E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER

188

Após algum tempo aonde eu continuei na mesma posição decidi levantar, eu precisava estar pelo menos de pé pra ajudar minha mãe no que ela precisasse, fiquei de pé e vi a por tá do quarto aberta, no fim do corredor vi a porta do quarto dos meus pais fui lá a passos pequenos, eu não tinha pressa de chegar mais cheguei.
Era um quarto grande bonito uma cama grande de aparência confortável, estava organizado, ao lado de cada lado da cama tinha uma mesinha lateral em mogno com gavetas abajures, do lado da minha mãe tinha três livros, uma vela apagada, um porta joias pequeno que havia dado a ela.

Andei até o lado do meu pai e na dele tinha os óculos extras, remédios, um livro que duvido que tenha lido.
Peguei no puxador da gaveta e pensei duas vezes antes de abrir, mais a puxei devagar, dentro havia mais remédios, o controle do ar condicionado, pilhas, um terço e uma Bíblia pequena, moedas jogadas, sorri por ver que ele escondia um chocolate ali e um pacote de revelações, peguei o tirando da gaveta e espiei vendo que tinha algumas fotos ali, ainda meio receosa de mexer em algo que não era meu mais continuei.
Tirei todas as fotos virando pra colocá-las encima da cama, meu choro voltou quando vi a primeira foto do punhado de fotos que mandaram revelar, era a primeira foto que meu pai tirou com Daisy lá em casa quando tinha acabado de conhecê-la, a próxima era meu pai e minha mãe lá na Hype, espalhei pela cama pra olhá-las e todas as fotos eram da viagem de meu pai a Los Angeles pra conhecer Daisy, dos dias que passou lá, era acho que 15 a 20 fotos, ele e Vinnie, eu e ele, várias de Daisy, fotos que eu não tinha visto que ele mesmo tirou com o celular dele.

_"Ele queria fazer um mural de fotos", ouvi e me assustei quando vi minha mãe na porta do quarto e lá vinha meu choro tomar conta de mim novamente.
Minha mãe se aproximou se abaixando pra me abraçar, nada foi dito, apenas sentido, eu não poderia mensurar a dor dela, eu mal poderia imaginar perder Vinnie o homem que eu amo, imagine ela que tinha uma vida inteira ao lado do meu pai, dava pra ver o quanto ela estava arrasada.
Após um longo abraço minha mãe parou pra olhar as fotos junto comigo.
_"Seu pai pediu pra relevar esse monte de fotos", minha mãe contou mais eu não consegui responder, "todo dia antes de dormir ele dava uma olhada em uma por uma e dizia que eu precisava comprar um mural de fotos pra ele", minha mãe disse.
_"Ia ficar lindo", falei e minha mãe assentiu limpando uma lágrima que descia.

_"Eu amo essa foto", minha mãe disse pegando uma do monte e olhei pra ver e era linda mesmo.
Era eu segurando Daisy, meu pai e minha mãe ao lado, o cenário atrás era a vista da minha casa para Los Angeles, Vinnie havia tirado me lembro dela.
_"Fomos muito felizes nessa viagem", minha mãe disse e eu sorri porém eu sentia que precisava dizer algo pra minha mãe, dar alguma força a ela, mesmo que seja missão impossível.
_"Eu sinto muito mãe, vocês viveram uma linda história de amor, vocês se amaram até o final", falei e minha mãe sorriu enquanto chorava.

Ficamos mais algum tempo ali vendo fotos quando ouvimos a campainha.
_"Eu vou tomar banho ainda nem liguei pra funerária", minha mãe disse.
_"Eu faço isso", falei pegando o cartão que ela segurava e eu desci pra atender o portão, assim que botei a cara pra fora pra ver eu já suspirei pesado, era uma caravana de parentes, o dia mal tinha amanhecido e quase todos que estavam no churrasco estavam aqui de novo.
Todos pra dar os sentimentos e ajudar no que precisássemos, mais num precisávamos daquele amontoado de gente, ainda não.
_"Sinto muito pela sua perda", eu ouvi de todos que ali entraram.
_"Ja sabe que horas começa o velório?", alguém perguntou e eu neguei.
_"Ja tomaram um café da manhã?", minha tia Eliane perguntou e eu neguei e ela foi em duração da cozinha ela fazer isso.
_"Oh meu irmão", outra tia disse, a casa dos meus pais no segundos seguinte parecia uma zona.
_"Fiquem a vontade eu vou fazer uma ligação a funerária", falei e sai da sala rápido, eu queria respirar.

Eu sabia que estavam ali pra dar força, também estavam de luto, todos amavam ele, mais pra mim não dava ainda aquele falatório.
Eu tinha ficado pra estar com meu pais nos últimos dias e ajudar minha mãe nisso então peguei o celular e disquei o número.
_"Ola, meu nome é Sarah Hacker, tô ligando por que... meu pai acabou de falecer, precisava contratar o serviço de vocês..." falei e uma atendente boazinha me orientou, falei aonde estava meu pai, graças a Deus eu podia cuidar dessas coisas pelo telefone então foi mais fácil de decidir tudo.
_"Então será em madeira de Carvalho, chapa de 18mm, acabamento em verniz, será em tamanho padrão e duas coroas de flores?", a moça disse.
_"Isso", falei.
_"Vamos cuidar do translado, da documentação, cemitério é o Pq da Cantareira né?", a moça perguntou e eu confirmei, eu cuidaria de tudo e pagaria tudo.

Tudo encaminhado, a moça me deu o retorno dos horários certos do velório e enterro.
Fiquei mais algum tempo ali sentada no quintal, era cedo, o sol ainda nem tinha começado a esquentar, olhei no relógio e era 6:56hs ouvia o falatório dentro de casa e a campainha tocando novamente, antes que eu pudesse reclamar ouvi a voz de Júlia, era a única que eu não reclamaria da vinda.
_"Oi prima", Júlia disse vindo direto a mim nos fundos de casa e me levantei pra abraçá-la, "Sinto muito pelo tio Nil", ela disse.
_"Obrigada", falei.
_"Tomou o lugar dele no céu, já estava reservado", Júlia falou e eu assenti sorrindo, "Ta precisando de alguma coisa? Questão de velório?", ela perguntou.
_"Não, já está tudo encaminhado", falei.
Ela não precisou falar nada, só ficar o tempo todo ao meu lado, já me ajudava.

Júlia me ajudou a avisar a todos os antigos amigos de trabalho sobre meu pai, e a todas as pessoas que podiam interessar dar seu último adeus a ele.
A funerária buscou as roupas que minha mãe tinha separado pra preparação do corpo e em algumas horas seria liberado pra velarmos e enterrarmos.
Minha mãe estava mais contida, não chorava, conversava com minha tia Elis sobre coisas referentes ao meu pai, mais nada que fosse um assunto delicado, minha mãe falava sobre como tinha sido as últimas conversar com meu pai essas coisas.

_"Cacete eu já tinha pirado", ouvi Júlia falar sentada na minha cama enquanto eu penteava o cabelo no banheiro.
_"Por que?", perguntei.
_"Pessoal num dá descanso nem no luto", ela disse e eu respirei fundo, eu já podia imaginar o que era.
Já tinha olhado antes e alguns parentes, amigos já faziam homenagens a meu pai pela partida dele, então já tiveram certeza que o choro de Vinnie era por conta disso, e eu já tinha postado uma foto com meu pai com um coração preto que foi a confirmação pra todos da morte dele, eu passei o olho e tinha visto que recebia mensagens de apoio de fãs de Vinnie e eu agradeceria a todas quando tivesse chance, mais com isso lógico existia o fandom tóxico, que como Vinnie mesmo havia dito iriam julgar a falta da presença de Vinnie aqui assim que percebesse que Vinnie não tinha ido direto pra um aeroporto.

_"O que é Júlia?", perguntei só pra ter certeza se era isso mesmo e Júlia leu um comentário.
_"@Doidinhapelohacker comentou: 'Me recuso a acreditar que Vinnie não vai estar ao lado de Sarah nesse momento, que amor é esse?", Júlia leu, "ah vai se fuder olha esse que absurdo @user8178399 disse : 'Espero que quando Vinnie perder alguém próximo Sarah não esteja do lado dele também', tipo o que?", Júlia se questionou indignada.
Respirei fundo do banheiro, 'Inteligência emocional', 'não se sinta acuada' eram frases que passavam pela minha cabeça.
_"Me da aqui meu celular", falei e Júlia me olhou preocupada.
_"O que vai fazer?", Júlia perguntou.
_"Vou mandar um recado", falei.
_"Como sua prima que adoraria ver o circo pegar fogo eu daria o celular, mais como assessoria acho que o indicado seria você se resguardar nesse momento", Júlia disse.
_"Julia eu não tenho acessória e não te ofereci o emprego de acessória, te ofereci um emprego no estúdio, me dá meu celular", falei e ela fez uma careta me entregando.

_____________________________________