Capítulo 15

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Luma Panazzolo

O tão esperado mês havia chegado. Meu casamento com Paolo estava mais do que próximo de acontecer. Literalmente pairando no ar.

Não sei que tipo de barreiras teria que deixar entre mim e Paolo para pelo menos ambos terem paciência, ele é explosivo demais e eu era surtada quando alguém como Paolo tirasse toda minha sanidade.

Não faço ideia de quantas vezes eu já disse que martírio seria esse casamento para mim, meu Deus, eu não mereço isso nem sendo a pior pessoa desse mundo. Eu mereço coisa melhor. Quanto valeria o preço da minha liberdade e da minha felicidade? Não fazia a mínima idéia, aqui na máfia não tínhamos o livre árbitro.
Os pais que tem suas filhas mulheres na máfia, não as deixavam nem mesmo respirar em seus quartos, se é assim que eu posso descrever. Mães, elas eram loucas para casar suas filhas com homens de alto escalão de cargo importante aqui. Minha mãe sempre foi o oposto, ela era minha melhor amiga aqui dentro além da minha nonna, sempre fomos muito juntas e unidas aqui. Minha mãe tentou dar o melhor de si para mim não sofrer aqui dentro, mas não valeu a pena e não queria que ela se culpasse por isso, ambas já sabiam o que aconteceria comigo, apesar que nunca imaginei que sairia ilesa dessa maldita máfia.

- Está tudo bem?- perguntou minha mãe.

- Sim.

- Daire virá para o seu casamento. Seu avô permitiu.- algo brilhava em seus olhos quando mencionou Daire, mas ao mesmo tempo havia tensão em sua voz.

- Ela nunca mais irá se separar de nós mamma! Não a deixarei ir para tão longe novamente, assim que esse casamento for consumado darei um jeito para que Daire não se separe mais da gente. Eu te prometo.

Era difícil não ter Daire perto da gente, ela era uma relíquia para o meu avô. Eu fui prometida a Paolo, meu pai que aceitou o acordo sem muitas opções que a cúpula ofereceu a ele. As mais cruéis e nojentas.
Mas, se eu não tivesse sido prometida a Paolo e meu pai estivesse morto antes disso, meu vô teria me casado com um velho gordo, barrigudo e nojento. Só havia homens nojentos aqui. Tão desprezíveis.

Meu pai conseguia ser a pior pessoa do mundo lá fora, mas sempre tratou eu, mamma e Daire muito bem. Não sei como era levar uma surra na minha vida, pois meu pai nunca encostou a mão em nós e nem um tipo de violência cometida a minha mãe, como muitos homens aqui fazem. Eu admirava isso no meu pai, em casa ele era apenas um homem de família mas fora ele se tornava a pior pessoa do mundo, nunca negou ser um assassino. Mamma foi casada com ele por ele ser consigliere do pai de Paolo e por ter sentimentos por ambas partes. Fico imensamente feliz por saber que minha mãe teve a felicidade dela, isso era algo que me acalmava um pouco. Nunca me importei tanto comigo como com mamãe e Daire, sempre soube me defender mas elas eram tão frágeis que qualquer coisa que triscasse nelas me afetava, definitivamente daria minha vida por elas.

- Com você sendo a esposa de Paolo todos deveriam obediência a você, principalmente seu avô e Martina.- disse com desgosto.

- Não estou nada feliz com esse casamento mamma, mas sei que dentro dele posso ajudar vocês de qualquer jeito, nem que tivesse que sacrificar anos ou uma vida inteira ao lado de Paolo, eu daria a felicidade que vocês merecem. Apenas queria que houvesse um jeito de vocês ficarem fora da máfia.

- Aqui não funciona como uma listinha com nome filha, não precisa se preocupar comigo e com Daire. Eu queria que vocês fossem homens, o sofrimento seria menos.

- O que está escondendo de mim mamma?- perguntei notando uma diferença física em seu rosto.

- Daire não virá apenas para seu casamento...- disse com uma voz estrangulada.- ...seu avô tem propósitos para Daire e eu temo esses propósitos por estar sob sua tutela.

Senti um aperto em meu coração por ouvir aquilo, não deveria haver propósitos na vida de uma menina de quinze anos. Quase dezesseis.
Depois que meu pai sumiu, meu avô ficou encarregado de proteger a mim, minha mãe e Daire. Sempre que meu pai se ausentava, meu avô fingia cuidar de nós para agradar meu pai por ser seu filho homem preferido. Mas não tratava eu e minha mãe muito bem, apenas Daire.

Me senti impotente nesse momento, por uma fração de segundos eu senti uma enorme vontade de gritar e chorar internamente e exteriormente. Eu não escolhi nascer nessa vida, era uma desgraça tudo isso. Sangue, morte, torturas, poder e luxúria, eram fatores mais importantes nessa vida, como uma pessoa poderia sobreviver a isso tudo?

Angústia inundava meu peito, me sentia muito sufocada como se não houvesse mais oxigênio no mundo para respirar. Ouvir o que mamma disse destruiu minhas estruturas por completo, se esses cinco dias que faltavam para o maldito casamento não chegasse logo eu iria morrer de tanta ansiedade e desespero para ter minha mãe e Daire sob minha proteção, espero que até lá eu consiga manter a calma e arrume um jeito para que minha irmã não virasse uma negociação, assim como eu virei por causa da maldita cupola.

A Prometida do Capo (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora