E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER

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Quem diria que aquele passeio se tornaria um dos momentos mais incríveis na minha vida, mesmo com o medo de altura e com a conversa cortante que me fazia ficar triste só de saber que era algo real, mais acabou se tornando especial mesmo assim.
Após 40 minutos de voo o balão se aproximava do solo cada segundo mais e eu acompanhava a descida atenta pra que desse tudo certo até eu estar segura no chão.
_"E pronto fim de voo", João disse quando pousamos e finalmente eu voltei a respirar tranquilamente.
Vinnie me ajudou a sair da cesta, assim como ajudou minha mãe e meu pai.
_"Oque acharam? Gostaram do voo?", João perguntou.
_"Eu amei", meu pai respondeu prontamente e eu sorri por saber que ele tinha realmente amado.
_"Eu adorei", Vinnie disse me abraçando por trás e João que tinha em suas mãos uma champanhe e era tradicional o brinde após o voo, ele nos deu instruções pra pegarmos taças e ele encheu-as.
_"Vamos então brindarmos ao incrível voo que tivemos, brindarmos ao início de dia incrível que vamos ter...", João disse levantando então meu pai levantou o dedo pedindo a palavra e João olhou surpreso, ninguém deveria pedir a palavra a um simples brinde após um voo de balão, mais ele apontou pra que meu pai continuasse o brinde.
_"Gostaria de brindar ao passeio memorável que tivemos, com certeza foi um sonho realizado, foi um dos sentimentos mais puros e emocionantes quando subimos acima das nuvens", meu pai disse e eu assenti, era exatamente o que eu tinha sentido.

_"Um brinde a isso", o João disse e todos brindamos as palavras de meu pai, Vinnie mesmo não tendo entendido nada brindou também, como se entendesse.
O passeio havia chegado ao fim e era a hora de voltar ao hotel fazenda, ainda era bem cedo, João nos levou de volta ao hotel na minivan junto com os outros hóspedes, e encontramos Júlia com Daisy no colo com uma blusa quente no refeitório aonde tinha um buffet incrível de café da manhã, acelerei os passos pra agarrar Daisy.
_"Bom dia", falei pra Daisy quando ela me deu os braços e Júlia a entregou a mim, "Você acordou cedo", falei conversando com Daisy que sorria e Vinnie se aproximou pra dar um beijo nela.
_"Ela parece que sentiu que vocês tinham saído, acredita ela se virou mil vezes até acordar", Júlia falou.
_"Serio?", perguntei e Júlia assentiu, "Você sentiu falta da mamãe?", perguntei pra Daisy, "Cade Marcos?", perguntei.
_"Dormindo", ela disse revirando os olhos, não disse nada mais aquilo era sinal de algo.

Tomamos um café da manhã incrível que o hotel fazenda nos proporcionou e deu pra ver que foi uma experiência particularmente incrível pra Vinnie já que ele comeu de tudo e muito, gemia de prazer por cada coisa que mordia.
_"Ok, isso já tá bizarro Vinnie", meu pai falou e Vinnie riu.
_"Isso é tradicional no café da manhã brasileiro? Por que não comemos assim em casa?", Vinnie perguntou e eu lancei um olhar o repreendendo.
_"Por que você casou com uma mulher com dom pra fotografia e não com dom pra cozinhar", meu pai disse e eu agora lançava a ele um olhar o repreendendo.
_"Eu cozinho bem", falei.
_"Sim", Vinnie disse concordando, "Só tem preguiça de cozinhar".
_"Quieto Vinnie", falei e ele se aproximou pra me beijar pra se desculpar e eu ri, ele tinha razão, depois do nascimento de Daisy eu ficava cada vez com mais preguiça de cozinhar.

Não tivemos pressa de ir embora de lá, aproveitamos o resto de dia naquela fazenda, dava pra se ver aviões que passavam a todo momento já que ao longe conseguíamos ver saltos de paraquedas sendo feitos, a fazenda ficava bem no alto e a vista era incrível dali.
_"Da uma olhada ali", Vinnie falou quando sentamos numa daquelas cadeiras de piscina apenas observando a vista, meu coração se enchia de amor quando virei a cabeça procurando e vi meu pai levando Daisy pra ver os animais da fazenda, os admirava de longe, meu pai falava alguma coisa a ela, que estava no colo dele, não dava pra escutar, seria uma conversa só dos dois, um momento só deles.

Decidimos fazer checkout do hotel fazenda no final da tarde e depois de um dia agradável, no caminho de volta eu já me via começando a ficar chateada por ter que ir embora pra LA no dia seguinte, Vinnie teria que fazer as fotos da marca de Tayler na terça e na quarta então deveríamos voltar amanhã.
Ouvíamos música no caminho e meu pai, minha mãe e Daisy dormiam no banco de trás, Vinnie curtia o trajeto animado quando meu pai acordou com uma tosse forte aonde acordou minha mãe também, olhava pelo retrovisor, e comecei a ficar um pouco preocupada quando ela durou mais do que o normal, meu pai alcançou um lenço e tampou a boca e minha mãe procurou uma garrafa de água pra dar a ele, e quando ele finalmente conseguiu parar notei que o paninho havia sangue.

_"Pai tá tudo bem?", perguntei, pergunta idiota, lógico que não estava.
_"Ah, tudo", meu pai disse forçando um sorriso.
_"Essas tosses estão cada vez pior Nil", minha mãe disse pra ele.
_"Estão do mesmo", meu pai disse e olhou pelo espelho me vendo olhar por eles pra vê-lo, "Presta atenção no trânsito Sarah, eu tô bem", meu pai disse e abaixei os olhos pra pista.
Ele tossiu forte mais algumas vezes pelo caminho até em casa.

_"Eu vou subir pra deitar um pouco", meu pai disse, "Tá tudo bem", ele disse já sabendo que olhávamos estranhando aquilo enquanto ele subia.
_"O que você acha?", perguntei depois de me certificar que meu pai tinha subido e não ouviria a pergunta.
Mais não tive nenhuma resposta da minha mãe que deu de ombros não sabendo o que responder.
Vinnie segurava Daisy no colo já que ela dormia desde que tínhamos saídos de Boituva.
_"Sarah ele foi deitar?", Vinnie perguntou e eu assenti, "Nos acordamos cedo demais, teve o passeio, depois aproveitamos o dia todo lá no hotel, ele andou pra lá e pra cá com Daisy, está cansado só", Vinnie falou e eu assenti.

_"Então hora de dizer bye", Júlia disse eu tinha até esquecido de Júlia e Marcos que estacionaram junto com nós quando chegamos.
_"Espera aí que eu vou buscar os moletons", Vinnie disse subindo as escadas e descendo rápido poucos segundos depois.
_"Trouxe o estoque todo?", ela perguntou e eu assenti revirando os olhos.
_"Vocês escolhem um", Vinnie disse e Júlia perguntou pra que eu traduzisse o que Vinnie havia dito.
_"Só um pra você, um pra Marcos e o resto você distribui pro pessoal, um pra cada, pra dar pra todo mundo", falei resumindo antes que Vinnie falasse.
_"E da o resto pro pessoal", Vinnie disse e eu sorri como se tivesse já dito aquilo pra ela.

Marcos colocou no carro e nos despedimos deles já que viajaríamos na manhã seguinte.
_"Jura que vai pensar sobre ir pra lá?", perguntei e Julia assentiu.
_"Vou sentir sua falta", ela disse e soltei do abraço enquanto ouvia a tosse de meu pai que ecoava pela casa inteira até ele se recuperar, "Não se preocupa, eu te mantenho informada sobre aqui", ela disse sobre a casa de meus pais.
_"Te amo", falei e ela respondeu o mesmo, eu torcia muito pra que ela fosse morar em LA, a ideia me fazia muito sentido agora.
Nos despedimos do namorado dela e eles foram embora.
_"Cara legal", Vinnie falou sobre Marcos e eu assenti fazendo pouco caso.
_"Pena que não vai durar", falei e Vinnie me analisou.
_"Que horror", Vinnie falou.
_"Não tô zoando, eu conheço Julia", falei quando entramos pela casa e subíamos as escadas pra ir ao quarto arrumar as malas, meu pai tossia novamente.

Arrumávamos as malas quando voltamos a ouvir a tosse forte de meu pai, parei pra ouvir e vi que durou muito tempo pra ele conseguir se recuperar.
_"Ele parece pior", falei e Vinnie me olhou negando como se não estivesse mesmo pior.
_"Ele tosse assim todo dia Sarah", Vinnie disse.
_"Acha que foi pelo passeio?", perguntei.
_"Não, não, eu sei o que tá fazendo, ele não tá pior por que saímos, ele não tá pior por que foi passear, não pegamos friagem, ele não se cansou, foi bem tranquilo, ele tosse assim desde antes de chegamos", Vinnie falou.

(...)

Despertei ouvindo a tosse de meu pai, olhei no celular e era 6hs da manhã, eu, Vinnie e Daisy deveríamos estar no aeroporto as 12hs pro nosso voo, tava tudo pronto pra irmos, levantei indo até o quarto dos meus pais rápido, meu pai não quis jantar, passou ontem o resto do dia todo deitado, fui até o quarto dele apenas pra dar 'Boa noite' e ele sorriu, chegando até a brincar com a preguiça dele, parecia bem apesar da tosse frequente.
_"Oi, bom...", falei quando abria a porta e encontrei minha mãe e meu pai sentados na cama minha mãe parecia assustada e meu pai tampava a boca com um lenço.
_"Precisamos ir ao médico", minha mãe disse e meu coração acelerou.
_"Nã... não, eu tô bem", meu pai disse e com certeza não estava nada bem.

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