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Desceram as escadas enquanto o céu, de forma poética, já mudava de alaranjado para azul.

–Não vai segurar minha mão? – perguntou Bianca quando voltaram a andar tranquilamente a caminho do hotel.

Rafaella rolou os olhos.

–Depende. O que você me dá em troca?

–Eu não estou pedindo, estou fazendo uma observação magoada.

–Você pode ficar magoada duzentas vezes por dia.

Bianca pensou por alguns minutos.

–Devo supor que você não vai me consolar?

Rafaella rolou os olhos uma segunda vez.

–Por incrível que possa parecer, você não é o assunto mais interessante do mundo.

a carioca arqueou as sobrancelhas.

–Qual vai ser nossa próxima tragédia, mesmo? – Perguntou Rafaella.

Bianca sorriu.

–Roteiro – e pegou o papelzinho. A carioca franziu o cenho ao lê-lo.

–O quê? O que foi? – perguntou Rafaella, se aproximando dela para ler.

"9º Voltar ao hotel e ter um jantar romântico na sacada do quarto"

–Argh – fez Rafaella, pondo em uma palavra tudo o que Bianca estava pensando. – Outra porcaria dessa? Eu havia me esquecido.

–Eu também – a carioca respondeu, guardando o papel dentro do bolso.

As luzes da cidade começaram a se acender.

–Quando será que iremos embora amanhã? – perguntou Rafaella, desviando de uma garota com uma bicicleta.

–Isso é pressa?

–Não – respondeu Rafaella. Pensou por alguns minutos. – Pressa para esse roteiro acabar logo, claro, mas eu estava falando daqui.

–Gosta de Paris, então?

–Essa cidade é linda – respondeu olhando em volta. Grandes casarões altos e imponentes, sacadas, ferro torcido formando arabescos e grandes janelas.

–O que mais gostaria de fazer aqui, então?

- Gostaria de ver o rio Sena.

–Sério? – perguntou Bianca surpresa. – Poderíamos ter ido lá hoje, se você houvesse falado.

–Não, gostaria de vê-lo pela manhã, mais vazio. De tardezinha fica cheio de gente.

–Ah. Vamos amanhã pela manhã, então. – disse Bianca com firmeza –. Duvido que viajemos de madrugada mesmo.

–Certo.

Passaram em frente a uma padaria, e o cheiro das mui famosas baguetes francesas as distraiu por alguns minutos, enquanto elas continuavam andando.

–É o hotel? – perguntou Bianca ao se aproximarem do imponente prédio.

–Onde está seu senso de direção? Peça uma informação. – e Rafaella fez um gesto para um homem que ia passando.

–Acabei de pedir, para você.

A mineira deu de ombros.

–Sim, é o hotel.

–Só sabe porque deve ter lido em algum lugar.

–Neon rosa não é exatamente discreto, sabe.

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