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Foi uma decisão difícil de se fazer, mais Vinnie era um homem tão incrível que me deu motivos para ficar.
_"Sarah, vamos ser lúcidos na questão dessa doença, eu sei que deve doer, dói em mim também eu amo seu, ele é um ótimo sogro, por muito tempo a gente sabe sobre mais evitamos falar mesmo que a gente saiba que vai acontecer, então pelo que o médico disse em poucos dias ele vai...", eu escutava tudo de cabeça baixa sentada ainda de toalha na cama, "ele vai acabar partindo, fica com ele, com a sua mãe, eu nem sei como ela vai conseguir passar por isso se você não estiver por perto", ele disse e pela primeira vez eu pensei, minha mãe que era sempre alegre, espalhafatosa, tem ficado tão quieta nos últimos dias ela já deveria sentir o que estava por vim.

_"Mais e Daisy?", perguntei olhando Daisy que dormia na cama.
_"Eu consigo cuidar dela", Vinnie disse e eu tinha certeza disso, "e posso pedir pra minha mãe pegar um voo e ir lá pra casa, do jeito que o voo daqui pro Brasil demora ela chega em casa antes que eu e Daisy", ele disse.
Mesmo eu sabendo que Vinnie era um ótimo pai e cuidaria bem sozinho eu preferia que Maria estivesse junto, me sentia mais segura.
_"Vou ligar pra minha mãe ta?", Vinnie perguntou e eu assenti.

Depois de combinar com minha sogra que topou de imediato ir lá pra casa pra ajudar Vinnie com Daisy eu me tranquilizei e cheguei a conclusão que era melhor mesmo, minha mãe precisaria de mim quando o pior acontecesse, e se acontecesse quando eu tivesse em LA eu não iria me sentir bem, iria querer voltar pra passar por isso ao lado dela, então Vinnie estava certo, eu precisava ficar.
Vinnie foi tomar banho pra se arrumar enquanto eu fiquei com Daisy, curtindo o momento com ela, ela ainda estava sonolenta.
_"Você vai pra casa com o papai, mamãe vai ficar com a vovó e com o vovô ta? Cuida do papai pra mim", falei e Daisy sorria como se entendesse.
Levei os dois no aeroporto, conseguimos suspender minha passagem na companhia aérea, foram solícitos quando expliquei a situação, acompanhei os dois até a aérea de embarque, Vinnie parecia bem com a ideia de ir embora e me deixar, pra ele aquilo parecia o certo.

_"Você vai ficar bem?", Vinnie perguntou assim que paramos na porta aonde eu já não poderia mais seguir com eles, eu não sabia o que responder sobre aquela pergunta.
_"Você vai conseguir se virar bem sem mim?", perguntei e ele foi rápido na resposta.
_"Não, não tão bem, mais vamos dar um jeito", Vinnie disse fazendo um carinho em Daisy no meu colo, "Não se preocupa com a gente, vamos se falando o dia inteiro tá bom? Pode me ligar a hora que for independente de fuso, se me ligar de madrugada eu vou atender, juro", Vinnie disse e eu sorri pra ele.
_"Eu te amo filha, a mamãe vai logo", falei e dando um abraço nela, independente do tempo, independente da distância, se despedir de Daisy pela primeira vez era algo ruim.
_"Fica bem tá?", Vinnie falou me fazendo um carinho no meu queixo e olhando nos meus olhos, e eu assenti, eu já sabia o que esperar dos próximos dias 'ficar bem', não era algo que eu poderia garantir que iria fazer.
_"Eu te amo", falei e meus olhos encheram de lágrimas e Vinnie sorriu se aproximando pra me dar um beijo suave, terno, delicado, cheio de sentimento.
_"Te amo linda, vou ficar te esperando", Vinnie disse ao final do beijo e eu assenti, aproveitei pra dar outro beijo em Daisy que Vinnie tomou nos braços dele e se afastou olhando pra trás e sorriu dando um tchauzinho que eu retribui e ele passou da porta e no segundo depois eu não conseguia mais vê-los, fiquei mais alguns segundos olhando pela porta até acordar que não adiantava eu esperar ele já tinham ido.

Me afastei colocando as mãos no moletom da Purg e fui na direção do estacionamento, dirigi de volta até o hospital.
_"Olá, sou filha de Nelson, voltei pra vê-lo", falei e a recepcionista após verificar no computador me disse que poderia subir que ele já tinha feito um exame e fiz isso, apertei o elevador indo ao 4 andar, indo ao quarto dele, encontrei minha tia Michele mãe de Júlia e o meu tio Cleiton no quarto, a notícia da internação dele já deveria ser assunto no grupo da família eu era grata por já ter saído do grupo a anos atrás com a desculpa esfarrapada.
_"Sarah? Cadê Vinnie e Daisy? Seu voo num sai daqui a pouco?", minha mãe perguntou, tinha esquecido de avisar que tinha decidido ficar.
_"Eu não vou...", falei e meu pai me olhou não entendendo, "Eles embarcaram e eu decidi ficar mais um pouco", falei sorrindo, num queria que ficasse muito na cara que eu fiquei até o momento crucial mais todos ali sabiam disso.

Passamos o dia ali, mais alguns parentes compareceram ao hospital pra prestar sua solidariedade, todos foram caridosos e solícitos, fortalecendo a ideia de que devíamos ligar caso precisássemos de algo.
Ao final do dia minha mãe foi em vasa e voltou trazendo tudo que precisavam, ela insistiu em passar a noite com ele, não era permitido que nós duas ficássemos e ela parecia não querer ficar mais nenhum segundo longe de meu pai e eu entendia ela 100%.

O horário que era permitido a minha permanência era até as 20hs e eu fiquei feliz pelo médico conseguir aparecer pouco tempo antes pra dar o parecer sobre o resultado dos exames que meu pai havia feito hoje.
O médico entrou no quarto sorrindo, sorriso social, sorria por sorrir por que assim que ele abriu a pasta de exames a fisionomia dele mudou pra algo menos animador.
_"Como está se sentindo Sr Nilsson?", o médico perguntou.
_"Não muito bem, me sinto fraco", meu pai disse e aquilo não pareceu deixar o médico surpreso, era um sintoma comum.
_"Então...", o médico nos olhou pra que nos preparássemos para o que ele ia dizer, "Nilsson os exames me mostraram uma piora significativa do seu quadro, não temos mais nenhum tratamento efetivo, não é um quadro que dá pra reverter, sabemos não é? Eu sei que é doloroso esse momento mais eu fiz um juramento quando me formei em que dizer a verdade é a melhor opção, espero que entendam", o médico disse e todos assentimos, meu pai parecia bem em ouvir tudo aquilo.

_"Estou então entrando com um tratamento paliativo que tem como função atenuar o mal estar, vai aliviar as dores, diminuir o sofrimento, não há mais nada que podemos fazer além disso, você está são o que é ótimo, aconselho você a manter a calma, seguir tranquilo, eu vou estar aqui pra você Nilsson", o médico disse e após passar mais algumas instruções se retirou do quarto.
Estava tranquila, meu pai parecia tranquilo, meu pai sempre foi bom em lidar com problemas e lidava com esse bem também.

Eu me despedi de minha mãe e meu pai as 20hs quando a visita terminou e dirigi pra casa deles, estacionei o carro na garagem e me sentia só, estava, acho que nunca quis tanto Vinnie e Daisy comigo, queria tanto me deitar no colo de Vinnie e fechar os olhos e sentir ele fazer um carinho no meu cabelo, queria colocar Daisy no colo e sentir ela mexer no minha orelha, Daisy fazia isso quando sentia sono.
Entrei na casa de meus pais não liguei nenhuma luz da sala, fui direto pro andar de cima, fui ao meu quarto tomei um banho e deitei na cama, olhava pro celular esperando Vinnie me mandar mensagem pra dizer que havia chegado em LA, peguei no sono.








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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora