decidida a ignorar a sua mente. Ela nunca, nunca terminaria aquela frase mental com a palavra que começa com “g” e termina com “a”. Nunca!

Grelhou o frango, ainda tentando bloquear o curso dos próprios pensamentos. Sem o menor sucesso.

Rafaella ficava bonita quando brava, Bianca só queria entender porque ela era tão esquiva. Tudo bem, elas se odiavam, mas não é preciso se amar para passar quinze minutinhos abraçadas na água, certo? Talvez Rafaella pense que sim, refletiu procurando sal no armário.

– O que pensa que está fazendo? – perguntou Rafaella aparecendo de repente na cozinha, os cabelos molhados caindo sobre os ombros.

–Bom, nesse exato momento eu estou terminando o frango.

Para quê um frango? – perguntou Rafaella, batendo o pé, como se estivesse em um interrogatório, começando a se irritar.

–Para enfeitar nossa lareira.

A mineira ficou vermelha, Bianca era a única pessoa que a tirava do sério daquele jeito.

–Bianca, sua grande idiota, nós tínhamos que fazer o almoço JUNTAS! – gritou Rafaella.

–Eu sei.

–Bianca... – começou, querendo mais do que tudo prensar aquele rosto na frigideira quente.

–Rafaella, eu e você estamos fazendo o almoço juntas. – disse Bianca se aproximando (Rafaella percebeu que ela fazia isso mais do que o necessario) e colocando as mãos em seus ombros. – Eu faço o frango, você a massa, juntamos tudo e assamos... chama-se Torta de Frango. Devo soletrar?

Rafaella piscou, deveria ficar brava com a última frase, mas aqueles olhos a olhando de forma tão penetrante a acalmaram completamente.

–Tá. Tudo bem. – Rafaella se afastou e foi ler no livro as instruções abaixo de “Massa”.

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