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Acordei sentindo um incômodo horrível de uma fresta de luz do sol que batia exatamente nos meus olhos, tampei com a mão e me sentia tonta ainda, assim que me movi Vinnie despertou também.
Estiquei meu braço pra pegar o celular e me surpreendi quando vi que era 10 horas, nem tão cedo nem tão tarde pra acordar, estava ok.
_"Cacete eu tô morrendo", Vinnie gemeu ao meu lado, "Avise meus pais, leve meu corpo pra eles".
_"Cala a boca Vicent", ri ao lado dele e dei um tapa.
_"Meu Deus que cachaça foi aquela?", Vinnie disse e eu sentei na cama colocando minha cabeça abaixada nas mãos, "Seus amigos me doparam, chamem a polícia desse país".
_"Para de me fazer rir", falei e Vinnie se sentou também e ouvi alguém bater na porta.

_"Pode abrir", falei e era meu pai.
_"Olá, sobreviveram?", meu pai perguntou e Vinnie levantou pegando na parede pra se equilibrar.
_"Não Nelson, eu preciso ir há um hospital", Vinnie falou.
_"É Vinnie, pensa passar por isso todo final de semana", meu pai disse e Vinnie olhou assustado, "É o que os jovens fazem aqui".
_"Cruzes", ele disse.
_"Cade Daisy?", perguntei.
_"Ta lá em baixo assistindo desenho", meu pai disse e levantei pra tomar banho pra ir vê-la.
Meu pai e Vinnie ficaram conversando no quarto, Vinnie contava como tinha sido a noite.
Tomei um banho até que demorado, eu precisava, já tinha tido ressacas piores, mais mesmo assim.

Assim que me troquei e sai do banheiro pescando meu cabelo, sentia minha cabeça doer ainda e meu pai dava algo pra Vinnie beber e eu logo reconheci, Vinnie fez uma careta no primeiro gole mais depois bebeu com gosto, era uma receitinha caseira que meu pai fazia quando bebia demais da conta antigamente, chá de gengibre com mel e mais alguma coisa.
_"Tem pra mim?", perguntei, eu sabia que era uma receita boa, e meu pai assentiu apontando pra uma caneca ao lado do meu lado da cama e fui direto pra beber, em pouco tempo eu sabia que melhoraria.
_"Que horas você marcou?", perguntei.
_"Meio dia", ele falou e eu fiz uma careta, "Ja já vocês estão como novos", meu pai disse em português e falou, "já já estão pronto pra outra", em inglês pra Vinnie que fez uma careta negando com a cabeça.
_"Nunca mais eu bebo", ele disse e eu e meu pai nos entreolhamos desacreditando daquilo, todo mundo jura aquilo naquela situação.

Vinnie entrou pra tomar banho também e eu desci pra ficar com Daisy, Daisy sorriu me dando os braços e a peguei no colo.
_"Como foi ficar com os seus avós?", perguntei e Daisy sorria.
_"Ah ela foi um anjo, muito boazinha, lembra você quando era bebê, super boazinha, deu trabalho depois de velha", minha mãe disse e eu fiz careta pra ela.
_"Vem ver o que eu tô fazendo", minha mãe disse e eu reclamei internamente de ter que levantar do sofá e fui na cozinha carregando Daisy pra ver o que ela preparava lá.
Me assustei quando vi a mesa cheia de coisa.
_"Nossa mãe que exagero", falei e ela descobriu algumas pra que eu visse.
_"Tem vinagrete, farofa de ovo, maionese, salada de berinjela, salada de folhas, arroz branco, batata cozida, salpicão...", ela falava apontando.
_"Nossa é muita coisa", falei.
_"Primeiro churrasco que Vinnie participa, tem que ter de tudo", ela disse e logo Vinnie apareceu na cozinha e Daisy pareceu se animar quando reconheceu ele, e deu os braços pra que ele a pegasse e ele fez pegando ela de mim e dando um beijo nela.

Vinnie já parecia bem melhor, o chá era bom mesmo, por enquanto só minha cabeça doía um pouco.
_"Uau quanta coisa", Vinnie falou.
_"Eu fiz um monte de coisas, espero que goste", minha mãe falou e Vinnie sorriu.
Arrumamos o quintal, meu pai limpou a grelha, ouvia ele tossir um pouco e ameacei de ir até ele pra ver se ele estava bem e minha mãe me parou negando com a cabeça pra que eu não fosse, logo ele parou de tossir e eu desisti de ir.
Eu ajudei a montar a mesa do lado de fora da casa, espalhamos as cadeiras e liguei o som enquanto Vinnie brindada com Daisy na sala, dava pra ouvir a bagunça dos dois de longe, Daisy dava gargalhadas enquanto Vinnie deitada e rolada com ela.

_"É aqui o churrasco?", meu tio Cleiton gritou do portão e olhamos do fundo da casa, minha mãe foi na direção pra abrir a porta, junto com ele estava minha tia Elis e meus primos menores Laura, a mesma que veio com amiguinhos ontem e Gabriel que era mais novinho que ela.
_"Sarah como você está bonita", meu tio disse me abraçando.
_"Obrigada tio, que saudade", falei abraçando tanto ele quanto a família dele, Tio Cleiton era irmão de minha mãe além dele tinha a Tia Elaine que também era do lado da minha mãe.
Do lado do meu pai tinha tio Danilo, tia Michele, mãe de Júlia, tio Paulo e tia Mara, todos casados, todos com filhos, então pense na bagunça que ficaria aquela casa quanto todo mundo chegasse.

Logo em seguida de meu tio, chegaram mais três carros com, um com Júlia, que veio com Marcos e trouxe mais 3 primas minhas de carona, no outro carro minha tia Michele e seu marido e no terceiro carro tio Paulo e sua esposa e meus primos.
Quase que de repente a casa começou a ficar cheia, todos me abraçaram, tinha tio ali que não via a anos, nem todas as vezes que vinha ao Brasil eu conseguia encontra todos.
_"Meu você tá muito gringa", minha tia Elaine disse me olhando de baixo pra cima e eu sorri, pra brasileiro isso é elogio. Minha tia Elaine era de longe minha tia mais legal, a que mais me entendia, e era a tia mais nova que eu tinha, e a que me identificava.
_"Cade aquele gato do seu marido?", minha tia perguntou.
_"Eu vou lá chamar ele", falei.
_"Vai, por que o assento no grupo da família é só esse, tem gente até apostando se ele é bonito e legal como ele aparenta ser nas redes sociais", ela disse dando um gole na cerveja que tinha pegado e lançando um olhar as minhas primas que estavam num canto conversando e eu arregalei o olho.
_"Inveja, é o nome", ela disse sendo ácida.

Além de Júlia eu tinha mais 8 primas e primos, tirando Laura e Gabriel que eram crianças ainda o resto eram todos de idade parecidas com a minha e de Vinnie, as primas no qual ela se referia eram Paloma, Jé, Viviane, Sophia, Cris e Amanda, minha família tinha uma mania de ser conservadores, todo mundo tinha que seguir a risca, fazer uma faculdade boa, se casar com um 'bom partido', ganhar bem o que acabava na adolescência criando uma competição, uma rivalidade entre a gente, quem iria ter um futuro melhor, por eu ter ido embora sem um puto no bolso, fazendo o que não era o plano da família, eu era a que daria errado e Júlia por também ser meio maloqueira também era a que daria errado na vida, tanto que fez enfermagem e pra eles era uma profissão mal paga.

Os restos dos primos fizeram como os planos, acho que 2 ali já estavam casadas, e todo o resto namoravam com homens que deveriam ter grana.
_"Eu vou lá chamar ele", falei e entrei.
Era estranho pensar que ainda hoje eles competiam, já éramos adultos, quando adolescentes até entendo, nossos tios queriam esfregar na cara um do outro que os filhos deles eram mais inteligentes, mais obedientes que o outro, meu pai não tinha paciência nenhuma pra isso, minha mãe ainda quis que eu fosse como eles, mais graças a Deus que eu vazei daqui.

_"Vinnie tá fazendo aí? Todo mundo já chegou", falei e Vinnie estava sentado com Daisy no sofá.
_"Tava esperando você vim me buscar", ele disse e eu olhei confusa, "Tô com um pouco de vergonha", ele disse e eu ri.
_"Vem", falei esticando a mão.
_"Como eu estou?", ele perguntou e eu analisei, Vinnie estava como sempre, lindo.
Usava uma camiseta e uma calça jeans, tênis e uma camiseta mais justa que as outras, evidenciava nem seu corpo. Seu cabelo terminava de secar depois do banho e deixava cachos loiros perfeitos, Daisy também estava linda, minha mãe tinha colocado um vestido nela e arrumei o lacinho certinho em seu cabelo e suspirei quando ele se levantou com ela no colo, estavam perfeitos.
Com certeza, naquela família, eu era o erro que tinha dado certo.




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E SE ELA QUISER? • VINNIE HACKER Onde histórias criam vida. Descubra agora