Desejo Imprudente

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É nítido que eles se gostam e pelo visto a atração que sentem um pelo outro é inevitável. Mas acho que eles ainda não estão prontos para demonstrar sentimentos um pelo outro. Então, guardo minha curiosidade e me esforço para não fazer mais perguntas. Acredito que quando eles estiverem prontos, vão falar sobre como tudo aconteceu, espontaneamente. Apenas ouço as histórias que eles me contam, a maioria muito engraçadas e confesso que até um pouco excitante. Francamente, é preciso sentir muita atração um pelo outro para ir transar num vestiário imundo no intervalo de um jogo. Ficamos conversando por um bom tempo até eu me dar conta de que estamos bêbados. Evito falar sobre Trevor, mas assim que o álcool começa a subir para minha cabeça. Começo a sentir falta dele e de repente começo a imaginar o que ele está fazendo agora. Ótimo, estou bêbada e com tesão. Quando percebo que Coldy e Shelby estão se pegando no sofá, me dou conta de que preciso ir para casa. Em momento algum eles me pediram para guardar segredo, mas se eles não falaram sobre isso para outras pessoas, está claro que não sou eu quem vou falar.
-Gente, eu vou para casa.- me levanto e dou risada ao esbarrar em uma almofada, pego ela do chão e jogo na cabeça dos dois.
-Não, Abby. Você bebeu bastante. Dorme aqui.- Coldy fala e Shelby tira a cabeça do pescoço dele para concordar.
Olho para as três garrafas no chão e para os dois garotos de cabelos bagunçados que ficam assustadoramente atraentes enrolados no sofá desse jeito.
-Minha casa não é muito longe.- argumento.- E não estou bêbada, só estou alegre.
-Tem certeza?- Shelb sai de cima de Coldy que resmunga com a falta de contato. Com certeza eles beberam muito mais que eu.
-Sim, tenho certeza.- sorrio para eles e procuro meu celular, mas lembro que o deixei no carro, conectado ao painel.
Shelby me acompanha até a porta e me despeço dele rapidamente. Ele espera eu apertar o botão para o térreo. A porta do elevador se abre e quando está prestes a se fechar, sua mão a segura.
-Abby, acho que não preciso te pedir para não contar para ninguém.- ele pede e eu olho em seus olhos cristalinos.
-Vai ser nosso segredo.- eu sorrio para ele, que em retribuição ri e afasta sua mão da porta. Então, eu finalmente desço.
Passo pela recepção, em direção a noite fria. Já passa da uma da madrugada e amanhã tenho aula cedo. Meu carro está com os vidros embaçados pela chuva e o frio. Entro rapidamente e ligo o aquecedor. O painel do carro se acende. A música volta a tocar e aumento o volume. Saio com o carro para as ruas pouco movimentadas da cidade e em poucos minutos já estou nas redondezas da minha casa. Estaciono meu carro do lado de fora da garagem. Tiro meu celular do painel e saio do carro. Ao entrar em casa está tudo escuro. Chego na cozinha e a abro a geladeira em busca de uma cerveja, assim que a encontro bebo rapidamente e seco a boca com as mãos.
Durante todo o caminho, fantasiei chegar em casa e encontrar Trevor me esperando. Fantasiei ele sem roupa, com roupa, fantasiei eu tirando as roupas dele e todas as possibilidades me deixaram excitada. Subo as escadas até meu quarto. Quando entro me sinto um pouco decepcionada por ele não estar me esperando da forma como imaginei. Respiro fundo e decido ir até o quarto de Trevor, antes que eu mude de ideia. Vi seu carro na garagem quando entrei, então, sei que ele está em casa. Bato na porta, mas ninguém responde. Desço a maçaneta e ela se abre facilmente. 
Trevor está deitado em sua cama, dormindo. Sua mão está repousada em sua barriga e ele respira profundamente. Me aproximo da cama e sento na beirada. Quão louca eu pareço ser olhando ele dormir? Passo meus dedos por seus cabelos e ele suspira. Desço minha mão por seu rosto e contorno sua mandíbula com o indicador. Aproveito para decorar cada detalhe do seu rosto. Me aproximo e encosto meus lábios nos dele levemente. Antes de encontrá-lo dormindo, eu estava apenas com tesão, mas agora que estou olhando ele dormir, tão lindo e indefeso, sinto meu coração aquecer e pequenas lágrimas brotam em meus olhos, mas não permito que elas escorram. Respiro fundo e chacoalho a cabeça para afastar os pensamentos. Trevor não tem a obrigação de retribuir meus sentimentos por ele e mesmo que doa, eu preciso aprender a lidar com isso. Mas há uma coisa da qual eu não posso negar. Ele me deseja, tanto quanto eu desejo ele. Então, vou aproveitar o momento mais uma vez, antes de me afastar de uma vez por todas. Falta pouco tempo para as aulas acabarem, então, vou para a faculdade e não precisarei mais vê-lo.