Capítulo 52

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Paolo Collalto

Algumas horas se passaram e não sentia mais nada vivo dentro de mim além das batidas do meu coração e as veias pulsando. Sabia que não era o único que estava a dias virado, desesperado de preocupação com Luma, mas como a responsabilidade era minha não podia pensar em sequer tirar um cochilo ou o que fosse, meu corpo está ao máximo tentando segurar a cafeína para que eu continue acordado. Se a mente fosse fraca com certeza a essa hora já estava drogado ou a base de remédio para manter o corpo disposto e elétrico.

Ettore havia ido para um hotel próximo de onde estava eu e os demais homens, para se descansar e ficar mais perto de onde estamos.

— Estou a ponto de surtar e ter um colapso e matar todo mundo por ainda não ter salvo Luma.— digo frustrado.— Sinto que falhei como pai, como marido, filho e Capo. Falhei como tudo para as pessoas que depositam sua confiança em mim. Não sei do que Antonella é capaz de fazer se eu não voltar com a minha mulher e meu filho a salvos. Eu deixei a minha fraqueza evidente para os meus inimigos. Inimigos que são do meu pai, na verdade. Não faço ideia com qual intuito eles pegaram Luma se ela é apenas nora de Giovanni Collalto.

— Realmente não faz sentindo, mas Luma está bem.— disse Ettore.

O encaro enrrugando a testa suspirando fundo.

— Não disse isso antes, pois você poderia se precipitar e querer invadir o lugar onde Luma está. Consegui infiltrar um soldado meu lá quando houve a troca de pessoas depois de trocarmos tiros com eles, e, tudo indica que deu certo e ele não foi descoberto. Estou esperando ele me mandar o mapa completo do lugar para bolar um plano e invadir.

— Juro que eu mataria você se o momento não fosse de puro estresse, por ter feito isso e não ter me falado nada. Obrigada.

— Sua mulher é bem esperta e uma ótima atriz, ao que parece disse estar sentindo mal estar e houve um sangramento. Pelo pouco que a conheço através da sua irmã, poderia dizer que seu mal estar é um fingimento.

O celular de Ettore apita e ele mostra as coordenadas que seu soldado deu. Isso seria mais fácil do que eu imaginava.

~

Luma Panazzolo

Estava cansada e fraca esperando Paolo me salvar. São dias sem tomar as vitaminas para dar ferro a mim e ao bebê, são dias dolorosos e intermináveis sem que haja uma possibilidade de ter um fim. Sem esperanças. Sem luz! Eu já não aguentava mais, só estava apenas sobrevivendo. Ou tentando. Se antes achava que seria um inferno viver sob o mesmo teto com Paolo, agora que a nossa relação estava boa eu sentia saudade dele, das brigas idiotas que tínhamos, da nossa casa, minha cama e de tudo que era ligado a ele. Isso tudo era demais para mim e estava por um fio de desistir de tudo.

Sentada no chão encarando um lugar qualquer do quarto eu ouvia vozes, vozes das quais eu me recordo conhecer. Mas estava difícil puxar a lembrança do fundo da mente, a fraqueza e o desânimo me deixava deprimida demais.
As vozes continuam e agora mais alta e mais perto. Era Santamaria, eu tinha certeza. Me lembro da briga dele com Paolo e como ele gritava e era desse mesmo jeito. Me levanto do chão e vou andando até a porta tentando ouvir o máximo que posso.

— Don Marino não gostará de saber que está aqui colocando todo o plano dele em risco.— Agora era outro homem falando, mas em espanhol.

O italiano tinha uma pegada do espanhol então para nós era fácil entender esse idioma, embora nunca tive interesse em o aprender.

— Stai zitto, cazzo.— Santamaria o manda calar a boca e parece haver resultados.

Ouço passos apressados como se estivesse vindo até o lugar onde eu estava. Eu tinha certeza que era para vir ver a desgraça da qual eu me encontrava.

Na ponta dos pés andei rapidamente até onde estava e deitei no chão de uma forma como se estivesse desmaiada.
Ouço a porta se abrir e os passos ficarem perto e o som irritante estralando no chão. Santamaria sempre teve péssimo gosto para sapatos, até parece que vai participar de um show de talento de sapateado pelo barulho que seus sapatos fazem.
Mais outros passos se aproximam e o barulho não era tão irritantes quanto o primeiro. Sinto meu corpo ser tocado e permaneço imóvel. Em seguida sou chacoalhada e continuo do mesmo jeito para que não haja suspeitas de que estava atenta a tudo ao meu redor.
Alguém me pega nos braços e me carrega até a cama. Eles não poderiam desconfiar de nada, certamente me encontro pálida o que evidencia a minha fraqueza e tudo que está acontecendo comigo nos últimos dias.

— O que vocês andaram fazendo com ela?— questiona Santamaria.

— Nada, mas ela soube pregar peças em nós. Há dias que ela mal come.— responde o homem com a voz trêmula.

— Onde estão as vitaminas dela e dessa coisa da barriga dela tomarem?

Houve um silêncio por alguns segundos com essa pergunta de Santamaria até o mesmo voltar a falar.

— Vocês são inúteis, como vão entregar ela nesse estado, quase morrendo para o chefe de vocês? Deveria matar todos vocês agora mesmo!

Seus passos vão se afastando e ouço o barulho da porta se fechar.
Houve um intervalo de cinco minutos de silêncio até se ouvir um estrondo me causando um susto, isso fez com que o bebê se agitasse um pouco. Em seguida ouvi os passos de pessoas correndo e gritando até entrarem no quarto me puxando pelos braços. Não sabia para onde estava sendo levada agora, eles deveriam ter imaginado que isso aconteceria se tinha aqueles carros nos seguindo.

Fui levada para um lugar afastado da casa onde havia um carro e mais alguns homens prontos para me levarem. Estava escuro, se eu tentasse fugir agora eu acho que conseguiria, mas não muito longe. Apoio minhas duas mãos no ombro do homem que me segurava, ficando cara a cara. Ele sem entender nada para e tenta me segurar pela cintura, nesse momento aproveito e acerto o joelho em sua virilha mas pude sentir acertando seu pênis também. A arma cai e a pego tentando correr para algum lugar mais seguro enquanto rolava o tiroteio. Essa seria a minha última chance de tentar fugir e obter sucesso agora ou então eu morreria nas mãos desses malditos.

Corri o máximo que pude até avistar um lugar parecido com celeiro com uma luz fraca. Diminui meus passos e tentei ir agachada me escondendo nos matinhos que haviam ali. Poucos passos de distância do lugar, eu ouvia vozes. Senti meu coração pulando do peito por reconhecer essa voz. Não era Paolo, mas sim Ettore. Ele tentava saber alguma coisa com alguém, provavelmente pegou algum capanga do tal Marino e talvez esteja o torturando um pouco menos do que ele merecia.
Apressei meus passos e vi dois homens correndo para onde Ettore estava e parei no lugar esperando os mesmo entrarem.

Levantei-me sentindo uma tontura, cambaleando fui até encurtando a distância até onde eles estavam. Ettore lutava com os três. No celeiro. Em um movimento rápido o vi sacar a arma do coldre e atirar em um, rapidamente apontando a arma para o outro. No momento que vi o seu adversário pronto para apertar o gatilho e lhe acertar um tiro, meu corpo reagiu de forma impulsiva e acertou o homem rapidamente, no mesmo momento que Ettore acertou o outro. Assustado, ele aponta a arma para onde eu estava e rapidamente me anúncio a ele.

— Luma!— grito.— Estou sozinha.— solto o ar que prendia em meus pulmões pelos acontecimentos dos últimos minutos.

Ele corre para onde eu estava escondida, me olhando de forma surpresa.

— Devo admitir que tem uma ótima mira, senhora Collalto.— disse respirando fundo me fazendo dar um meio sorriso.— O acertou na pelve.

Salva? Eu realmente poderia estar salva e talvez mais tranquila agora? Se fosse um sonho eu não queria acordar.





























Perdoe a demora, mas estou escrevendo no meu tempo. Saudade de estar presente aqui interagindo com vocês 🥲.

Enfim, o aniversário é meu mas eu que presenteio vocês 😂.
Espero que tenham aproveitado a leitura e estejam pronto para a entrada da reta final do livro🥲.

Beijos, até o próximo capítulo 🥰❤️

A Prometida do Capo (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora