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MARATONA 1/3

Vinnie subiu com Daisy pra casa e eu fiquei no andar de baixo, eu estava sentada do lado de fora do salão de jogos e olhava pela vista de casa, repassei mil vezes tudo que meu pai tinha me contado, chorava, o céu de LA estava estrelado, olhava do céu pensando 'por que?'.
Por que ele? Por que meu pai? Meu pai não merecia, era um homem bom, tranquilo, dava valor a coisas pequenas, sem essa ideia de que Deus quer perto dele as melhores pessoas, não era justo.
Senti meu celular tocar dentro do bolso do moletom e peguei, era minha mãe, atendi rápido.

_"Sarah?", minha mãe disse assim que coloquei o telefone no ouvido mais não conseguia falar, "Eu sei filha, é difícil, eu acabei de chegar em casa, seu pai está lá em cima no quarto, me contou, tá triste por isso", ela disse e eu soluçava, tentei organizar meu choro pra conseguir falar alguma coisa.
_"Sarah, filha, seu pai está forte, vai encarar essa doença, precisamos acreditar em Deus", minha mãe disse.
_"Por que parece que ele desistiu?", perguntei depois de um longo tempo em silêncio e minha mãe fez silêncio agora, meu pai não me contou alguma coisa.
_"Sarah, o médico foi muito realista quando descobriu a doença, ele disse tudo, ele está num estágio avançado da doença, está sendo agressivo, a quimioterapia é um tratamento muito agressivo também, o cabelo dele vai cair, vai ficar fraco, náuseas, tudo que o tratamento faz com as pessoas, seu pai fumou por muitos anos...", minha mãe falava não querendo me falar.
_"Quanto tempo o médico deu pra ele?", perguntei e minha mãe suspirou do outro lado.

_"Sarah ele não deu um prazo, precisamos ver como ele vai reagir a primeira sessão de quimioterapia, pra assim o médico conseguir saber se o câncer vai recuar", minha mãe disse, "Talvez ele tenha que operar, vamos esperar a químio acontecer pra saber, mais vamos ter fé", minha mãe disse.
Desligamos depois de muito conversar, conversar com a minha mãe foi bom, ela pela primeira vez não exagerou como ela sempre fazia e como meu pai achou que ela faria.

Eu precisava me reorganizar, ninguém tinha morrido, meu pai era um homem forte, eu acreditava nele mesmo ele não acreditando em si mesmo, iríamos superar isso, não importa.
Me levantei da onde estava sentada e fui até o salão desligando o computador, a luz e fechando a porta, passei a mão pelo moletom da Purg que usava e subi pro andar de cima.
Vinnie brincava com Daisy em um tapete de atividades infantil, ela balançava os braços pro alto tentando tocar em uma girafa que fazia barulho, Vinnie estava sentado do lado balançando a girafa quando parou me vendo chegar ele não sorria pra mim, mais eu lancei um sorriso sem graça, Vinnie me olhava com cara de tristeza misturada com pena.

Eu estava de braços cruzados junto ao corpo, o mais fechada possível, olhei meio sem graça, eu não sabia o que fazer, me sentia meio perdida na minha própria casa, me lembrei de a pouco tempo atrás surtar por pensar que Vinnie me traia, antes fosse, mil vezes uma traição do que meu pai sofrer com uma doença.
Sentia um pouco de vergonha.
_"Quer se juntar a gente aqui?", Vinnie deu um mini sorriso, parecia nem lembrar que eu ameacei pedir o divórcio, assenti me aproximando deles, dando a volta no sofá e sentando no chão do lado contrário de Daisy que se esticava no tapete começando a virar uma bebê mais ativa, querendo brincar mais, sorri vendo ela sorrir pra Vinnie quando ele balançou a girafa, eu queria chorar, os sentimentos dentro de mim, estavam uma bagunça mais estar perto dos dois me ajudava.

Ficamos por muito tempo ali vendo Daisy reclamar querendo pegar a bendita girafa, era bonitinho ver ela assustada com um brinquedo que Luke deu em formato de hipopótamo que fazia barulho quando apertado, Daisy não curtiu muito.
_"Me desculpa por ter mentido pra você", Vinnie cortou o silêncio, olhei pra ele e ele quem parecia com vergonha, "Eu não queria, a verdade é que eu não sabia como lidar com isso, eu fiquei triste pelo seu pai, me doía te olhar, te ouvir perguntar e ter que segurar o choro, mais eu precisei deixar que ele te contasse, por isso eu tive que ficar fora de casa, você me conhece, sabe quando eu tô mentindo, você soube fácil que eu escondia algo, e não ia sossegar até saber o que eu tinha, você é teimosa quando quer", Vinnie me disse e sorri envergonhada olhei de novo pra Daisy.

_"Me desculpa por ter pensado besteira", falei e Vinnie não disse nada mais talvez mudar de assunto fosse uma boa pra ele.
_"Estava pensando que tal se eu for buscar um daqueles doces lá na 'Butter Fly', que tal aquele cronut de chocolate? Ou talvez uma Apple...", Vinnie falava até eu interromper.
_"Você acha que ele vai morrer?", perguntei e Vinnie me olhou com os olhos arregalados e eu o olhei querendo uma opinião verdadeira.

_"Não, não, eu acho...", Vinnie não sabia o que responder, procurou as palavras, parecia que podia ver sua mente trabalhando.
_"Sarah, a gente não pode pensar se sim ou não, vamos ajudar com o que pudermos pra que isso não aconteça, as pessoas se curam do câncer, precisamos acreditar que sim", Vinnie disse e voltei a chorar com a possibilidade.
_"Não, não, não linda, ele ainda vai começar o tratamento, vamos esperar a primeira químio pelo menos, mais precisa se desesperar vamos só rezar, acompanhar o tratamento, dar tudo do melhor pra ele", Vinnie disse e eu assenti, Vinnie estava certo.

_"Você quer... quer um abraço?", Vinnie perguntou e eu assenti ainda chorando e Vinnie se arrastou até mim me puxando para os braços dele, pra um abraço forte, firme, reconfortante, me senti bem, me senti segura, fiquei ali mais tempo do que podia contar, e poderia ficar muito mais tempo.
_"Vamos passar por isso Linda, vou estar ao seu lado", Vinnie disse e eu assenti, "Quer alguma coisa?".
Pensei um pouco e assenti.
_"Vai no Butter Fly e traz um de cada opção que estiver na vitrine?", pedi e Vinnie riu achando graça.






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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora