23. A cama

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ABRIL DE 1830,

"NÃO TEMOS GOVERNANTA?"

Depois de um bom banho e uma sopa deliciosa da cozinheira de Baker House, Tessa tinha passado a tarde toda entregue ao sono e, quando acordara, Henry não estava no quarto. Ele devia descansar, mas não estava na cama com ela, será que os dois não dividiam a cama depois de casados? Tinham quartos separados? Não havia nenhuma porta além daquela do corredor e do armário no quarto de Tessa, o que queria dizer que não havia intercomunicação entre seu quarto e qualquer que fosse o quarto onde Henry dormia.

Tessa tinha passado algum tempo da tarde se olhando no espelho. Ela estava diferente, parecia que não conhecia mais o corpo que habitava, mas ainda tinha os mesmos traços, apenas mais maduros do que eram aos dezoito anos. Seus olhos continuavam os mesmos e o rosto ainda tinha o mesmo formato, os cabelos estavam mais compridos, sua feição estava mais severa, como se ela tivesse se transformando na própria mãe, e um sorriso parecia errado naquele rosto.

Apesar de toda a insistência de Tessa, Celine se recusara a permitir que ela descesse para o jantar na sala de jantar da casa e mandara que os criados da casa instalassem uma pequena mesa de jantar no quarto, porque ela se recusara a fazer as refeições na cama. O médico a tinha proibido de subir e descer escadas até a semana seguinte, e depois disso ainda não poderia fazê-lo muitas vezes ao dia.

- Henry não virá para comer comigo? – Tessa indagou ao ver os criados colocarem apenas um lugar à mesa.

- Milorde optou por lhe dar privacidade e fazer as refeições sozinho na sala de jantar, milady. – O mordomo falou, parado à porta.

Tessa suspirou.

- Pois então diga a ele que não preciso de privacidade e que gostaria da presença dele. – Tessa falou ao mordomo. – E coloquem outro lugar à mesa, só irei começar o jantar quando ele se juntar a mim.

O mordomo apenas assentiu e se retirou enquanto os criados saíam e voltavam com mais uma cadeira e os utensílios para colocar à mesa. Tessa se levantou da cama com a ajuda de Celine enquanto caminhava para a mesa.

Ela se sentou e olhou pela janela do quarto para o jardim na lateral da propriedade, que não era muito grande, mas tinha um bom espaço e muitas flores. Quando Tessa voltou o olhar para o quarto, Henry estava passando pela porta e se aproximando dela com um olhar apreensivo.

- Disseram que requisitou a minha presença. – comentou ele.

- Por que está me deixando sozinha? – indagou ela. – Preciso de ajuda para me lembrar das coisas e você fugir não ajuda em nada.

Um pequeno sorriso curvou os lábios de Henry.

- Estava apenas lhe dando privacidade, Tess. – falou ele. – Me desculpe, prometo fazer as refeições aqui com você.

Ela assentiu e agradeceu enquanto ele se sentava. Os criados entraram com a comida e colocaram-na à frente de Tessa na pequena mesa, ela observou atentamente enquanto eles retiravam as tampas e revelavam a comida.

- Pedi para fazerem o assado que você adora, talvez possa ajudar a se lembrar de alguma coisa. – Henry falou.

- Isso é muito atencioso da sua parte. – Tessa disse com um sorriso enquanto um dos criados servia um pedaço do assado para ela. Seu estômago estava roncando e ela se sentia com muita fome.

Os criados serviram as comidas e então saíram do quarto, até mesmo Celine e o mordomo saíram e deixaram Tessa e Henry a sós.

- Não temos governanta? – Tessa indagou. – Não vi nenhuma na casa e fiquei curiosa.

Amor esquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora