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P. O. V Abby

-Claro querida, sobre o que você quer conversar?- minha madrasta pergunta ao sentar ao meu lado no sofá.
- Quero me desculpar por ter sido grossa com seu filho.- sou obrigada a engolir todo meu orgulho para conseguir pronunciar essa frase.
-Tudo bem. Você não precisa me pedir desculpas, não precisa pedir desculpa pra ele também. Mas acho que seria bom se você tentasse ser um pouquinho mais legal.
-Eu vou tentar ser mais legal.- faço  a promessa tentando convencer a mim mesma de que vou conseguir.
Cindy sorri para mim em retribuição e aperta minha perna levemente antes de se levantar.
-Boa noite, Ab. Durma bem.- ela diz e vai em direção ao seu quarto.
-Boa noite!- eu grito em resposta e resolvo ir deitar também.

Acordo na manhã seguinte super disposta a ir para o colégio! Mentira, volto a dormir.
Acordo com o celular despertando novamente, e me assusto ao ver que já está quase na hora de ir para aula, levanto desesperada e vou para o banheiro tropeçando nas cobertas.
No momento em que abro a porta do banheiro, consigo sentir meu rosto esquentar de ódio. Eu não estou acreditando nisso!
-Filho da puta!- grito e vou correndo até o quarto de Trevor.
Meu banheiro esta simplesmente um nojo. Cheio de roupas espalhadas pelo chão, incluindo a pasta de dente aberta e o pior de tudo! Tampa do vaso levantada. Eu vou matar esse idiota.
Entro em seu quarto sem nem me preocupar em bater na porta e pronta para enfiar sua cabeça no vaso sanitário. Mas, infelizmente me obrigo a parar com os pensamentos homicidas assim que coloco meus olhos nele. Sinto minha respiração falhar.
Trevor esta em pé no meio do quarto, sem camisa e os cabelos molhados por ter acabado de sair do banho. Tudo que cobre seu corpo é um jeans com um rasgo no joelho. Seu abdômen apesar de magro é definido e eu percebo que tem mais algumas tatuagens espalhadas por todo o corpo. Uma escrita na lateral da sua costela me chamou a atenção, mas não consigo ler o que esta escrito. Ele levanta a cabeça, finalmente reparando na minha presença no quarto e eu pude perceber que ele estava fechando o botão da calça. Olho em seus olhos com toda a raiva que consigo lembrar de sentir, agradecendo mentalmente por ele não ter me visto o analisando.
-Você pode me explicar que porra é aquela no meu banheiro?- pergunto, já sentindo meu corpo tremer de raiva ao lembrar do estado do banheiro.
- Depende da porra.- ele responde naturalmente, enquanto se senta para calçar seus tênis. Infelizmente eu entendo o duplo sentido da frase.
- Você sabe muito bem de que porra eu estou falando, idiota.- paro em sua frente, o fazendo levantar a cabeça para poder me olhar nos olhos.- Eu vou me trocar e quando eu voltar ao banheiro, espero que a sua cueca nojenta não esteja la.

Saio do quarto batendo à porta o mais forte que consigo, com a certeza de que eu dei meu recado. Entro no meu quarto e me troco rapidamente. Coloco apenas  uma calça jeans, um par de tênis e um suéter escuro. Nem quero entrar naquele banheiro e ver tudo aquilo de novo, então decido escovar os dentes no banheiro do andar de baixo.
Sou obrigada a me arrumar correndo, já que estou atrasada. Passo pela cozinha para pegar um copo de iogurte. Bufo ao ver meu pai e Cindy na cozinha tomando café e bebo meu iogurte sem nem me preocupar em dar bom dia.
-Bom dia, querida?- meu pai fala mais em forma de pergunta já que fui eu que entrei e não cumprimentei ninguém.
- Ótimo, dia!- o sarcasmo é evidente no meu tom de voz.
-Aconteceu alguma coisa, Ab?- Cindy me pergunta.
- Eu prometi para você que tentaria ser mais legal com seu filho. Mas o Trevor é um porco!- exclamo indignada enquanto tomo meu copo de iogurte.
-Você não vai nem dar uma carona pra ele?- papai me pergunta.
- Eu disse que se ele quisesse carona era para estar pronto as sete e vinte. Ele está aqui?- olho ao redor como se estivesse procurando por ele.-Estou indo, tchau.
Sorrio para eles e vou para a garagem. Suspiro aliviada ao lembrar que não vou precisar dar carona pro bastardinho. Meu dia já começou a melhorar. Assim que abro a porta da garagem percebo que meu alívio veio cedo demais.
- Está atrasada, maninha.- fico surpresa ao ver Trevor encostado no meu carro. Ele me lança um sorriso de vitória estupidamente lindo. Deus me dê paciência!
-Pelo amor de Deus, desencosta do meu carro. Vai arranhar a lataria.- entro no carro e ele entra logo depois.
-Bom dia, Zeus.- falo baixo enquanto passo a mão no meu volante cromado, original.
-Bom dia, gata.- Trevor responde como se eu estivesse falado com ele. Não consigo evitar revirar os olhos.
-Falei com o carro.- falo de forma ríspida ao sair da garagem.

Por sorte ele não abriu a boca durante todo o caminho até o colégio e eu também não me importei em puxar assunto.
Finalmente consigo  achar uma vaga nesse estacionamento, onde seja seguro o suficiente para ninguém estacionar o carro do lado e acabar encostando no Zeus. Logo que desligo o motor, Trevor sai do carro e eu espero ele estar bem longe para sair também. Eu que não vou ajudá-lo a achar sua sala depois da zona que fez no meu banheiro.
Vou andando pelo corredor do colégio em busca do meu armário e cumprimentando algumas pessoas que se prestam a me dar  "oi" durante o caminho.
Não termino nem de por o código para abrir meu armário quando avisto um vulto de cabelos escuros que chega até o fim de suas costas.
-Pode me contar tudo!- Rachel exclama com empolgação sem nem me cumprimentar antes.
-Sobre o que exatamente?- me faço de desentendida enquanto fecho o armário, já com o livro desta aula na mão.
-Sobre o tosco, idiota, sem educação, completamente sem noção. Mais conhecido como seu novo irmão.- eu não acredito que ela falou essa merda em forma de rima. Não consigo evitar a gargalhada.
-Nem me lembre daquele relaxado. Você acredita que ele deixou meu banheiro todo bagunçado, mesmo eu tendo pedido com tanta educação que ele mantivesse o lugar limpo.
- Eu duvido que você tenha pedido com educação. Mas me diz, como ele é ? Tem quantos anos? Tá em que turma? É solteiro?- Rachel pergunta tudo afobadamente e eu suspiro de irritação.
-Ele é arrogante, sem noção e provavelmente narcisista. É ridículo. Tem quase dezenove anos. E está no mesmo ano que nós. Só espero que não tenha as mesmas aulas que eu no mesmo horário. Não tenho ideia se tem namorada, se duvidar deve até ser gay.

Okay. Talvez eu tenha mentido em algumas partes. Ele com certeza não parece ser gay e ridículo não é um adjetivo para defini-lo, pelo menos não fisicamente...
-Você acha mesmo que ele é fã do Hitler?- Rachel me olha confusa.
- O q-ue?- não consigo segurar a vontade de rir   escandalosamente em frente à porta da sala de aula.- Rachel, por favor! Narcisista não tem nada a ver com o Hitler. Narcisista é aquele tipo de pessoa que está sempre se admirando e se acha melhor que os outros de uma forma física.- explico ao me sentar na cadeira atrás dela.
Rachel abre a boca, provavelmente para dar alguma resposta sarcástica, mas o professor entra na sala e faz sinal para que os alunos fiquem quietos.

Desejo ImprudenteOnde histórias criam vida. Descubra agora