Minha luz no fim do mundo

Capítulo 15: Pequena morte

Eu nunca me senti assim antes, meu coração sabia que eu não podia.  E, então, você me acolheu e tudo em mim começou a  parecer como se eu pertencesse...à um lar. E então eu aprendi a verdade, de como tudo de bom na vida parece me trazer de volta a você. E toda vez que eu corro para os seus braços, sinto como se eu existisse apenas para o amor.

Exist for Love - AURORA

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Acordei pensando na noite anterior sem conseguir conter minha animação, chegava a ser ridículo. 

Quando voltei para meu quarto, andando o mais silenciosamente possível para não acordar ninguém, quase que não consegui dormir de tanta excitação. Eu me sentia como nunca me senti antes, e tinha sido apenas um beijo! Tudo bem, algumas coisas além de um beijo, mas mesmo assim parecia que eu nunca tinha feito aquilo e, ao mesmo tempo, como se tivesse nascido para fazer aquilo com ele.

Agora, acordada e sentindo a luz da manhã iluminar meu quarto, olhava para o teto sorrindo e tentando entender o que era aquilo tudo que eu estava sentindo. Adorava Edward, tínhamos uma conexão física incrível, e o amava como amigo, mas não chegava perto disso. Nunca tinha chegado perto disso.

Tinha algum nome para esse sentimento ? Eu precisava nomear alguma coisa ? Ou apenas sentir ?

Quando cheguei em Hilltop ao que já pareciam meses atrás, eu lembro de como me sentia: culpada pela morte de Ed, e achando que tinha algo errado comigo pois nunca senti essa paixão que parece ocupar cada espaço do corpo e da mente. E apesar disso, de não sentir, me permiti ficar com ele,  achando que isso na verdade nem existia, principalmente quando o que parecia de mais importante nesse mundo era unicamente a sobrevivência.

E aqui estou eu com a prova que existe sim.

Me levanto ainda perdida em pensamentos e vou fazer a higiene matinal no banheiro em frente ao meu quarto. Agora o nervosismo de como agir começava a ocupar minha mente. E se Daryl não tivesse achando tão surpreendente assim ? E se, na verdade, foi como qualquer pessoa que ele já tivesse beijado ? Eu sei que ele é um cara fechado mas não deveria ter passado 10 anos sem se relacionar com ninguém, não é ? E no mundo de antes ele também deveria ter tido varias experiências. Com aquele rosto, aquela voz e aquele corpo as mulheres, e homens, deveriam fazer até fila, certo?

E eu ? Quando a merda explodiu eu tinha 18 anos e nunca tinha beijado ninguém, sendo tímida como era na minha adolescência. Qualquer tipo de relacionamento que tive aconteceu nesse mundo caótico, e foram apenas dois. Daryl era mais velho que eu, não sei exatamente quantos anos, percebo chocada, mas deve ter mais experiências.

Então, e se eu fosse realmente algo...comum na vida dele ? Sendo que ele parecia tão único na minha.

Sacudo a cabeça para parar com esses pensamentos enquanto volto para o quarto e visto uma blusa branca emprestada de Michonne, o suéter de ontem, e de sempre, e minha calça preta. Coloco meu colar lua-e-sol em cima do suéter e o aperto, como sempre lembrando do meu pai e de minha mãe com amor e saudade.

Precisava parar com aqueles pensamentos e deixar as coisas simplesmente acontecerem. Não sou uma menina covarde e sim uma mulher corajosa e dona de mim, certo? Vou apenas me permitir e parar de achar que vivo dentro de um livro de romance, pois claramente existem coisas mais importantes lá fora para ocupar minha mente.

Mentira, eu ia surtar assim que visse o Daryl. 

Respirando fundo, saio novamente do meu quarto e desço as escadas, antes notando que o quarto de Judith, RJ e Michonne já estavam abertos e vazios. Ao chegar no térreo, escuto barulhos vindo em direção a cozinha e caminho silenciosamente para lá. Nela estavam as crianças sentadas na bancada comendo alguma coisa e Daryl em pé os olhando. Meu coração dispara mas eles ainda não me viram.