ABRIL DE 1830,
"FAREMOS ISSO JUNTOS."
Henry a amparou enquanto Tessa chorava mais uma vez, as lágrimas vertendo sem contenção nenhuma. Ela ainda não conseguia acreditar em tudo que ouvira. Não era possível que ela não tivesse percebido o quão manipulada ela foi por uma mulher que não se importou em ferir quem fosse preciso apenas para atingir os próprios objetivos.
- Todo o sofrimento, todas as discussões e os problemas por não termos um filho... foi tudo armado por ela? – indagou Tessa. – Eu abortei dois filhos nossos sem nem saber, por culpa da pessoa que eu considerava minha melhor amiga?
- Sinto muito. – Henry a puxou novamente contra si em um abraço apertado. – Quando eu soube de tudo isso, na sala de espera do hospital enquanto você estava entre a vida e a morte, eu quis matá-la, as enfermeiras tiveram que tirá-la de lá ou eu realmente iria cometer um crime. Os funcionários do hospital chamaram a guarda, Lilian foi presa por indução de aborto sem o consentimento da gestante, que é quase um assassinato, e eu estou acompanhando o processo para garantir que ela fique presa por muito tempo e pague pelo crime que cometeu e toda a dor que nos causou nesses anos. Todo o seu sofrimento foi causado pela pessoa que a confortava e eu não vi isso, me culpei por fazer você sofrer e não fui buscar respostas, não procurei o verdadeiro culpado.
Tessa o abraçou fortemente também enquanto as lágrimas rolavam do seu rosto para o peito de Henry. Ela era mãe de dois bebês que não vieram ao mundo por culpa de uma mulher louca que ela mesma permitira ser tão próxima. A culpa a estava consumindo.
- Ela está mesmo presa? – indagou ela, sem conseguir acreditar.
- Sim. Foi acusada e está sob custódia até o julgamento, que não deve demorar muito para ser marcado. Em crimes assim, as pessoas não costumam pegar muitos anos de prisão, mas eu estou mexendo alguns pauzinhos e cobrando favores para pessoas na Coroa. Não vou deixa-la sair impune. – Henry falava com um tom de ira na voz, e Tessa não o culpava, pois sentia a mesma coisa em saber sobre tudo que Lilian fez.
- E esse... esse bebê. – Ela disse com um soluço. – Se eu não tivesse sofrido o acidente e descoberto sobre a gravidez, ela iria mata-lo também?
Henry a apertou mais contra si e Tessa sentiu o corpo dele tremer sob si com a ideia que também a fazia tremer.
- Não tem como sabermos o que ela faria. – disse ele. – Não quero pensar sobre isso. Tudo que importa agora é que sabemos a verdade e que temos um bebê a caminho para trazer felicidade. Eu só quero que você finalmente seja feliz, Tess, seja comigo ou longe de mim, o medo que senti ao te ver naquela cama de hospital fez com que eu não me importasse com mais nada. Faço qualquer coisa para vê-la feliz, não importa onde ou com quem.
Tessa se levantou do peito de Henry e recostou-se contra a cabeceira da cama, então segurou a mão dele na sua e entrelaçou seus dedos. Ela respirou fundo e tomou coragem para falar.
- Quando fui para Gruffin, conversei muito com a minha mãe e ela me deu vários puxões de orelha, eu ouvi tanto "Tessa May" que cheguei me cansar do meu nome, exatamente como nos velhos tempos e como eu precisava. – Ela disse com um sorriso e Henry acabou sorrindo também. – O mais importante nisso tudo é que minha mãe me fez parar de procurar desculpas e assumir as responsabilidades. Eu voltei para casa decidida a pedir perdão por tudo que passamos, queria dizer que não posso viver sem você, Henry. Eu quero ser feliz com você e não longe ou com outra pessoa. Quero lutar pelo nosso casamento com unhas e dentes. – O sorriso dela se alargou mais e ela apertou a mão de Henry na sua. – O acidente e a perca de memória, as cartas, me fizeram ver toda a verdade, agora sabemos que nunca foi nossa culpa e que estávamos sendo manipulados. Não sei quando nos perdemos, mas ainda podemos nos encontrar de novo, precisamos daqueles três pilares de volta e então poderemos reconstruir nosso casamento. Quero olhar para você e vê-lo sorrir com confiança, quero voltar ao nosso quarto ao fim do dia e encontrar você na nossa cama, quero voltar ao que éramos, mas não posso fazer isso sozinha.
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Amor esquecido
Historical FictionLivro 2 da série Os Hildegart. Em 1817, Tessa Hildegart foi convencida pela mãe a debutar no continente e passar sua primeira temporada lá, tentando fisgar um marido. O plano de sua mãe foi bem sucedido, Tessa e o futuro marquês de Dempster se apai...