Capítulo 10

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Luma Panazzolo

Depois de muita insistência de Andréa, hoje iríamos para um brunch com alguns colegas. Mais dela do que meu.
Seria uma paz ficar um dia inteiro fora da villa depois de quase duas semanas presa, sem poder ter ar puro.

Estava finalizando minha bolsa quando minha mãe entra pela milésima vez, perguntando se eu iria mesmo ficar o dia fora.

- Lá é seguro, eu prometo. Creio que não haverá bebidas, e se houver fique tranquila que eu não beberei.

- Só mais uma coisa, o que é isso mesmo?

- Brunch?! É um café da manhã e um almoço, vai ser como uma festa e a...

- Se vai ser café da manhã e almoço por que vai voltar só amanhã? Hum, e se é café da manhã e almoço, coma aqui mesmo.

- Cielo! Você nem me deixou terminar de falar, mãe. Eu vou dormir lá por que vão fazer algo a noite, e não tem por que se preocupar Antonella!

- Prefiro que você venha embora, não tô com um pressentimento bom Luma.

- Todo mundo vai estar lá, e é seguro. Vai ter segurança na casa.- digo revirando o olho.- E a senhora sempre usa essa desculpa para que eu não saia de casa, mesmo sendo raro.

- Você não é todo mundo, Luma Panazzolo! E eu não uso desculpa alguma mocinha.

- Tá bom, não vou mais protestar. Já sou de maior e sei me cuidar. Afinal, já tem gente demais indo comigo assim como você quis.

- Per l'amor di Dio, Luma! Se cuida e muito juízo, pois seu avô não tem ideia de que você vai passar a noite fora sem ele saber. Não quebre uma regra, por favor, se nã...

- Eu sei, se não o doido ou o meu avô vai me punir.

Termino de falar e a vejo assentir.

- Beijo linda, a filha ama.- digo zombeteira abraçando minha mãe.

~

O brunch estava bom no começo, mas depois não vi uma emoção sequer, logo após a briga de um casal épica ter acabado. E não iria querer passar a noite aqui de maneira alguma.
Pensei que fosse ter algo melhor isso aqui, nada mais me alegrou além do tanto que eu comi e a briga que teve.

Como não havia achado Andréa pensei em enviar uma mensagem avisando que estava indo embora, mas não tinha sinal. Dando de ombros fui embora mesmo assim, depois avisaria ela.

Peguei minha bolsa e caminhei pela multidão de pessoas que tinha aqui, pude sentir o calor e o suor do corpo dessas pessoas, sem falar no cheiro horrível. No Brasil, pelo que eu me lembre quando fui viajar para lá, é chamado de CC, o mal cheiro nas axilas das pessoas. Pra que serve desodorante se não usam.

Quando finalmente pude sair de dentro da casa caminhei em direção ao carro que me esperava.
Fiz uma careta quando vi aquele tanto de pessoas que me seguiam para fazer minha segurança, não era ruim mas também não era nada bom.

_____________

Depois de quase uma hora cheguei em casa. Hoje, por um incrível milagre de Deus não teve toque de recolher de novo, o que era bom para minha pele.
Cheguei em casa e vi uma movimentação como se houvesse mais de cinco pessoas aqui. Olhei a hora no meu celular e vi que ainda tinha acabado de dar oito horas da noite, hoje o dia estava lento mais do que o normal.
E de fato havia mais do que cinco pessoas, algumas na sala e outras no deck da casa. Afinal, que merda tá acontecendo aqui?

- Aí está ela!- disse alguém que eu não soube identificar pela voz.

- Onde estava?- perguntou meu avô em um tom severo.

- Estava em um brunch!- disse firme.

Porém senti meu corpo gelar quando vi Paolo com uma expressão indecifrável, não sei se estava irritado ou se era apenas ele. Bom humor não era bem uma palavra que caísse como um elogio agora.

- Bom, chegou a tempo! Decidimos oficializar seu noivado com Paolo Collalto.- disse meu vô.

Ouvir aquilo foi um baque, como assim oficializar pelo amor de Deus?

Fiquei parada feito uma pedra encarando um nada, tentando processar tudo aquilo.

- Eu vou... Vou. Hã, vou me trocar e já desço. Com licença.

Dei meia volta correndo para o meu quarto perplexa de raiva.
Como assim decidem fazer essa merda sem que eu saiba? Mio Dio!
O que faço da minha vida?

Por um momento havia esquecido como era viver na máfia. Era como aqueles tempos loucos de casamentos arranjados, e era isso que estava acontecendo comigo.
Ouvi uma batida na porta e vejo minha mãe entrando.

- Luma, eu não sabia que iria haver essa loucura hoje.

- Tudo bem, eu já sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra.

- Hoje é só a oficialização do noivado. O noivado mesmo será amanhã, juro que soube hoje. Foi uma grande surpresa pra mim tanto quanto foi pra você. Eu iria te ligar mas não me deixaram em paz um minuto sequer.

- Acho que fiz bem vindo embora e não a culpa sobre seus ombros. Là, Dio! Que martírio.

- Vai estar tudo bem, depois de um tempo você vai se acostumar e quem sabe assim consiga sua liberdade depois. Consegui convencer seu avô a pelo menos conseguir um acordo a seu favor, não sei as cláusulas ainda, você verá isso amanhã talvez. Andiamo?

Troquei de roupa e sai junto com a minha mãe do quarto sentindo a angústia no meu peito.

A Prometida do Capo (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora