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P. O. V Trevor - Flashback on

No momento em que coloquei meus pés nessa casa enorme só consegui pensar "filhos da puta ricos".
Minha mãe entrou em casa tagarelando sobre as maravilhas do novo colégio e eu finjo estar prestando atenção enquanto minha mente divaga sobre coisas aleatórias. Ela para em frente ao que deve ser a sala de jantar, se levar em conta o fato de ter uma mesa enorme de vidro com pratos e talheres postos sobre ela e um homem de camisa social sentado na ponta da mesa. Ele não aparenta ter mais que quarenta anos.
- Oi, querido.- minha mãe o cumprimenta alegremente.- Abby ainda não chegou?
- Ainda não, amor.- ele diz enquanto da um beijo em sua testa e eu sou obrigado a desviar o olhar. Em seguida vem me cumprimentar.
- Olá, Trevor. Eu sou Desmond- ele estica a mão num cumprimento formal, mas seu sorriso amigável dissipa um pouco da tensão.- Sua mãe sempre falou muito de você.
- Também ouvi muito sobre você nos últimos vinte minutos.- respondo com a intenção infantil de atingir minha mãe, mas me arrependo assim que vejo algo parecido com culpa nos olhos dela. Ela podia ter vindo atrás de mim antes, eu sou seu filho, porra!
- Vem filho. Senta aqui do meu lado- minha mãe me chama com um pequeno sorriso, provavelmente tentando evitar mais constragimentos.
Me sento ao seu lado em silêncio,  enquanto ela conversa com Desmond, que agora voltou a se sentar na cadeira.
-Então, Trevor. Minha filha ainda não sabe que você vai morar aqui. Vou contar assim que ela chegar e digamos que ela consegue ter um gênio bem difícil quando quer. Não se ofenda se ela for grosseira.
Estou prestes a responder que não vai ser uma garotinha mimada que vai me ofender, mas ouço o barulho da porta sendo fechada e segundos depois ela entra na sala cumprimentando minha mãe e seu pai distraidamente até que seus olhos se encontraram com os meus e puta merda...ela é linda. Cabelos em um tom de vermelho que vão clareando até as pontas e levemente ondulados, olhos castanhos esverdeados, boca carnuda e avermelhada, provavelmente de tanto ela ficar mordendo e chupando...ela desvia o olhar e responde algo a seu pai, saindo da sala de jantar logo depois. Voltou alguns minutos depois, se sentou na minha frente e esticou a mão para me cumprimentar, não consigo disfarçar o sorriso ao lembrar de como tinha pensado na sua boca minutos antes. Então o pai dela conta  que eu vou morar aqui e Bum! O anjo virou o próprio Lúcifer. A garota ficou histérica e de repente o pai dela já tinha a mandado comer na cozinha.
Algum tempo depois, minha mãe e seu marido saem da mesa e eu resolvo ir até a cozinha só para irritá-la um pouco mais. Entro na cozinha, vejo ela  falando no celular e rindo de alguma coisa. Assim que percebe minha a presença seu sorriso cessa e ela volta a fechar a cara. Morar aqui até que pode ser divertido.
- Não precisa parar de falar mau de mim só porque eu apareci, maninha.- implico e vejo ela respirar fundo.
-Te ligo depois, Rachel. O bastardinho tá aqui.- ela responde com um sorrisinho maldoso e eu controlo a vontade de esfregar esse prato de comida em todo o seu rosto.
Abby  se levanta  da banqueta e para na minha frente, com o nariz empinado. Começa a listar um monte de regras idiotas sobre o banheiro e horário de ir para o colégio. Enquanto ela fala eu pude reparar que é ainda mais bonita de perto. Alguns centímetros mais baixa que eu, pele bronzeada, provavelmente de passar tardes inteiras nessa piscina enorme que eu vi pela janela da cozinha. Consigo pensar em um milhão de maneiras diferentes de fazer ela calar a boca, mas ela simplesmente vira as costas e sai  da cozinha.

Flashback off

Estamos indo até a garagem, já que minha mãe está praticamente me obrigando a ir no shopping comprar material escolar, o que é no mínimo um exagero. Eu só preciso de alguns cadernos e caneta.
- Será que da pra você se animar?- minha mãe reclama ao abrir a porta da garagem.- Vai ser divertido.- ela sorri,  enquanto destrava a porta de seu conversível.
Fala sério! Da pra ser mais clichê que isso? Gargalho internamente e quando vou abrir a porta do carro, olho para o lado de fora da garagem e fico boquiaberto.
- Meu Deus!- ando devagar até o carro que está estacionado fora da garagem- Esse é um mustang GT500?- pergunto, mesmo já sabendo a resposta. Deslizo a mão sobre lataria brilhante.- é do Desmond? - pergunto curioso. Minha mãe tira a cabeça para fora do seu carro para responder.
- Se você esta se referindo a esse monstro que ocupa sessenta porcento da garagem- ela  aponta para o mustang.- é da Abby. Agora, entra logo no carro.
Entro no carro ainda meio atordoado. Como uma menina fresca como ela tem um carro desses? É um carro de corrida! Eu poderia jurar  que ela teria um Porsche ou algo parecido.
- Não precisa ficar surpreso só porque ela não tem um conversível vermelho- minha mãe comenta rindo.
- Como você sabe que eu fiquei surpreso?
- Eu posso não ter te criado, mas ainda sou sua mãe. Eu vi como você olhou para ela, como se ela fosse só mais uma garota fresca.- não foi bem assim que eu olhei pra ela, mas achei melhor não comentar.
- Agora eu entendo porque ela não queria que eu entrasse naquele carro, se fosse eu, também não deixaria ninguém entrar.
- Ela é louca por esse carro. Não deixa ninguém lavar e só ela leva na oficina.
- E como ela ganhou?- pergunto com  curiosidade.
- Ganhou de aniversário de dezesseis anos- minha mãe sorri e continua- Dês chegou com o carro rosa com dourado, ela disse que amou. Uma semana depois apareceu com o carro preto com prata.- minha mãe comenta e após alguns minutos estaciona o carro no estacionamento do shopping.

Depois de uma hora e meia com a minha mãe me puxando por todas as lojas do shopping, nós finalmente fomos embora.
Chegamos em casa em alguns minutos, já que o shopping é surpreendentemente perto de sua casa. Ao entramos pela porta da frente pude ver a Abby sentada em um enorme sofá branco lendo um livro. Ela esta vestida com um blusão que vai até um pouco abaixo de suas coxas fartas e eu tenho que me concentrar para ela não perceber que eu estou analisando-a.
Assim que ela nos vê,  larga seu livro e se senta no sofá.
-Cindy, eu posso conversar com você?- ela me olha rapidamente.- a sós.
Reviro os olhos e vou em direção às escadas. Como se eu quisesse ouvir o que essa garota tem pra dizer.

Desejo ImprudenteOnde histórias criam vida. Descubra agora