MARÇO DE 1830,
"ESPERO QUE VOLTE."
- Então, vai convidar seu irmão favorito para tomar um café da manhã reforçado ou oferecer apenas esses biscoitos dormidos? – Sam perguntou, sentado de frente para Tessa na sala de visitas.
Tessa sorriu.
- É bom ver que algumas coisas nunca mudam. – comentou ela. – Como o fato de que se torna impaciente quando está com fome.
Sam deu de ombros.
- Sei que a sua cozinha deve estar uma bagunça depois do baile de ontem, mas deve ter um ótimo café da manhã esperando pela marquesa de Dempster, não?
A menção ao baile, à noite anterior e ao título fizeram a leveza que Tessa sentira se esvair. Ela empertigou os ombros e se levantou, o sorriso sumindo.
- Tem razão, venha tomar o café da manhã comigo e podemos continuar a conversa enquanto comemos algo decente, assim me faz companhia. Precisa voltar logo para seus compromissos?
- Retomo o treinamento apenas amanhã, mas preciso voltar para a estalagem e fazer algumas tarefas esta tarde. – Sam se levantou, seguindo com a irmã para a sala de jantar. – Henry não está em casa?
Tessa se sentiu ficar mais tensa. Céus, como era cansativo fingir.
- Ele teve um compromisso esta manhã, creio que não se encontrarão. – disse ela, como se soubesse onde o marido se metera.
Eles seguiram juntos e se sentaram à mesa. Sam tinha uma expressão diferente do que sempre tivera, pela primeira vez, parecia genuinamente feliz.
- Como estão as coisas por aqui? – perguntou o irmão. – Mamãe vive reclamando porque ainda não teve netos.
A garganta de Tessa se fechou, mas ela se forçou a sorrir.
- Ainda não é a hora.
- Mamãe discorda.
Tessa deu de ombros.
- Ela me reprende por isso em todas as suas cartas, dizendo que eu já deveria ter lhe dado um neto. – falou ela, tentando impedir-se de embargar a voz. – Mas, se você estiver certo, ela será avó em breve e não se importará mais comigo.
- Eu estou certo. – Afirmou Sam, categórico. – Você deveria ver como Nate mudou depois que Elisa apareceu e como reagiu quando ela foi embora. Ele a olha com um brilho no olhar e vive sempre tentando fazer de tudo para agradá-la, até colocou-a nos aposentos da condessa da casa.
Aquilo surpreendeu Tessa. Ela sabia que a família não morava mais na mesma casa onde cresceram depois que Nate assumiu Nindberg, mas pensava que os aposentos da condessa fosse da mãe, o que não fazia sentido, já que Margot não era condessa, apenas a mãe do atual conde.
- Mamãe não ficou com esse aposento? – indagou ela.
Sam negou enquanto mordia um pedaço de pão.
- Mamãe queria casar Nate, então não assumiu os aposentos da condessa, deixou para que a futura nora o ocupasse. Quando Elisa chegou, Nate a colocou lá com a desculpa de que era mais confortável para ela e teria mais espaço para o bebê, mesmo que a ideia inicial fosse ela ficar apenas alguns dias conosco, apenas até o retorno de Piper e o marido, que estavam na capital.
Tessa franziu a testa.
- Piper, nossa prima? O que ela tem a ver?
Sam fez uma pausa.
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Amor esquecido
Historical FictionLivro 2 da série Os Hildegart. Em 1817, Tessa Hildegart foi convencida pela mãe a debutar no continente e passar sua primeira temporada lá, tentando fisgar um marido. O plano de sua mãe foi bem sucedido, Tessa e o futuro marquês de Dempster se apai...