• Capítulo 10

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Kah on·
No dia seguinte no escritório elas continuavam chegando aos montes. Dúzias de rosas. Cor-de-rosa, vermelhas, amarelas. Uma dúzia por hora. Demorei um pouco para entender por que ele estava fazendo isso. Era por causa da história que contei sobre meu pai e a cerimônia de rosas. Mais tarde encontrei o cartão que havia caído da primeira dúzia: demoraram muito a chegar. Meu coração se encheu imediatamente de alguma coisa que eu não conseguia identificar.
Hoje à noite eu iria ao baile de gala com ele. Teria que me afastar muito da minha zona de conforto e o nervosismo me acompanhou o dia todo. Escolhi dois vestidos formais diferentes da Bergdorf's na hora do almoço e deixei reservado. Quando voltei ao escritório encontrei um prato de comida indiana em cima da minha mesa. O cheiro de curry era enjoativo.

Kah: Ida? De onde veio essa comida?
Ida: um garoto entregou, disse que era para você. Pensei que tivesse pedido.
Kah: peço comida indiana para você, mas eu odeio, sabe disso- então uma ideia passou por minha cabeça. Peguei o celular.
Kah: você não pediu comida indiana para mim, pediu?
Rugge: pedi.
Kah: por quê?
Rugge: pensei que gostasse. Vi quando foi comprar.
Kah: ah... viu como? Estava me seguindo?
Rugge: foi só uma vez. Senti saudade do seu rosto. Eu ia parar do seu lado como o Mr. Big fazer uma surpresa e levar você para almoçar, mas vi quando saiu apressada do Masala Madness e deduzi que já devia ter planos.
Kah: hahahaha. Eu tinha ido buscar o almoço da Ida. Comida indiana me dá azia.
Rugge: preciso melhorar minhas habilidades de stalker.
Kah: mas você foi muito gentil- naquela tarde Ruggero mandou outra mensagem.
Rugge: ei, ouvi dizer que mudaram o nome do baile em minha homenagem.
Kah: sério?
Rugge: agora é Grande Bola Azul.
Kah: hahahaha.
Rugge: vão distribuir bolsas térmicas de gelo e analgésico.
Kah: você é maluco.
Rugge: por você, sou mesmo.
Kah: que horas vai me buscar?
Rugge: puta merda. Sério que posso ir te buscar em casa?
Kah: sério.
Rugge: 19h30, então.
Kah: vou precisar da sua aprovação para o meu figurino. Escolhi dois vestidos na Bergdorf's, deixei reservados, mas ainda não consegui decidir.
Rugge: você sabe que vou vetar qualquer coisa só para ver você tirar a roupa.
Kah: como está a tatuagem?
Rugge: bem. Mais tarde dá para brincar de mostra a sua que eu mostro a minha, se quiser.
Kah: tenho algumas que você não viu.
Rugge: eu sei e me faz sofrer.
Kah: se for bonzinho hoje à noite talvez eu deixe você ver uma.
Rugge: e se for boazinha eu deixo você olhar embaixo da mesa.
Kah: hahahaha.
Rugge: você é cruel, Karol Itzitery. Fica me provocando com suas tatuagens. Como vou trabalhar agora?
Kah: ;-)- no fim do dia passei na Bergdorf's para comprar o vestido. Tinha reservado dois e não sabia de qual gostava mais. Na área de provadores dei meu nome e esperei que trouxessem minhas opções.
Xx: aqui está, querida.
Kah: obrigada, mas esse não é o meu- apontei para um lindo vestido verde. Foi o primeiro que chamou minha atenção mais cedo, mas era de um estilista cujo o preço eu nunca poderia pagar. Quase o dobro dos outros dois juntos.
Xx: seu marido acrescentou este aqui à seleção hoje à tarde.
Kah: meu marido?
Xx: deduzi que fosse seu marido. Desculpe, não perguntei o nome dele. Namorado, talvez? Poucos homens com aquela aparência entram na área dos provadores femininos ou pagam a conta aliás.
Kah: a conta?
Xx: o homem que adicionou este vestido às suas opções também pagou pelo verde e me orientou a cobrar dele qualquer outro vestido que você quiser, e pediu para escolhermos os sapatos que combinam com o vestido verde e pagou por eles também- ela pendurou os vestidos no provador e desapareceu por um momento. Quando voltou trouxe uma caixa que continha um par maravilhoso de Louboutin que eu nunca poderia comprar. Mandei a mensagem antes de tirar a roupa.
Kah: sempre faz compras na seção feminina?
Rugge: foi a primeira vez. Devia ver as coisas que trouxe comigo.
Kah: comprou outras coisas?
Rugge: sim. A mulher da seção de lingerie me olhou como se quisesse descobrir se eram para mim.
Kah: hahahaha. Também esteve na seção de lingerie? O que comprou?
Rugge: essas peças você não vai ver tão cedo, já que não vou te ver com elas por enquanto, a menos que tenha mudado de ideia...- pensar em Ruggero comprando lingerie me divertia e me excitava. Eu o imaginava passando a mão na cabeça como se estivesse frustrado, odiando o que estava fazendo, mas incapaz de parar.
Kah: o vestido verde é lindo, mas não posso aceitar. É demais.
Rugge: já comprei, não tem reembolso. Pode doar se não gostou- sério? O vestido custava mais de três mil dólares.
Kah: você é maluco.
Rugge: serviu?
Kah: ainda não experimentei- a troca rápida de mensagens parou por alguns minutos.
Kah: ainda está aí?
Rugge: você está no provador?
Kah: sim.
Rugge: acabei de ter uma pequena fantasia com você em pé no provador, olhando seu lindo corpo nu no espelho.
Kah: e...
Rugge: quer saber mais sobre a minha fantasia?
Kah: talvez...
Rugge: queria estar aí com você. Queria te inclinar para a frente com as mãos apoiadas no espelho, os dedos afastados e te pegar por trás com você olhando para nós. Você estaria com os sapatos que escolhi- dessa vez fui eu quem ficou quieta. Olhei para o espelho e vi Ruggero parado atrás de mim. Se a ilusão já era assim tão forte havia uma boa chance de eu derreter quando acontecesse de verdade. Quando. Eu nem tentava mais me enganar falando em se. Depois de um tempo meu celular vibrou.
Rugge: eu sei o que você está fazendo.
Kah: te vejo hoje à noite sr. Grande Babaca- quando cheguei ao meu apartamento com a sacola de compras vi um carro preto parado em frente ao prédio. Quando me aproximei o motorista uniformizado desceu. Motorista de Ruggero.
Motorista: srta. Itzitery, o sr. Ruggero me pediu para trazer isto aqui- ele me entregou dois envelopes pardos selados.
Kah: o que é isso?
Motorista: não sei senhorita. Recebi ordens para entregá-los, só isso.- ele acenou com a cabeça e abriu a porta do carro- Tenha uma boa tarde- estava com as mãos ocupadas, por isso deixei para abrir os envelopes dentro de casa. Pendurei o vestido, sentei na cama e rasguei o primeiro deles. Encontrei uma caixa de tinta verde para cabelos. La Roche Alpine Green. A cor era exatamente a do vestido. Ruggero Pasquarelli tinha um lado muito fofo. Curiosa, abri o segundo envelope. Era uma caixa de Betty Down Theresa Hair Color verde, uma tinta específica para pelos pubianos, e havia um bilhete colado nela.
"Eu não sabia se o tapete combinava com a cortina."
Sorrindo, pensei: Vai descobrir rapidinho, se continuar assim.
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Kah on·
O interfone tocou às 19h30 em ponto. Falei pelo fone antes de apertar o botão que destravava a porta lá embaixo.

An Unforgettable Love [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora