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MARATONA 3/3

Vinnie

_"Você tá tão mais tão bonito", ela falou me olhando com o olho entreaberto, ela deveria estar sentindo algum barato da medicação, sorri confuso não estava esperando um elogio naquela hora, olhei rapidamente pro anestesista que pareceu perceber que ela tava meio grogue. Ela virou a cabeça pro anestesista boa pinta que estava do lado aposto ao meu e piscando lentamente disse:
_"Você também é bonito", ela disse e eu ri baixinho, ela estava super aérea.
_"Obrigada", o anestesista respondeu.
_"Mais ele é o homem mais lindo que eu já vi", ela disse voltando a me olhar e eu assenti minimamente agradecendo, me achei naquele momento.

_"É a medicação", o anestesista disse.
_"Tudo bem, você é bonitão mesmo", falei sendo simpático com o anestesista, eu precisava admitir o cara era bonitão mesmo com máscara cirúrgica, e Sarah riu olhando pro teto.
_"Ta na hora, o papai quer ver a bebe saindo?", a Dr Manuela perguntou e senti um frio na barriga, assenti me levantando fazendo um último carinho antes de me afastar de Sarah.

Atrás do pano azul que tampava a visão de quem estivesse do outro lado tinha 4 pessoas, a Dra Manuela um outro médico a frente dela do outro lado do corpo de Sarah ajudando segurando um instrumento em metal, e duas enfermeiras, a que tinha nos trazido e outra baixinha que ajudava o outro médico.
Visão visão não me ajudava muito, eu não sei se estava preparado pra emoção que iria sentir.
O pano acima de Sarah só deixava visível aonde tinha o corte aonde a médica trabalhava em cima com o bisturi.

_"Aqui", a Dra Manuela apontou pra ficar próximo a ela pra ter uma visão melhor, o corpo não era grande, algo do tamanho de um punho talvez, não era uma coisa assustadora de se ver, eu imaginava coisas filme, muito sangue, um corte maior sei lá.
_"E lá vem ela", a Dra disse dando o último corte e abrindo espaço pra que uma esfera pequena com cabelinhos escurinhos começasse a sair, eu ainda não tinha tido visão de seu rostinho, assim que a cabeça saiu a médica com cuidado o girou e o puxou pelo pescocinho devagar e uma pequena bebê saiu por completo, a minha bebê, minha filha, Daisy soltou um chorinho um pouco engasgado, e enfim soltou um choro decente de bebê, a médica virou Daisy pra mim me mostrando e pude ver o rostinho dela, o mundo pareceu parar, como se eu voasse eu pude sentir meu coração acelerar, o sentia pulsar forte, eu poderia explodia ali de tanto amor.

_"Aqui corta", a enfermeira disse me entregando uma tesoura que eu peguei tremendo e com dificuldade comecei a cortar o cordão umbilical de Daisy, algumas lágrimas caíram de emoção.
_"Muito bem, parabéns papai", a Dra disse me dando mais confiança no que eu estava fazendo.
A médica entregou Daisy a enfermeira que rapidamente a colocou numa mantinha a limpando por cima, tirando toda a sujeira branca do líquido amniótico.
Me aproximei de Sarah e só consegui dizer amém meio ao choro:
_"Ela é perfeita", e Sarah também com olhos cheios d'água sorriu, ela também queria ve-la.

A enfermeira levou Daisy a balança pesando ela, deu 2,510k, tão pequena.
_"Peso, aspiração...", a enfermeira dizia a outra eu as seguias com o olhar pela sala ainda em um choro, eu nunca tinha sentido aquilo na vida, a enfermeira a colocou uma máquina de aquecimento e fez alguns procedimentos pra limpar as vias aéreas, procedimentos normais de bebê quando nasce, a outra enfermeira apareceu com um papel, e carimbou o pé de Daisy nele.

Em alguns segundos seguintes a enfermeira se aproximou trazendo Daisy nos braços pra enfim apresente pra Sarah a nossa filha.
Eu via o brilho nos olhos de Sarah, ela transparecia a felicidade ali, Sarah a analisou por completo e pode ver como ela era perfeita em todos os detalhes.
_"Oi amor, é a mamãe, você é linda", ela disse baixinho pra Daisy que naquela altura não chorava mais, apenas tentava com muito custo abrir os olhos, eu chorava entre um grande sorriso, eu nem acreditava que resisti tanto tempo pra me tornar pai, naquele momento eu pude ver que eu tinha nascido pra isso.

_"Sarah a gente vai ter que levá-la a Uti Neonatal", a enfermeira disse cortando minha felicidade absoluta com a fala dela, "ela é um bebê prematuro de 35 semanas, ela nasceu com 2,510g, abaixo do peso, não se preocupa é padrão em casos de prematuridade, seu marido vai acompanhar enquanto você fica aqui pra terminarem a cesaria e se recuperar da anestesia ok? Não se preocupa o papai vai estar com ela", a enfermeira disse e olhava surpreso e confuso, Daisy parecia bem, pequena porém bem.
_"Sarah é procedimento, ela ainda é muito pequena, nasceu antes da hora, precisamos monitorar se os órgãos dela estão todos formados e maduros, vão alimentá-la lá, não se preocupa, logo você estará com ela tá bom?", a Dra Manuela disse.

_"Fala até já pra mamãe", a enfermeira disse e Sarah deu um beijinho na mãozinha pequena de Daisy, e me aproximei pra dar um beijo em Sarah pois teria que me ausentar do lado dela.
_"Cuida dela", ela pediu e eu sorri com os olhos assentindo, Sarah estava assustada dava pra ver.
_"Vai ficar tudo bem", garanti, eu acreditava mesmo no que havia dito, iria ficar tudo muito bem.
_"Vamos papai?", a enfermeira disse me chamando e eu a acompanhei a seguindo.

Daisy foi colocada uma incubadora e fui ao lado da enfermeira pelo hospital, eu me sentia tonto, poderia desmaiar a qualquer momento, mais não podia, agora minha bebê precisava de mim.
Após um longo caminho a enfermeira me parou na frente da uti e me pediu pra que aguardasse um tempo, ela disse que iriam fazer alguns testes, monitorar, ver se era necessário sonda, iria demorar mais era necessário eu ficar próximo.
Eu apenas assenti sem conseguir ter mais nenhuma atitude, eu parecia o grogue naquele momento.
Me sentei numa cadeira próximo a porta da uti e abaixei a cabeça pedindo pra Deus que fosse somente procedimento padrão e não necessário, que Daisy saísse de lá o quanto antes.
_"Deus me ajuda aqui, eu sei que o senhor tá presente aqui nesse momento, cuida da minha família", sussurrei olhando pra parede branca a minha frente, suplicando pra Deus a benção dele.

A cada vez que a porta abria e fechava meu coração palpitava.
O tempo ali sentado foram correndo, eu não sabia de Daisy e não sabia de Sarah, por um momento me senti inútil, sentia que não estava no lugar certo, após 1 hora e 15 minutos ali sentado na mesma posição uma moça saiu.
_"Papai da bebê de Sarah Hacker?", ela perguntou e eu levantei num pulo rápido.
_"Ela tá bem, mais pela prematuridade tivemos que passar a sonda nela pra alimenta-la, só pra essas primeiras horas que a mãe se recupera da anestesia, mais os sinais vitais dela estão bem, os primeiros momentos são primordiais nesse momento", ela disse e engoli em seco, olhei pros lados sentindo que iria mesmo pirar ali, não iria aguentar nada de ruim naquele momento.
_"O Sr quer vê-la?", ela perguntou e eu assenti rápido.
_"Vem", ela disse abrindo a porta.

Daisy era a única bebê na sala uti neonatal e me aproximei da incubadora transparente aonde ela estava deitada de barriga pra baixo dormindo.
_"Ela tá bem mesmo?", perguntei apelando pra que ela dissesse a verdade, eu precisava saber se o 'bem'  que eles falavam era de verdade.
_"Sr ela vai ficar bem sim, ela só tá aqui por que nasceu com 35/36 semanas, mais ela respira, os órgãos estão todos formados, a sonda é só pra alimentação nesses primeiros momentos, não se preocupe, assim que ela estiver com a mamãe eu vou tirar", ela disse e parecia ser sincera e soltei um sorriso e um suspiro de alívio.

Me abaixei na altura pra vê-la mais de pertinho e sorri a vendo suspirar de sono, era tão pequena, tão delicada, tão minha.




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Gente o tanto que eu chorei escrevendo não tá escrito!
Não se preocupem meninas, vai dar tudo certo ❤️🌼



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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora