Kah on·
Tudo aconteceu muito depressa.
Marco e eu tínhamos saído do estúdio de Agus. Como não via Ruggero fazia dias desconfiava que ele poderia aparecer de surpresa essa semana, só não sabia quando seria. O plano para esta noite era o mesmo de ontem, ficaríamos sentados assistindo a um filme esperando Ruggero aparecer em minha casa. Se ele aparecesse eu o deixaria ver Marco no meu apartamento e pediria desculpas, diria que tinha conhecido outra pessoa e que nunca tive a intenção de magoá-lo.
Não seria difícil de acreditar. Sentada ao lado de Marco no metrô tive até que admitir que parecíamos mais um casal do que Ruggero e eu.Marco:
Kah on·
Com o cabelo escuro ondulando, piercings e brincos pelo rosto e o bíceps grandes ele não parecia um homem que comandava uma sala de reuniões como Ruggero. Com toda honestidade, antes de Ruggero ele era meu tipo, mas não Marco especificamente. Eu o conhecia há tempo demais para isso.
Marco era primo de Agus, éramos todos amigos desde criança. Embora não o visse há alguns anos sabia que ele me faria um favor de fingir que era meu namorado. Quando Agus o chamou no estúdio na segunda-feira ele aceitou o pedido antes mesmo de eu explicar as circunstâncias.Marco: você está bem bonequinha?- Marco afagou meu joelho.
Kah: só nervosa.
Marco: quer ensaiar de novo o que tenho que dizer se ele aparecer?
Kah: não.- forcei um sorriso- Já temos um plano- era o que eu achava, mas não contava que Ruggero estivesse esperando do lado de fora do prédio antes de eu chegar lá. Ele estava apoiado no carro, olhando para baixo e digitando no telefone. Por sorte eu o vi antes de ele me ver. Entrei em pânico antecipando o que ia acontecer e agarrei rapidamente a mão de Marco. Quando Ruggero levantou a cabeça e me viu consegui enxergar em seu rosto o momento em que quebrei seu coração. Mesmo a meio quarteirão de distância seus olhos se iluminaram por uma fração de segundo quando ele me viu, mas essa luz se apagou rapidamente quando ele notou o homem alto, tatuado e moreno andando de mãos dadas comigo.
Meu coração saiu do peito diante da dor nos olhos de Ruggero. Havia ensaiado mil vezes as coisas que ia dizer, mas quando ele nos abordou na rua fiquei sem fala.
Rugge: Karol? Que porra é essa?- olhei para o chão incapaz de encará-lo. Marco deduziu o que estava acontecendo e assumiu seu papel.
Marco: você deve ser Rogério. Karol me avisou que havia uma possibilidade de aparecer antes que ela tivesse uma chance de conversar com você.
Rugge: falar comigo sobre o quê? Karol? Que porra está acontecendo?- Ruggero praticamente gritava.
Marco: calma cara, ela vai explicar, conversamos sobre isso ontem à noite durante o jantar.
Rugge: jantar? Ontem à noite? Karol, responde! O que está acontecendo?- não respondi, não olhei para ele e Ruggero tentou me agarrar. Fazer o papel do namorado protetor foi uma reação natural para Marco que se colocou entre mim e Ruggero parando diante dele.
Marco: cara, só vou avisar uma vez, não toca na minha garota, não quero ter que quebrar a sua cara de garotinho bonito aqui no meio da rua.
Rugge: sua garota?- depois disso tudo aconteceu muito depressa. Ruggero recuou um passo e ameaçou virar, mas voltou e projetou todo o peso do corpo no soco que acertou o queixo de Marco. Um estalo alto fez o suco gástrico subir pela minha garganta e por um segundo pensei que ia vomitar ali na rua. Não sabia se o barulho tinha sido do queixo de Marco ou da mão de Ruggero, mas alguma coisa havia quebrado. Meu coração batia alto dentro dos meus ouvidos. Na verdade o barulho podia ter sido do meu coração se estraçalhando.
Marco cambaleou para trás com a mão no queixo tentando diminuir a dor, mas tinha crescido vendo as brigas de Marco e Agus e sabia que uma coisinha como um queixo fraturado não ia pôr fim a esse confronto. Antes que eu conseguisse me colocar entre eles Marco avançou contra Ruggero e o jogou em cima do carro estacionado.
Kah: parem!- finalmente consegui reagir- Parem, por favor! Marco, não!- Ruggero conseguiu jogar Marco para o lado e parou na minha frente com os dedos sangrando. Sem pensar segurei a mão machucada- Ruggero!- ele evitou o contato como se minha mão o queimasse.
Rugge: fala Karol.- abaixei a cabeça- Fala! Diz que você é uma traidora de merda e eu sou um idiota, porque apesar de estar vendo tudo isso ainda não quero acreditar.- lágrimas corriam por meu rosto e eu não conseguia olhar para ele. Quando ele falou de novo sua voz era baixa e sofrida, parecia ter quebrado- Olha para mim Karol, olha para mim- finalmente encontrei coragem para levantar a cabeça e olhando nos olhos dele com o rosto lavado pelas lágrimas falei só a verdade:
Kah: eu sinto muito, Ruggero- ele fechou os olhos por um momento antes de virar, entrar no carro e ir embora sem falar nem mais uma palavra. Fiquei ali olhando e soluçando até não ver mais nem sinal do carro dele.
O que eu tinha acabado de fazer?
[...]
Kah on·Agus: deixa de ser chorão- as mãos de Agus seguravam o rosto do primo. Ele havia aparecido com Lina quinze minutos depois de Marco e eu entrarmos no apartamento e eu nem percebi quando Marco ligou para eles.
Kah: eu realmente acho que devíamos ir para a emergência- era a segunda vez que verbalizava a minha opinião de que o queixo deslocado de Marco deveria ser tratado no hospital.
Agus: tudo bem, já fiz isso antes três vezes quando ele fazia aquela idiotice de kickboxing.- ele entregou ao primo a garrafa de Jack Daniel's que tinha trazido- Mais um gole, capricha- o pobre Marco bebeu no gargalo e depois parou na frente de Agus de olhos fechados.
Marco: pronto.
Agus: no três. Um...
Marco: caraaaaalhooo!- Marco deu um grito aterrorizante e eu corri para o banheiro. Dessa vez vomitei de verdade e quando voltei Agus estava rindo.
Agus: esqueci que era molengona.
Kah: você falou no três e fez no um, não me deu chance para sair correndo.
Agus: é claro, quem vai contar até três quando a pessoa está tensa e esperando a contagem?
Kah: como eu podia saber?
Marco: pega um saco de ervilhas para o garanhão aqui gata- abri o freezer para pegar uma embalagem de qualquer coisa congelada, mas não tinha vegetais.
Kah: não como ervilha.
Agus: o que tem aí?- peguei uma caixa de Choco Tacos, sorvete em forma de taco e Agus pegou a caixa e a entregou ao primo- Isso é perfeito. Um taco para um fracote que teve o maxilar deslocado por um soco- Marco se encolheu ao encostar a embalagem de sorvete no rosto.
Marco: o cara tem um soco bem forte para um garotinho bonito.
Lina: imagino que as coisas não aconteceram exatamente como planejaram- Lina tinha me abraçado até eu parar de chorar. Enquanto isso, Agus socorria o primo.
Kah: não. Nem chegamos ao apartamento. Ele viu a gente na rua, entrei em pânico e agarrei a mão de Marco.
Lina: deve ter sido uma cena linda- respirei fundo.
Kah: foi horrível. Ele ficou muito magoado, Lina.
Lina: você sabia que ele ficaria. Acha que foi convincente?- assenti e lágrimas silenciosas voltaram a correr por meu rosto.
Kah: ele acreditou. Honestamente, não acho que houvesse outro jeito de resolver isso. Mesmo depois de me ver de mãos dadas com outro homem e ouvir Marco me chamar de sua garota, ele ainda quis uma confirmação. Acreditava tanto em nós que não quis crer no que estava diante de seus olhos. Ele é assim desde o dia em que o conheci. Nunca tinha conhecido um homem tão determinado em seu amor e apoio. Essa era a parte mais bonita dele- quando meus ombros começaram a tremer de novo, Lina me abraçou outra vez.
Lina: ele vai dar tudo isso à filha. Você quis fazer isso por ela. Essa parte dele não vai mudar, só não vai mais ser dedicada a você.
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An Unforgettable Love [CONCLUÍDA]
RomansaQuero dizer antes de tudo que essa fanfic (o que é um livro na verdade) NÃO É MINHA! É apenas uma adaptação! Bom, escolhi fazer uma adaptação ao invés de uma fic autoral, pois ainda estou bolando ideias para próxima fic e visto que o final da última...