Capítulo 17: As pessoas...mudam?

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Acordo com Daryl se mexendo ao meu lado, seu corpo saindo de perto do meu, provavelmente levantando da cama. Não quero abrir os olhos, não queria que ele se fosse, não queria acordar. Me sinto exausta.

Edward morreu. Não que eu não soubesse que ele estava morto, eu sabia, eu vi, mas não esperava vê-lo daquela forma, como um andarilho. E agora sabia que Claire e seus filhos também estavam mortos. Mais pessoas para uma lista interminável de pessoas que perdi. Pelo menos agora sabia que Azrael estava morto, pensei. Na hora que o matei, queria estraçalhar seu rosto por tudo que ele fez contra tantas pessoas, tantas mulheres. Me senti melhor na hora, mas agora nem importava mais.

Me sentia estranha, mais uma vez os sentimentos de culpa inundando minha mente, e apesar de saber que ia ficar bem, estava exausta de mortes e luto. A morte é algo que você aprende a lidar nesse mundo, porque a morte é tudo que há, mas isso não significa que não doía.

Não. Ela era tudo que havia.

Depois de conhecer Daryl, e as pessoas de Hilltop, Reino e Alexandria, eu conseguia me sentir mais viva, mais esperançosa, como se a vida fosse realmente mais que mortes, sangue, carne, mais que caos e escuridão. Parecia que eu tinha sido salva, sendo que eu nem sabia que precisava tanto daquilo.

Queria me apegar com todas as minhas forças a essa sensação boa que tinha desde que conheci Daryl Dixon, mas sei que nem ele pode me salvar de tudo.

Respiro fundo, e pego no meu colar para tentar sentir alguma força quase que divina. Eu precisava seguir em frente, como sempre, mas principalmente agora. Teria um filho para criar sozinha nesse mundo, e as vezes ainda não consigo acreditar nisso.

Abro os olhos e sento na cama, vendo Daryl calcando sua bota sentado no sofá. Eu o achava tão lindo, de um jeito quase brusco, mas ao mesmo tempo delicado. Fazia sentido ? Apenas sei que ele é lindo, e estou sentindo algo por ele da forma como nunca senti por ninguém.

- Não queria te acordar. - disse ele terminando de calçar a bota e vindo em minha direção. - Como está ? - disse me olhando em pé ao lado da cama e estendo a mão para tirar meu cabelo, provavelmente muito bagunçado, do rosto.

- Vou ficar bem. - falo sincera e deito sob a palma da sua mão, e ele fez um carinho leve na minha bochecha. De repente, percebo algo:

- Michonne e Carol sabem que estou dormindo com você esses dias ?

Ele solta um resmungo, e começa a ir andando para a porta.

- Não sei. Ontem foi muito conturbado, acho que não perceberam. Hoje, vamos ver.

- Você ainda quer que fique apenas entre nós ?

- Eu prefiro. - disse ele baixinho, desviando o olhar e batendo o dedo na maçaneta da porta, num tique nervoso.

- Tudo bem, Daryl. - digo sincera, com um pequeno sorriso sem forças.

Pensando que ele já ia sair em silêncio, começo a levantar da cama, e me assusto com sua voz rouca:

- Você vai mesmo falar com Negan hoje?

- Eu meio que preciso falar com ele logo. - digo quase que me desculpando porque sei que Dixon não quer que eu fale com ele, mas não tinha escolha: eu precisava. Ele era sangue do meu sangue, talvez o ultimo que restasse fora o bebê que estava por vir.

Ele prende os lábios e apenas assente, claramente não achando uma boa ideia, mas respeitando minha escolha.

Logo estou sozinha, calço meus sapatos e saio do quarto. Ninguém me vê saindo da garagem de Daryl, e escuto apenas a voz de Michonne com RJ e Daryl na cozinha, então vou rapidamente para as escadas. No segundo andar, Judith aparece saindo do seu quarto.

Minha luz no fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora