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_"Meu sua irmã é ácida", meu pai disse e minha mãe assentiu, mesmo sendo irmã dela ela tinha plena noção de como minha tia Michele era.
Dormimos cedo na noite anterior depois do churrasco e acordamos cedo hoje.
_"Eu não sei como Júlia aguenta", falei.
_"Tomara que ela vá mesmo morar pra lá", meu pai disse.
_"É eu num sei não, o convite foi feito, ela sempre quis ir, parece que agora que ela realmente pode ela tá com um pouco de medo", falei.
_"Eu acabo entendendo ela, foi assustador pra quando fui, e olha que naquela época que eu era jovem, num tinha nada aqui, agora ela tem um emprego, um namorado que ela parece amar", falei.
_"O cara é legal, o tal de Marcos né? Mais eles estão juntos a o que 5 meses? Será que ama mesmo pra deixar passar essa oportunidade?", minha mãe disse e paramos de falar quando meu pai começou uma tosse pesada na mesa do café da manhã.

_"O que vão fazer hoje?", meu pai perguntou depois da crise de tosse dele.
Tínhamos que pegar estrada hoje no final da tarde, pra Boituva, se hospedar no hotel pra amanhã cedo termos o passeio de balão, lembrei que meu pai ainda não fazia a mínima ideia do passeio, sorri olhando pra minha mãe que se sentia orgulhosa de pelo menos isso ter conseguido guardar segredo.
_"Que tal terminarmos esse café da manhã e ir ali no Ibira?", perguntei, o portão 8 do Parque Ibirapuera era literalmente no final da rua da casa dos meus pais, era quase um crime estar tão próximo e não ir la.
_"Boa ideia adorei", meu pai falou tossindo novamente e passou a mão nos cabelos onde saiu um pouco de fios nos dedos dele, coisa pouca mais como eu, minha mãe e Vinnie estávamos preocupados com ele nós notamos, Vinnie que brincava com Daisy na mesa me olhou preocupado mais não disse nada.

_"Então vai termina pra irmos", fingiu que nada estava acontecendo e deu um tapa na mão pra tirar os fios.
Nos terminamos o café da manhã e nos trocamos e fomos andando até o final da rua pro parque, era 10hs da manhã de um sábado e o parque já estava cheio, muitas pessoas se exercitando, aquilo não mudava nunca, lembro de ir e toda vez ficava, quero ser assim quando eu crescer, pessoas que acordam cedo no final de semana pra se exercitar, correr no parque, malhar, cresci e não me tornei assim.
Nos demos uma volta no parque e Vinnie pareceu adorar o lugar.
_"Caralho você tinha isso do lado de casa?", Vinnie falou e eu assenti.
_"Eu iria viver aqui", Vinnie falou e eu imagino que sim mesmo, ele poderia sim acordar cedo pra vim correr, ou andar de skate, era cara dele.

Nos sentamos debaixo de uma árvore que eu e meus pais sempre sentávamos quando estávamos aqui, um lugar estratégico, minha mãe esticou um lençol e sentamos, Daisy estava no carrinho e ria sempre que passava alguém correndo, ela achava engraçado.
Nos 4 nos sentamos e meu pai tossia algumas vezes apenas, um silêncio foi feito e ficamos ali apenas admirando o lugar, Vinnie olhava curioso todo mundo que passava até ele mesmo cortar o silêncio.
_"Aqui parece o Central Park", Vinnie disse e eu e meu pai quase que como tivéssemos combinado rimos alto com a comparação.
_"Pelo amor de Deus, quase morri e não foi de câncer", meu pai disse sobre morrer de tanto rir, era quase um costume dele fazer piadas sobre morte nos últimos tempos.
_"O que? Já foi lá?", Vinnie perguntou e eu mesma apesar de ter ido a Nova York, nunca tinha ido ao parque, só tinha visto por foto, mais meu pai sim, e nem se comparava.
_"Central Park é 4 vezes maior", meu pai disse.

Minha mãe tinha trago algumas coisas pra beliscar e pra beber e ficamos ali por algum tempo apenas conversando, eu queria saber como andava a doença, não tínhamos falado disso desde que chegamos e confesso que ver a tosse dele atualmente me assustava um pouco apesar de disfarçarmos sempre que ele tossia.
Mais meu pai por escolha própria puxou o assunto ali.
_"A doença tá fazendo meu cabelo cair", meu pai disse em inglês, percebi que queria manter minha mãe fora da conversa já que ela não entendia inglês muito bem e Vinnie assentiu fazendo cara de chateado.
_"Você vai ficar lindo careca", falei e meu pai sorriu.
Minha mãe mandava mensagem de voz pra alguma tia minha então nem prestava atenção.

_"Algo doi?", perguntei e meu pai assentiu, fiquei surpresa pela resposta não parecia que doía.
_"Sinto uma dor constante, sinto minhas juntas doerem", meu pai disse.
_"Quer ir no médico?", perguntei.
_"Não, sinto isso já faz semanas, com químio e sem químio a dor é constante, já até acostumei", meu pai falou e olhei pra Vinnie que me lançou um olhar preocupado, deveria ser difícil viver 24 horas com uma dor, imagine semanas.
_"Você não acha que voltar...", falava mais meu pai me interrompeu.
_"Não Sarah, achei que tínhamos chegado ao fim com esse assunto, já foi decidido", meu pai disse e eu olhei pelo lago me forçando a não chorar, só de pensar no assunto eu já sentia meu coração apertar, "A químio debilita demais, me deixa pior do que estou aqui, se tivesse fazendo o tratamento e vocês viessem você iria se assustar, eu passava mal o dia inteiro, eu sentia vontade de morrer de tão péssimo que me sentia...", meu pai disse e eu já tinha ligo sobre e é realmente um tratamento forte de se fazer.

_"Eu vou morrer, do mesmo jeito que iria se continuasse a fazer a químio, mais não vou vomitar es sentir fraco até o momento", meu pai disse e eu mordi minha boca deixando uma lágrima soltar.
_"Vocês estão falando da doença em inglês só pra me excluírem né?", minha mãe perguntou e eu virei de volta assentindo, já tinha dado aquele assunto, ótimo ela ter cortado.
_"Para de falar sobre isso, acaba com o clíma bom", minha mãe disse atendendo o telefone que agora recebi uma ligação.
_"Desculpa tocar no assunto", meu pai falou sorrindo pra mim e pra Vinnie, e Vinnie forçou um sorriso por simpatia e eu tentei fazer o mesmo, mais acho que não consegui.
_"O importante é que vocês estão aqui", meu pai disse e nos sorrimos, "Entra com certeza num dos melhores dias da minha vida, esses com vocês três aqui", meu pai falou e eu lembrei do nosso passeio amanhã.

_"Você não perde por esperar", falei e Vinnie sorriu assentindo e meu pai olhou confuso, mais querendo sabendo que íamos aprontar.
_"Alem de te ver, sabe o que eu vim fazer aqui?", perguntei e meu pai pareceu mais confuso ainda.
_"O que?", ele perguntou e Vinnie parecia não se aguentar pra que meu pai soubesse logo.
_"Antes de se quer pensarmos em vim pro Brasil, eu primeiro comprei um passeio de balão pra vocês", falei e meu pai arregalou os olhos fechando a boca com a mão super surpreso.
_"Não brinca", ele exclamou.
_"Eu liguei pra uma agência que faz o voo e no meio da ligação Vinnie sugeriu que viéssemos pra fazermos o passeio junto com vocês", falei e meu pai olhou pra Vinnie que assentiu sorrindo.
_"Nos vamos pra Boituva no final da tarde, vamos se hospedar lá, por que amanhã as 6hs a gente vai fazer o passeio", falei e surpreendentemente vi meu pai chorar e tampar o rosto com a mão, aquilo me fez chorar também e me aproximei pra abraçá-lo.
_"Você tá falando sério?", ele perguntou e eu assenti.
_"Sarah obrigada, eu sou um pai mais sortudo do mundo, você é uma filha incrível", meu pai disse, e abraçou Vinnie em seguida, "Você é o cara", meu pai disse e minha mãe mesmo sem entender o que falávamos ela pareceu perceber que seria sobre o passeio.

_"Contou?", ela perguntou e meu pai assentiu, "Graças a Deus, num aguentava mais guardar esse segredo", ela disse e rimos.
_"Então vamos embora", meu pai disse e eu olhei confusa.
_"Não precisamos ir embora, ainda vai dar meio dia, temos que fazer checkin só as 18hs em Boituva, podemos sair de casa às 16:30hs só", falei.
_"Não, a gente ainda tem que almoçar, preciso fazer algumas coisas antes de irmos", meu pai disse e nesse pique acelerado que agora ele estava ele nos fez levantar e irmos embora, ele já estava ansioso pra viver aquele sonho dele.










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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora