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Minha mãe quase que instantaneamente saiu pelo portão vindo na nossa direção com os braços abertos.
_"Me desculpa Sarah", minha mãe disse e eu olhei confusa abraçando ela.
_"Sua mãe não sabe guardar segredo Sarah", meu pai disse e olhei pra ela e ela levantou os ombros como se falasse 'desculpa'.
_"Na verdade eu não falei nada, seu pai que descobriu", minha mãe disse enquanto o taxista tirava nossas malas do porta mala com ajuda de Vinnie.
_"Ah sua mãe foi no mercado e trouxe todos os produtos do corredor de tranqueiras, chocolate, salgadinho, doces, pra gente que não era, logo sabia que era pra vocês, mais foi difícil acreditar que Vinnie vinha", meu pai disse.

_"Exagerado, comprei só algumas coisas", minha mãe disse.
_"Foi ideia dele", falei e meu pai olhou surpreso pra Vinnie que olhou não sabendo do que falávamos.
_"Foi sua ideia de vim?", meu pai perguntou em inglês pra Vinnie.
_"Claro, num sei por que não vim antes", Vinnie falou e eu olhei, eu sabia bem, Vinnie mordia de preguiça só de pensar na duração do voo, mais depois da viagem do Japão ele num tinha mais motivos pra continuar enrolando.
Pagamos o táxi e eu e Vinnie levamos as malas pra dentro da casa de meus pais as deixando na sala mesmo.

_"Entra Vinnie fica a vontade", meu pai disse e Vinnie sorriu entrando na casa dos meus pais que ele só conheci por foto.
_"Falou lá de casa mais aqui também é mo casão", Vinnie falou e meu pai riu.
Era uma casa boa, era de acordo com o local, é um bairro mais nobre, vivi ali desde que nasci até os 18 anos antes de ir pra LA, tinha boas lembranças dali.
_"Como ela está linda", meu pai disse vendo Daisy no colide minha mãe que j tinha acordado e olhava meus pais quieta.
_"Ela ta esperta", minha mãe disse admirando Daisy.
_"Vem deixa eu te mostrar a casa", falei a puxei Vinnie pra me seguir, era um terreno grande cumprido, acredito ser a casa mais modesta da rua, garagem para dois carros, casa média amarela, sala, cozinha, banheiro em baixo e uma escada que dava pra 3 quartos em cima, aonde apenas um era usado já que só morava meus pais ali e atrás da casa ficava um grande quintal, com uma fonte, onde jogávamos muitas moedas e eu de vez em quando roubava algumas, com uma árvore grande que dava manga e separado da casa tinha um quartinho aonde muitos anos atrás meu pai usava pra guardar ferramentas e essas bagunças, eu gostava do quintal, costumava ser um quintal bem cuidado, meu pai aparava a grama sempre, mais por conta da doença não estava mais sendo feito, a grama estava grande e a fonte estava suja e seca, mais mesmo assim era um lugar legal pra se crescer, lembro de passar muito tempo ali.

_"Aqui é daora", Vinnie falou.
_"Costumava ser mais bonito", falei olhando o quintal com Vinnie abraçado a mim, suspirei olhando aquele lugar.
_"Preciso aparar a grama né?", meu pai perguntou em inglês e tanto eu quanto Vinnie assentimos.
_"Precisa daqui a pouco tá batendo na cintura esse mato", falei e meu pai revirou os olhos, eu exagerei um pouco.
_"Vou fazer isso antes...", meu pai falava e Vinnie coçou a garganta com um 'cof cof' pra que eu não me tocasse e ouvisse meu pai, Vinnie parecia já saber o que meu pai falaria de tão rápido que foi.
Confesso que eu demorei pra me tocar, mais não falei nada.

_"Vem vamos entrar, sua mãe fez um almoço caprichado", meu pai falou me dando o braço que eu peguei e ele e Vinnie me acompanhou pra dentro de casa.
_"Eu pedi emprestado pra uma moça da rua esse carrinho Sarah", minha mãe disse trazendo um carrinho de bebê pra me mostrar.
_"Mãe não precisava", falei.
_"Lógico que precisava, ela disse que tem dois então num custava empreste um né?", ela disse.
_"Me fala como que eu num ia descobrir que vocês viriam quando vi as tranqueiras que sua mãe comprou no mercado ontem e encontrei um carrinho de bebê hoje de manhã?", meu pai falou nos fazendo rir, é lógico que ele descobriria.

Almoçávamos enquanto conversávamos, aparentemente meu pai ainda nem desconfiava do passeio de balão, o que pelo menos minha mãe conseguiu deixar em segredo essa parte.
_"O caminho até aqui já me surpreendi", Vinnie falou e eu olhei confusa.
_"Se surpreendeu com o que?", minha mãe perguntou.
_"Ah sei lá, achei que fosse diferente", Vinnie falou e eu pesquei a referência, americano sempre tem uma ideia estereotipada do Brasil diferente do que realmente é.
_"Achou que ia chegar ouvindo um samba, ver mulheres seminuas e encontrar uma floresta?", perguntei debochando e Vinnie riu tampando a boca e com a outra mão fazendo um 'não' com o dedo.

_"Talvez uns índios", meu pai falou e Vinnie se jogou pra trás rindo mais ainda.
_"Ficou surpreso por que não fomos assaltados né?", perguntei e Vinnie ria e negava com a cabeça.
_"Para eu num falei nada disso", Vinnie se defendeu e eu ri.
_"Pensou né?", meu pai perguntou.
_"Só quem tem direito de zoar o Brasil é os Brasileiros Vinnie, se liga", falei e Vinnie levantou os braços se defendendo.
O clima estava tão bom, meu pai ria alto, minha mãe parecia feliz com nossa presença ali, e era recíproco por que tanto eu quanto Vinnie que demostrava, também estávamos felizes de estar ali, meu tentava não tossir na minha frente mais eu via que ele fazia força pra não tossir, e faziam planos de irem a vários lugares, mesmo sabendo que não daria já que tínhamos pouco tempo no Brasil.

_"Ainda não avisei ninguém que vocês estavam vindo", minha mãe disse depois do jantar enquanto arrumávamos a cozinha e Vinnie e meu pai estavam na sala conversando.
_"Vou mandar mensagem pra Julia", falei pegando meu celular.
_"Podemos fazer um churrasco", minha mãe disse e eu assenti, seria uma boa ideia pra juntar a família, encontrar todo mundo e apresentar Vinnie pra quem só conhecia ele por foto.






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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora