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Peguei o celular e realmente pensei se queria ou não gravar alguma coisa agora, podia parecer arrogante pro momento e o hate seria maior e lembrei que meu pai sempre me aconselhou a não apanhar calada, e a muito tempo fiz isso, não iria fazer hoje, não hoje!
Não sorri, nem conseguiria graças ao momento que estava vivendo mais fui firme ao falar, gravaria em inglês óbvio, fui até a janela do quarto aonde a luz que entrava era boa e respirei fundo antes de gravar, olhei pro céu limpo e azul e comecei a gravar.
_"Oi pessoal, é... eu só vim pra falar algumas coisas, eu quase nunca venho mais dada as circunstâncias eu achei melhor vim aqui, meu pai faleceu essa madrugada em decorrência de um câncer no pulmão", eu já sentia vontade de chorar, sentia que ficava vermelha ao falar, "ele descobriu o câncer quando eu estava grávida, num estágio já bem avançado aonde só um milagre salvaria ele...", falei sem nem quase respirar e continuei.

_"Meu pai já não tinha mais muito tempo de vida, todos nós sabíamos, nós não sabíamos quando mais sabíamos que ele partiria logo, Vinnie quem deu a ideia de a gente vim ao Brasil passar uns dias com meu pai, que foi a melhor decisão que podíamos ter tomado, a gente fez o passeio de balão que era um sonho do meu pai, acho que todo mundo viu por que a gente postou bastante sobre o passeio que foi incrível, o combinado é que ficaríamos aqui por 4 dias, nossas passagens já estavam compradas pra nossa volta a LA e no mesmo dia, faltando horas pro voo meu pai teve que ser internado, Vinnie tinha contrato assinado ele tinha trabalhos pra fazer e sugeriu que eu ficasse com meu pai, que ele levaria Daisy e cuidaria de tudo enquanto eu continuasse aqui, Vinnie não me abandonou aqui no Brasil, Vinnie não 'quis' ir embora, Vinnie 'tinha' que ir... ", falei e tava pronta enfim pra fazer o que realmente queria.

_"Eu perdi um pai, minha mãe perdeu o amor da vida dela, Daisy perdeu o vô e Vinnie perdeu o sogro, e hoje eu estou lidando com a dor de perder o pai, com o luto, velório e to vendo pessoas fazendo comentários maldosos sobre por que Vinnie não está ao meu lado nesse momento, é com isso que muita gente está preocupada, gente tem todo um combinado por trás, Vinnie até quis vim ao Brasil mais nós temos uma bebê, moramos em outro país, o voo de Los Angeles até aqui são de 8hs, ele chegaria aqui depois do enterro tivesse acabado, Vinnie amava meu pai demais, o que dói em mim dói em Vinnie também, dizer que não é maldade, eu tô pedindo encarecidamente haters hoje não...", falei, terminando o assunto já tinha passado o recado, haters iriam sempre existir, mais se tocasse alguém as palavras que falei já estava valendo, chega de ficar em silêncio lendo tanta merda.

Já tinha ido 11 stories de tudo que eu falei, mais voltei pra fazer só mais um ou dois por que achava necessário dizer mais alguma coisa.
_"E eu só quero agradecer as mensagem de carinhos, agradecer a todo mundo que me mandou forças...", falei mais olhei de volta pro céu e senti meus olhos encherem de lágrimas novamente, 'droga', pensei, 'cancelo ou posto assim mesmo?', fiquei na dúvida, mais continuei.
_"Meu pai era um homem muito incrível...", eu tinha milhares de adjetivos ao meu pai, incontáveis, mais minha voz embargou e o choro veio com força então decidi encerrar por ali, "Não consigo ainda, mais obrigada a todo mundo", falei e parei de gravar e postei bloqueando o celular, ainda não queria ver a reação quando assistissem.

Joguei o celular na cama e Júlia estava chorando quieta e olhei chorando também.
_"Vem cá", ela disse e me aproximei deitando na cama e colocando a cabeça no colo dela e ela fez cafuné.
Eu escutava o falatório no andar de baixo, pra minha mãe era melhor estar com outras pessoas, se ficasse tudo um completo silêncio como ficaria comigo e com ela sozinhas até a hora do velório acredito que ela ficaria mais triste do que já estava.

(...)

O velório começou as 10hs, todos aguardávamos não frente da onde o corpo de meu pai seria velado pra o último adeus, apesar que eu não considerava assim, meu pai já tinha ido, o nosso adeus já tinha acontecido quando o abracei forte quando tive que ir embora do horário de visita.
Não sabia se estava preparada pra aquilo, mais eu parecia bem mais forte que minha mãe, ela passou boa parte quieta de cabeça baixa, apática, poucas palavras, nenhum sorriso, nem os sorrisos sociais que são pequenos que usamos as vezes inconscientemente quando cumprimentamos alguém, nada.

Foi um momento triste, se o última reunião da minha família, o churrasco que teve na casa de meus pais foi um momento alegre esse era o completo oposto, muito choro, muito abraço, muita conversa relembrando os jeitos e histórias de meu pai, todos apareceram ali, amigos de trabalho, amigos de pescaria, hobbie que meu pai tinha mais não praticava a muito tempo, colegas que fizeram faculdade com ele há 20 anos atrás, meu pai era um homem muito amigável, e conservava seus amizades, foi legal ver o quanto de gente apareceu por ele.

Precisava pegar um ar e sai do local indo pra área externa, peguei o celular no bolso, não eu tinha tocado nele desde que tinha postado os stories .
'Postar aquilo nesse momento me mostra o você é a mulher mais forte e incrível que eu conheço, te amo tanto', Vinnie mandou, referente aos stories.
Eu evitei entrar em rede social, Instagram, Twitter, olharia em outro momento, não queria ver os comentários.
Mais havia mensagens e ligações perdidas de todo mundo que eu conhecia, Kouvr disse que não via a hora de poder me dar um abraço, Ladner, Chase, Dixie, Noah, Tayler, Jessy, Michael, algumas pessoas da antiga agência também, todos haviam mandado, nem no meu aniversário deveria receber tanta mensagem, Luke me mandava mensagem me dando sentimentos e falando tantas outras coisas que me voltaram a querer chorar novamente, li mais algumas mensagens de amigos e respirei fundo olhando pro céu.

Perder meu pai foi como perder um pedaço de mim, algo que sabia que não recuperaria mais, todo mundo passa por isso uma vez na vida, e apesar de sabermos que perderemos as pessoas que amamos pra morte um dia nunca estaremos preparados pra ela, até mesmo nos que sabíamos que isso aconteceria logo, que tivemos inúmeros momentos pra nós despedir, que demos vários abraços achando que aquele seria o último, mesmo conseguindo passar por momentos especiais antes da hora, não estávamos preparados, nem queria estar, essa dor eu deveria sentir, estranho seria se eu não sentisse, mais de longe ainda não aceitava.
Na morte temos os 5 estágios do Luto; negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, e eu com certeza ainda estava na primeira fase.

Meu pai foi enterrado depois de 7 horas de velório, aonde permanecemos a todo o momento ao lado do caixão, recebendo o carinho e o conforto de todas as pessoas que compareceram.
Foi um dia pesado, doloroso, mais chegou a uma altura que eu não conseguia mais chorar, minha cabeça doeu o tempo todo, Vinnie manteve contato a todo momento e eu respondia ele sempre que ele mandava mensagem, estava querendo se fazer presente mesmo distante, mais não falávamos sobre o assunto doloroso, e sim sobre Daisy, Vinnie mandava fotos dela e me fazia bem olhá-la naquele momento.
No carro indo embora do cemitério eu dirigia e Júlia ia no banco de trás e minha mãe sentada na frente, antes mesmo de chegar na casa da minha mãe já queria ir embora.
_"Mãe, eu preciso... quero ir embora", falei e minha mãe assentiu, "Mãe é sério, eu não quero mais ficar aqui", falei.
_"Eu sei filha você deveria ir embora mesmo", minha mãe disse e olhei pro retrovisor e Júlia me olhava atenta escutando a conversa.

_"A gente pode estudar um jeito de você ir embora também mãe", falei e minha mãe negou.
_"Lógico que não Sarah", minha mãe disse e eu estacionei na garagem.
_"Não, mãe pensa, você vai ficar morando nessa casa enorme sozinha?", falei e minha mãe olhou a casa.
_"Não precisa pensar nisso agora, mais a gente pode ajeitar tudo pra sua ida pra lá, morar perto de mim, de Daisy...", falei e minha mãe deu um mini sorriso.
_"Vocês duas...", falei olhando pra trás, "eu vou embora por que preciso, tem Daisy, Vinnie, o estúdio, mais assim que vocês estiverem prontas pra irem eu e Vinnie adiantamos tudo pra vocês duas", falei.
Júlia eu ainda não tinha certeza se tinha aceitado a ida, ela tinha trabalho e namorado aqui então tinha essas questões, mais minha mãe eu levaria, não queria deixá-la sozinha aqui.










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Ola meninxs, precisávamos encerrar essa fase mais triste pra entrarmos no ato final, hora de voltar pra Los Angeles.

Votem e comentem ❤️⭐️




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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora