34.

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Bianca a conhecia o suficiente para saber que Rafaella estava pensando muito, os olhos fixos no nada, o nariz franzido e o lábio inferior entre os dentes. Elas subiram a escada, mas Rafaella se viu sozinha no corredor quando Bianca entrou no quarto da piscina. 

Seguiu em frente e entrou no quarto, que agora lhe parecia tão diferente, ao se jogar na cama, Rafaella fechou os olhos. Não queria pensar sobre estar molhando a cama, sobre os milhões de problemas que tinha, queria esquecer todo o resto do mundo e se focar em Bianca. 

"Eu sou a pior pessoa da face da terra. Eu merecia morrer. Bianca disse que me amava e eu não respondi". As lágrimas escorriam abundantemente e ela estava fraca demais para enxugá-­las. "Mas eu a amo! Mais do que tudo, aqui, chorando por ela, tenho certeza disso! Essas lágrimas não doeriam tanto se eu estivesse enganada. Eu a amo. Bianca me ama... ou amava? Depois do que fiz... Como pude deixar isso passar? Ela vai me odiar para sempre. Eu vou me odiar para sempre. Gizelly, você é cruel! Você simplesmente não entende!... Como eu posso ficar com Bianca? Como eu posso fazê-­la feliz tendo aquela família? É tudo culpa sua, Gizelly. Você não tinha esse direito..."

Rafaella se sentou na cama, tentando clarear os pensamentos, enxugando os olhos com as costas das mãos. "Mas não posso deixá-­la sem uma resposta, Bianca não merece sofrer por isso, esse amor já nasceu errado, insistir nele seria completamente... irracional. Nem sei mais o que é o certo e o que é o errado, o certo não deveria fazer as pessoas felizes? Se eu ficar longe de Biqnca, nunca mais sorrirei novamente... Mas...". Rafaella se jogou na cama, as lágrimas escorrendo novamente. 

X­­ -X 

A água estava morna e com sais de banho, o quarto estava fechado e a temperatura regulada, Bianca deveria recostar a cabeça no mármore e relaxar. Mas isso era impossível. "Droga! Eu não deveria ter dito nada, provavelmente me esqueci com quem eu estava falando, Rafaella vai analisar de cabo a rabo toda a minha existência... Vai refletir longamente sobre tudo o que dissemos uma para a outra... Droga. Por que ela tem que ser tão racional? Tão certa?" Bianca se sentou na escadinha, afundando o rosto nas mãos, "não pode ser tão errado, Rafaella, não há nada que nos impeça. Por que você não assume? Você... você gosta de mim. Dá para sentir isso, então qual é o problema? Você me ama. Eu te amo. Droga!" Bianca sentiu os olhos marejarem pela primeira vez em muito tempo. De raiva, tristeza, mágoa e incompreensão. "Eu nunca mais vou conseguir ficar bem sozinha, Rafaella. Não seja egoísta. Se você consegue viver sem mim agora, ótimo – eu não. Eu aprendi a gostar do seu sorriso, do seu senso de humor e do seu ego. Bom, desse último nem tanto. Bianca riu sozinha. Vai dar tudo certo. Rafaella... Rafaella vai pensar e ver que não tem nada de errado. Perceber que tudo pode dar certo. É só.... é só esperar. Até que ela possa dizer eu te amo." 

X-­­­X

Rafaella se levantou, seu cérebro estava começando a voltar a funcionar e ela decidiu ir tomar banho. 

Escolheu um vestido branco, na altura dos joelhos, abriu a porta do banheiro no minuto em que ouviu Bianca subindo as escadas. Entrou no banheiro em tempo recorde, batendo a porta. Não estaria pronta para encará-­la agora. 

x­­­-x 

Bianca tirou o roupão branco e ainda nua, começou a procurar uma roupa no armário. Nos poucos dias em que ficaou ali, conseguiu bagunçar o seu lado do armário de uma forma inimaginável. Em um impulso, abriu as portas do lado de Rafaella. Roupas perfeitamente alinhadas e dobradas. Uma organização impecável, indo dos tons mais claros aos mais escuros. As duas eram perfeitamente opostas,  Rafaella era calma, racional, estrategista, planejadora, paciente, organizada. Já Bianca era impulsiva, inconsequente, geniosa, tempestuosa, bagunceira, irascível. E as duas se encaixavam perfeitamente. Bianca tirava a ruga de preocupação da testa de Rafaella e Rafaella a acalmava. Bianca se vestiu, ainda pensando nisso.

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Bom dia gente!  Tô poupando porque ta quase chegando na reta final.  😢😢

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