E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER

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_"Vamos pro hospital, vem", Vinnie falou quando desligou com a Doutora Manuela.
_"Hospital? Achei que ela nos atenderia na clínica", falei e Vinnie fingiu não escutar, voltei a caminhar ate a garagem, a dor que eu sentia era aguda, como uma pontada, a cólica só que 8x mais dolorida, a pior que eu já tinha sentido, não era intensa a todo tempo, ia e vinha, mais era coisa de segundos.
Vinnie olhava pelos lados num desespero completo, eu sentia um pouco de dó, Vinnie não sabia o que fazer.

Ele saiu dirigindo rápido, queria chegar logo no hospital, minha respiração estava pesada, eu não achava uma posição boa, sentia uma pressão nas costas, 'Meu Deus eu vou morrer', passou pela minha cabeça.
_"Vinnie calma", pedi e Vinnie forçou um sorriso calmo, mais neguei com a cabeça, não adiantava fingir, ele não conseguia fingir tranquilidade naquele momento.
Me mantive quieta pra sentir meu corpo que pedia por ajuda, a dor no colo do útero era intensa demais e minha melhor opção era ficar quieta de olhos fechados tentando manter uma tranquilidade.
Vinnie deve ter feito o caminho até o hospital rápido, mais pareceu uma eternidade.

'Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem', disse pra mim mesma fazendo um carinho na barriga, 'Filha vai ficar tudo bem, você vai ficar bem', sussurrei pra Daisy enquanto Vinnie entregava os documentos pra recepcionista do hospital, fechei os olhos novamente controlando minha respiração, eu tentava manter minha mente tranquila, eu não queria me permitir pensar no pior.

'Por que eu não calcei um chinelo', me remoía pensando por que num fui mais cuidadosa, faltava pouco, um mês e meio de gestação e logo Daisy estaria em nossos braços, por que isso tava acontecendo novamente?

_"Sarah?", ouvi Vinnie me chamar abaixando na minha frente, sentia uma pontada.
_"Vai dar tudo certo Linda", ele disse e eu assentiu, foi só o que consegui fazer.
Senti a mão de Vinnie passar pelos meus cabelos, era bom saber que tinha Vinnie por perto me dava mais segurança de que tudo ficaria bem.
Tudo tinha que acabar bem, a médica iria me avaliar, me examinar e me medicar e voltaríamos pra casa bem. 'Vamos ficar bem filha', falei internamente pra me convencer.

_"Sarah?", a Doitora Manuela disse aparecendo pela porta rápido colocando o jaleco, ela sorria vindo na minha direção, "Olá Vicent", ela disse tocando o braço de Vinnie pra acalma-lo, "Vamos levar Sarah pra sala de ultrassonografia, vem já pedi pra prepararem", ela disse e Vinnie se pôs atrás de mim e empurrava a cadeira.
No caminho de um longo corredor a doutora perguntava coisas simples, 'como foi que aconteceu a queda', 'aonde doía', 'intensidade da dor' e ela também tentava nos acalmar com frases como, 'não precisam se preocupar', 'essas coisas acontecem', vai ficar tudo bem'.

_"Consegue deitar aqui Sarah?", a doutora perguntou e com a ajuda de Vinnie eu consegui deitar pra assim fazermos o ultrassom.
_"Consegue sentir a bebe?", a doutora perguntou e eu neguei com a cabeça, Daisy deveria chutar mais não sentia por conta das dores. Notei que aquela altura eu já suava.
A doutora sorriu como se 'tudo bem', apertou o frasco com o gel gelado pela minha barriga e posicionou o transdutor pelo gel como um habitual exame de ultrassom, olhei pra Vinnie que segurava minha mão, Vinnie nunca foi muito bom em conseguir enxergar o ultrassom, mais ele naquele momento parecia querer se esforçar pra conseguir.

Olhei pra tela e lá estava minha bebê, eu sorri, apertando a mão de Vinnie, vibrei por dentro mesmo com a dor incomoda, mais vê-la já dava um acalento.
A doutora apertava alguns botões, movia o transdutor e meu olhar achou o rosto dela que olhava pra tela e não parecia despreocupada, pelo contrário.
_"Doutora tá tudo bem?", perguntei.
_"Eu já respondo, um segundinho", a doutora disse e uma vontade imensa de chorar me atingiu em cheio mais segurei o que deu, meus olhos se encheram de lágrimas e senti Vinnie me fazer um carinho.
_"Calma", ele sussurrou.