Epílogo

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AGOSTO DE 1832,

"MAIS UMA CARTA?"

Os pequenos John e Agatha, como sempre, corriam alguns passos à frente de Tessa e da babá enquanto a mãe empurrava o carinho dos gêmeos pelo parque. Com pouco mais de um ano e meio, os gêmeos eram extremamente diferentes em tudo, John tinha a personalidade idêntica à do pai e era extremamente extrovertido, interagia com qualquer um que se aproximasse dele e já tinha aquele sorriso tão confiante quanto o de Henry, enquanto Agatha era mais tímida e introvertida, mas ela acabava sempre acompanhando o irmão quando John se sobressaía em alguma ocasião. Os dois eram extremamente parecidos com Tessa fisicamente, com cabelos loiros e olhos azuis, mas ambos tinham aquele sorriso do pai, marcado por covinhas nas bochechas rechonchudas.

O parto dos dois foi um dos momentos mais difíceis da vida de Tessa e demorou mais de oito horas para que Agatha nascesse, mas John nasceu com apenas alguns minutos de diferença. Henry tinha permanecido o tempo todo ao lado de Tessa e fora o primeiro a segurar ambos os bebês, com um sorriso enorme no rosto enquanto os filhos choravam a plenos pulmões.

Margot tinha feito uma visita nos últimos meses de gestação de Tessa e ficara com eles até as crianças completarem dois meses de vida, recusando-se a ir embora antes que tivesse certeza que ambos estavam bem, assim como Tessa e Henry, ela também tinha esperado muito pelo momento em que finalmente seria avó de um filho de Tessa. A pior parte de toda a visita da mãe foi quando Tessa contou sobre seu acidente, omitindo a motivação por trás da sua saída de casa, e Margot lhe deu uma bronca por não ter escrito para a mãe antes, contando que perdera a memória; não fora surpresa para ninguém que a bronca começou com "Tessa May" e terminara, obviamente, com "marido". Ela também contara para a mãe sobre seus abortos nos primeiros anos de casamento e desabafou sobre a manipulação que causou todos os problemas que ela a Henry enfrentaram, então mãe e filha choraram juntas pelos bebês não nascidos.

Cerca de seis meses depois que Tessa recuperara a memória, o julgamento de Lilian aconteceu e, surpreendendo a todos, ela foi condenada à prisão perpétua por atentado contra a vida não só dos bebês, como de Tessa também. Henry realmente tinha conseguido cobrar os favores que lhe deviam na Coroa e até o rei tinha sido influenciado a ajuda-los, e Tessa era grata por isso, não queria nunca mais ter que olhar nos olhos de Lilian ou ouvir falar sobre ela. Talvez isso fizesse de Tessa uma péssima pessoa e cristã, mas ver o pavor de Lilian e o seu choro ao ouvir a sentença a deixara feliz e fora muito melhor do que poderia ser dar uma boa surra naquela vaca e descontar toda a sua raiva pessoalmente.

O mais importante era que agora tudo estava bem e que Tessa sorria enquanto a babá corria para segurar as crianças, quase na saída do parque já.

Ela parou o carrinho e foi até os filhos, então Tessa se abaixou e pegou Agatha primeiro para coloca-la no carrinho.

- Vamos lá, o papai está nos esperando. – Ela disse para a filha enquanto prendia ela no carrinho, então deu um beijo no topo da cabeça dela e se virou para pegar John.

- Hoje vai ter bolo? – o menino perguntou com a língua enrolada enquanto erguia os braços para a mãe pegá-lo.

- Só se vocês se comportarem no almoço. – Tessa falou com um sorriso.

John era, apesar de tudo, um Hildegart nato quando o assunto era comida. O menino e sua prima Violet, assim como seu tio Samuel, davam prejuízo para qualquer lord quando estavam em uma cozinha, principalmente se a cozinheira soubesse fazer bolo de café. Agatha não ficava muito atrás, mas era mais comedida e não chorava quando o bolo acabava, como seu irmão sempre fazia.

- O papai disse que teríamos bolo. – comentou Agatha enquanto Tessa prendia seu irmão e voltava para trás do carrinho para empurrá-lo.

- É claro que disse. – Tessa falou. – E nós teremos, mas eu acabei de colocar uma condição para que vocês possam comê-lo.

Amor esquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora