27. A verdade

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ABRIL DE 1817,

"É O FIM, NÃO É?"

Restou apenas uma última carta no fundo da caixa. A pilha de cartas abertas sobre a mesa estava enorme. Tessa estava sentada abraçada às pernas sobre a cadeira, os olhos inchados e a visão embaçada pelas lágrimas, o estômago com um peso horrível e a garganta fechada em um nó, sua cabeça doía de tanto chorar. Do lado de fora da janela, o sol já começara a dar as caras e o relógio marcava sete da manhã.

Como chegamos a esse ponto? Era o que Tessa se questionava.

Ela pegou a última carta, segurou o abridor de envelopes e enfiou-o no selo, que se rompeu no mesmo momento em que a porta do escritório se abriu. Tessa ergueu o olhar e viu Henry parado na porta.

- O doutor está aqui para vê-la. – Henry falou ao olhar para ela.

Os olhares dos dois se encontraram e ele arregalou os olhos ao ver o que tinha sobre a mesa. Tessa viu quando ele estremeceu.

- Você... se lembrou de algo? – indagou ele.

Tessa engoliu em seco.

- De tudo. – Sussurrou ela. – Não é um bom momento, peça para o doutor voltar depois.

Henry permaneceu parado na porta, olhando dela para as cartas sobre a mesa e aquela nas mãos dela. Tessa continuou olhando para ele até que Henry assentiu e lhe deu as costas com um suspiro.

Ela não sabia o que fazer ou pensar, não sabia ainda o que dizer à Henry sobre aquelas cartas, o casamento deles ou o futuro dos dois. Qualquer certeza que Tessa tinha quando saiu de casa antes do acidente já não existia mais, ela não sabia mais o que pensar sobre qualquer coisa que dizia respeito a ela e Henry. Agora existia um bebê no ventre dela que merecia ser levado em conta.

Tessa era apaixonada pelo seu marido, isso era uma certeza, e ela confiava na veracidade das palavras dele e no sofrimento genuíno que ele demonstrou nas cartas. As palavras dele sobre aquela proposta absurda de Lilian fizeram Tessa ver aquela cena de quando voltou para casa com outros olhos, Henry a chamou de cobra e deixou muitas coisas implícitas sobre a governanta, Tessa e Lilian nunca tinham conversado sobre a possibilidade de a criada gerar um filho de Henry, ela sentia que algo não encaixava em tudo aquilo e já estava na dúvida se Henry seria mesmo capaz de traí-la, será que ele falara a verdade nas cartas ou tinha mesmo se deitado com Lilian? Ela queria continuar casada e salvar sua relação com o marido, queria a anulação do casamento ou queria apenas viver longe dele e criar aquele bebê sozinha? Foram tantos anos esperando e desejando aquele bebê que agora parecia um sonho, a forma como Henry agira em meio à loja de bebês e todo o amor que ele vinha demonstrando pela criança não deixavam Tessa pensar em afasta-lo do filho deles.

Ela finalmente tomou coragem e abriu a última das cartas, que continha apenas algumas linhas. 

 

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