MARÇO DE 1830,
"TESSA MAY."
Aportar em Gruffin depois de tanto tempo longe foi como voltar a ter dezoito anos, ser apenas Tessa May de novo e estar em casa. Até mesmo respirar se tornou mais fácil quando ela saiu do navio e parou no pátio do porto de Glover, mas talvez isso tenha a ver com o fato de que o estômago de Tessa sempre embrulhava quando estava no mar e ela passava dias se sentindo mal pelo balanço da água, os últimos quatro dias foram um inferno para ela naquele navio.
Tessa olhou ao redor, procurando por algum daqueles cargueiros que sempre estavam por ali para ajudar as damas desacompanhadas a carregarem as malas, então ela viu quando um homem se aproximou dela com um molecote ao lado, talvez fossem pai e filho.
- Precisa de ajuda com a bagagem, milady? – perguntou o homem, com uma mesura educada.
Tessa sorriu, aliviada por não ter que carregar seu baú sozinha.
- Na verdade, eu preciso, sim. – disse ela. – E de uma carruagem também.
O homem apontou para o menino ao seu lado.
- Jacob irá arranjar uma carruagem de aluguel para a senhora e eu vou pegar sua bagagem, preciso apenas do seu bilhete.
Ela entregou seu bilhete para o homem e observou enquanto ele corria para o monte de bagagens que os marinheiros tiravam do navio, o menino correu para o outro lado para arranjar uma carruagem de aluguel para Tessa.
Não demorou muito para que o menino voltasse com uma carruagem e o homem carregasse o único baú que Tessa trouxera. Com algumas moedas de prata e um sorriso ansioso, Tessa se despediu dos dois e agradeceu pela ajuda, então embarcou na carruagem e deu o endereço que Margot sempre colocava nas cartas que enviava, a casa do conde de Nindberg. Ainda era estranho para Tessa pensar que Nate, o mais velho de seus irmãos, tinha se tornado um conde no último ano, recebendo o título depois da morte do antigo conde sem herdeiros.
Glover continuava igual Tessa sempre se lembrava, com os campos verdes e as poucas casas perdidas longe umas das outras nas propriedades rurais. Rever as vinhas da Vinícola Hildegart foi como voltar à infância, Tessa se via correndo entre elas com Nate e Charlote, o pai rindo e correndo atrás deles e a mãe dando broncas porque damas não corriam entre vinhas.
Quando a carruagem entrou pelo caminho que levava à porta da frente da propriedade do conde de Nindberg, Tessa se sentiu tensa por um momento. Será que a mãe, agora que a família tinha um título, teria se tornado uma mulher cheia de formalidades e pompa como a sogra de Tessa? Será que Nate permitiria isso?
A carruagem parou na frente da casa e o cocheiro desceu para abrir a porta para Tessa enquanto ela admirava a casa e via Sarah em uma janela sobre a porta, espiando para ver quem chegara. Ela desceu com a ajuda do cocheiro e olhou para a irmã na janela, sorriu e acenou para Sarah.
Sarah sorriu, genuinamente feliz, e se afastou da janela.
- A Tessa chegou! – ela ouviu a irmã gritar dentro de casa.
Aquilo respondeu as perguntas de Tessa. O lar Hildegart ainda era o mesmo, com gritos indecorosos e correria dos filhos.
A porta da frente se abriu e um mordomo apareceu com um olhar indagador. Tessa subiu os degraus e observou o mordomo, sorrindo para ele. O peito dela explodia de felicidade por estar em casa.
- Milady. – Cumprimentou o mordomo.
- Sou Tessa May, a irmã mais velha do conde. – disse ela ao mordomo, omitindo seu título de propósito, ela estava ali para ser Tessa May e não a marquesa de Dempster. – Preciso de um criado para recolher minha bagagem da carruagem.
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Amor esquecido
Historical FictionLivro 2 da série Os Hildegart. Em 1817, Tessa Hildegart foi convencida pela mãe a debutar no continente e passar sua primeira temporada lá, tentando fisgar um marido. O plano de sua mãe foi bem sucedido, Tessa e o futuro marquês de Dempster se apai...