JUNHO DE 1817,
"EU OS DECLARO..."
- Tessa May, se chorar de novo, teremos que refazer sua maquiagem pela quarta vez... – reclamou Margot, tentando consolar a filha.
Tessa não conseguia se olhar no espelho. Das três outras vezes que erguera o olhar e se vira naquele vestido branco, com a maquiagem pronta, os cabelos presos em um coque trabalhado e as joias de família que a mãe a tinha confiado, Tessa tinha chorado e acabado com todo o trabalho das criadas. Agora ela estava atrasada em pelo menos uma hora.
Ela deu as costas ao espelho.
- Vamos! – ela disse para a mãe. – Não vou me olhar no espelho de novo.
Margot soltou um suspiro aliviado e segurou a mão suada da filha, puxando-a porta à fora.
A felicidade não cabia dentro de si, ela se sentia nas nuvens e nem ligava que tinha acordado às duas da manhã para estar pronta para o casamento à seis. Ela e Henry tinham decidido por uma cerimônia ao nascer do sol, com ela caminhando pela nave da catedral de Lamero enquanto o sol nascia e iluminava o ambiente através dos vitrais, marcando o inicio da vida de casados maravilhosa que os dois teriam. Tessa mal podia se conter para ver a expressão de Henry quando a visse caminhar para o altar, era por isso que tinha chorado quando se vira, porque sabia que ele ficaria tão emocionado quanto ela.
O curto mês de noivado dos dois pareceu levar anos para passar, eles se encontravam em todos os eventos da alta sociedade e Tessa dedicava toda a sua atenção a ele, e era recompensada com toda a atenção dele para si. Henry tinha ido visita-la o máximo que podia e inventava desculpas para levar Tessa à vários lugares, como uma noite sozinhos na ópera, uma tarde sem Oliver na casa de chá e várias tardes ouvindo-a tocar piano ou violino. Nessas últimas ocasiões, sozinhos entre quatro paredes, os dois tinham aproveitado a ausência de olhos sobre eles para trocarem beijos, mas não passaram disso. Margot não podia nem sonhar que o motivo de Tessa ter errado tantas notas ao piano não era a ansiedade para o casamento e sim os lábios de Henry no seu pescoço.
Tessa parou à porta da igreja e esperou enquanto a mãe entrava. O pai permaneceu ao seu lado e a marcha nupcial finalmente começou a tocar do outro lado da porta.
- Seu noivo vai chorar quando ver você. – George disse ao lado de Tessa, sorrindo. – Está linda, querida.
Ela sorriu, agradecendo, então as portas se abriram.
Respirando fundo, Tessa ergueu o olhar e viu a igreja cheia de pessoas. Todos os olhares estavam sobre ela, mas, conforme o pai a forçou a caminhar, o olhar dela estava fixo ao de Henry. Primeiro a expressão dele foi de surpresa, o queixo dele fora ao chão enquanto Tessa dava os primeiros passos em direção ao futuro deles. Depois Henry sorriu, mostrando aquelas covinhas que Tessa não via daquela distância, mas sabia estarem lá. Quando ela se aproximou o suficiente e Henry desceu do altar para recebe-la de George, Tessa viu que o pai tinha razão, as bochechas dele estavam molhadas pelas lágrimas que escorreram.
O pai lhe deu um beijo na testa e a entregou ao seu noivo, então Henry entrelaçou os braços dos dois com um sorriso e eles subiram juntos ao altar.
Ela mal prestara atenção às palavras do arcebispo enquanto seu destino era unido ao do amor da sua vida. Tessa e Henry estavam frente a frente um para o outro, as mãos unidas e recebendo as alianças enquanto faziam os votos. Ela repetiu as palavras do arcebispo enquanto olhava nos olhos de Henry e depois os dois olharam com expectativa para o sacerdote.
- Eu os declaro... – ele parou, olhou de um para o outro e deu um sorriso. – Marido e mulher parece fraco demais para um casal jovem e já tão apaixonado... Pelo poder investido a mim por Deus e a Santa Igreja, eu os declaro, além de marido e mulher, almas gêmeas.
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Amor esquecido
Narrativa StoricaLivro 2 da série Os Hildegart. Em 1817, Tessa Hildegart foi convencida pela mãe a debutar no continente e passar sua primeira temporada lá, tentando fisgar um marido. O plano de sua mãe foi bem sucedido, Tessa e o futuro marquês de Dempster se apai...