SETEMBRO DE 1830,
"PALAVRAS DIRETO DO CORAÇÃO SÃO AS MELHORES."
- Ah meu Deus, você não vai chorar, vai? – Henry indagou enquanto Tessa se olhava no espelho.
Ela se virou para ele, a lágrima já escorrendo pela bochecha.
- Não. – respondeu com a voz embargada.
Henry deu risada e caminhou até ela, então ele enxugou a lágrima com o polegar e deu um beijo nos lábios dela.
- Qual é o problema agora? – perguntou ele.
- Nenhum. – Tessa suspirou e abraçou o marido. – É só a gravidez.
Tessa estava sensível nos últimos meses, chorava por qualquer coisa e mal podia se olhar no espelho. Ela já estava de seis meses e sua barriga parecia prestes a explodir, o médico dissera que ela teria gêmeos, o que não era surpresa devido ao histórico da família de Henry, e a ideia a assustava tanto quanto olhar para a própria barriga. Se ter um ser humano dependendo de você já é assustador, imagine ter dois de uma vez!
Os enjoos pararam por volta do terceiro mês, graças aos céus, mas mesmo antes de irem embora já tinham um substituto. Até o quinto mês de gestação, Tessa mal podia olhar para o marido fazendo coisas comuns do dia a dia que já sentia o corpo começar a entrar em chamas; diziam que era normal algumas mulheres passarem a desejar mais o marido durante a gestação, algo comum do próprio corpo, e Henry parecia extremamente feliz em satisfazer todas as vontades dela, quantas vezes ao dia fosse necessário e com todo o cuidado do mundo para não prejudicar os bebês. Tessa tivera desejos duas vezes, mas não fora de nada muito estranho ou difícil de se encontrar, para a sorte de Henry. O seu maior problema nas últimas semanas eram a sensibilidade que a fazia chorar por qualquer coisa e as dores, Tessa tinha dores nas costas, nos pés e em qualquer outro lugar possível de doer, qualquer pequena caminhada já a cansava e a deixava dolorida, então Henry sempre fazia massagens nos pés dela antes de se deitarem para dormir.
- Está melhor? – ele perguntou suavemente ao se afastar de Tessa, o sorriso ainda nos lábios. – Podemos cancelar, se quiser.
- Não! Está tudo bem. – Tessa disse rapidamente.
- Ok, então vamos. – Henry disse e deu um beijo rápido nela. – Você está linda.
Ela soltou um resmungo de incredulidade, como sempre fazia quando ele dizia aquilo. Henry vivia dizendo que ela estava linda com aquela barriga enorme, mas Tessa só se sentia como uma enorme máquina de choro que em breve iria parir duas crianças. Apesar de tudo, Tessa não desistiria daquela gravidez por nada e seria grata à Deus para sempre por aquela benção.
Tessa aceitou a ajuda de Henry enquanto desciam a escada da casa e iam em direção à carruagem que os aguardava. Aquele era o grande dia dos dois... bem, o segundo grande dia.
Henry a ajudou a subir na carruagem e Tessa tentou achar uma posição confortável, o que era bem difícil com um corpo tão grande. Quando ele se sentou ao lado dela e entrelaçou os dedos dos dois, Tessa encontrou o olhar de Henry e sorriu.
Nos últimos meses, os dois viviam de um lado para o outro da cidade, seguindo o planejamento que Henry fizera para eles. Os dois tinham voltado a frequentar os bailes e valsado juntos nos primeiros meses de gestação, enquanto o médico permitia isso, eles iam para a ópera quase toda semana assistir às apresentações, foram ao teatro e, a parte preferida de Tessa, faziam pelo menos três visitas à casa de chá do outro lado da cidade por semana, a mesma em que iam quando Henry a estava cortejando.
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Amor esquecido
Historical FictionLivro 2 da série Os Hildegart. Em 1817, Tessa Hildegart foi convencida pela mãe a debutar no continente e passar sua primeira temporada lá, tentando fisgar um marido. O plano de sua mãe foi bem sucedido, Tessa e o futuro marquês de Dempster se apai...