ABRIL DE 1830,
TESSA FINALMENTE RECUPERA A MEMÓRIA.
Tessa acordou assustada e se levantou com cuidado, livrando-se do braço de Henry que estava sobre si. Ele tinha o costume de dormir sempre de barriga para baixo e com o braço por cima dela na cama. Ela se levantou e olhou para as sacolas da loja de bebês que eles visitaram quatro dias atrás, ainda no canto do quarto, então Tessa correu para o banheiro e enfiou a cabeça no urinol, vomitando tudo que tinha no estômago.
Um pesadelo horrível tinha tirado seu sono. Ela estava parada no quarto de Henry em Dempster House, vendo-o dormir com Lilian, a governanta, então ele acordara com o barulho da mala dela caindo, eles discutiram e Tessa foi embora depois de pedir que ele desse entrada na anulação do casamento. Tessa tinha sofrido o acidente logo depois daquilo.
Ela se olhou no espelho, o banheiro escuro, e viu os próprios olhos cheios de lágrimas. Sua mente estava girando e ela sentia-se tonta. Todas as suas lembranças estavam infestando a sua mente, fora de ordem e rápido demais.
Não tinha sido um sonho.
Era real.
A memória dela estava voltando.
Tessa foi obrigada a sentar-se no chão do banheiro enquanto era infestada pelas lembranças, enquanto via tudo com clareza na própria mente. Não havia mais névoa, apenas raiva, nojo, angústia e lágrimas. Um nó se formou na sua garganta e Tessa teve que se forçar para levantar, respirando fundo e expirando longamente, tentando se acalmar. Suas lembranças estavam de volta.
Tessa saiu do banheiro e parou no meio do quarto. Sua raiva cresceu ao ver Henry deitado ali na mesma posição em que dormira com Lilian. Como ela pudera deixar ele se aproximar? Como pedira que ele ficasse? Como pôde tê-lo beijado? Ela olhou para o relógio e viu que era pouco mais de três da manhã, então seu olhar recaiu sobre a caixa sobre a penteadeira e Tessa caminhou até ela, segurando na parede pois ainda não confiava em si mesma para andar sem apoio. Ela pegou a caixa nas mãos, sem saber exatamente porque fazia aquilo, e foi para a porta com passos silenciosos enquanto as lágrimas continuavam a escorrer. Henry tinha traído ela com a governanta e melhor amiga de Tessa. Tudo estava claro na mente dela, mas ela continuava cumprindo a tola promessa de ir ler o que havia na caixa depois de descobrir o canalha que ele era.
Ela foi para o escritório da casa e acendeu algumas velas, então abriu a caixa.
Sobre todos os papéis havia um bilhete:
Para a garota com quem me casei.
Não sei quando ela se perdeu, mas desconfio ter sido juntamente com a perda do rapaz por quem minha esposa é apaixonada.
Tessa engoliu o nó na garganta e pegou a primeira carta. Ela colocou todas em ordem antes de ler e se preparou para o que encontraria ali.
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Amor esquecido
Historical FictionLivro 2 da série Os Hildegart. Em 1817, Tessa Hildegart foi convencida pela mãe a debutar no continente e passar sua primeira temporada lá, tentando fisgar um marido. O plano de sua mãe foi bem sucedido, Tessa e o futuro marquês de Dempster se apai...