• Capítulo 18

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Rugge on·
Mandei o motorista seguir para o Queens antes mesmo de descobrir o endereço do pai dela. Felizmente só havia um Itzitery no bairro ou eu teria precisado bater em algumas portas. Um pressentimento me dizia que a visita não ia acabar bem. Quando cheguei na avenida Catalpa não sabia se ela estava na casa ou não, então fiquei no banco de trás do carro e esperei. Não demorou muito para a porta se abrir e Karol sair correndo em direção à rua. Quase não tive tempo de me aproximar para segurá-la; era evidente que não tinha me visto. A expressão atormentada em seu rosto sugeria que ela não enxergava nada. De início ela se debateu em meus braços.

Rugge: sou eu Karol.- os olhos dela recuperaram o foco, vi quando se encheram de lágrimas e então ela derreteu em meus braços. Senti todo seu peso apoiado em mim quando a abracei- Estou aqui, baby. Estou aqui.- ela deixou escapar um gemido profundo e todo o corpo começou a tremer, as lágrimas correndo por seu rosto lindo. Meu coração doía. Vê-la desse jeito, ouvir o som de sua dor vindo lá do fundo, isso me fazia sentir como se alguém abrisse minhas costelas, arrancasse o coração com as mãos e espremesse toda a vida dele.
Eu a abracei com todo força que tinha por alguns minutos enquanto ficamos parados na frente da casa. Quando levantei a cabeça vi um homem parado na porta nos observando, um homem que pela aparência certamente era Frank Itzitery e decidi que era hora de ir embora- Vem, vamos entrar no carro- Karol nem olhou para trás quando a ajudei a entrar pela porta de trás, mas eu olhei. O pai dela só acenou com a cabeça e ficou olhando enquanto nos afastávamos.
A viagem foi silenciosa. Quando ela finalmente parou de chorar manteve a cabeça em meu ombro e os olhos fechados. Eu odiava que tudo isso fosse minha culpa. Tinha complicado muito as coisas entre nós. Não só a situação com Candelária era uma enorme dificuldade em nosso relacionamento, mas a história havia trazido de volta antigos fantasmas de Karol. Agora ela estabelecia uma relação entre mim e o homem que a havia decepcionado durante a maior parte da sua vida.
Afagando seu cabelo finalmente rompi o silêncio.
Rugge: desculpa. A culpa é toda minha.
Kah: não sei por que fui procurá-lo. O que eu esperava que ele dissesse?
Rugge: é natural. Está tentando entender as escolhas dele por causa de tudo que está acontecendo.
Kah: acho que sim.
Rugge: sei que saiu de lá abalada, mas ele disse alguma coisa que ajudou?
Kah: não, disse que não podia dizer se teria ficado com minha mãe se Theresa não houvesse aparecido- merda. Mudei de posição no banco para ficar de frente para ela.
Rugge: com ou sem filha, mesmo que não tivesse te conhecido não existe a maior possibilidade de eu voltar para Candelária.
Kah: mas você a amou- ela abaixou a cabeça.
Rugge: Karol, olha para mim.- ela levantou a cabeça e seus olhos encontraram os meus- A mulher me traiu com meu melhor amigo, depois não me contou que eu poderia ter uma filha durante quatro anos. Confiança e lealdade são importantes para mim. Eu não contrataria alguém em que não confio nem para trabalhar na minha empresa, imagina para dividir a vida. Não vamos reatar, de jeito nenhum.- as palavras saíram devagar, cada uma cuidadosamente considerada, mas ainda era cauteloso ao dizê-las- Seu pai poderia ter participado de sua vida mesmo casando com outra mulher. As pessoas fazem isso o tempo todo. Ele fez escolhas e se quer minha opinião foram escolhas ruins. Não sou seu pai- nesse momento o motorista interrompeu.
Louis: sr. Pasquarelli? Vamos voltar a Manhattan ou sigo para o Brooklyn?
Rugge: minha casa ou a sua?- olhei para Karol. Foi um alívio ver um lampejo da minha garota de volta.
Kah: está presumindo demais com essa pergunta.
Rugge: estou só sendo cavalheiro. Você teve uma tarde difícil, tenho o remédio perfeito para se sentir melhor.
Kah: é claro que tem.
Rugge: é meu dever e o levo muito a sério.
Kah: sabe o que me faria sentir melhor de verdade?
Rugge: fala.
Kah: você não ser cavalheiro- os cantos da minha boca se ergueram e meu pau também. Não desviei meus olhos do dela quando falei.
Rugge: para minha casa Louis.- depois sussurrei no ouvido dela- Eu aqui pensando em transar com carinho. Você nunca deixa de me surpreender Karol. Vai ser um prazer deixar o cavalheiro na porta e te foder com vontade.
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Rugge on·
Nos dias seguintes as coisas voltaram ao normal entre mim e Karol. A aflição dela em relação à possibilidade de eu ter uma filha parecia ter diminuído. Durante o dia mergulhava no trabalho e à noite trabalhava duro para satisfazer Karol. Se em breve ela ia considerar suas opções precisava dificultar ao máximo sua decisão de se afastar de mim. Satisfazê-la sexualmente era minha parte preferida do plano.
Na segunda de manhã um técnico do laboratório chegou ao meu escritório às sete horas para coletar meu sangue. Eles encontrariam Candelária horas mais tarde para colher o material de Chloe. Paguei uma fortuna por resultados rápidos e na quarta saberia com certeza se era pai ou não.
Pai.
Como nunca tive um. Pensar sobre paternidade era novidade para mim. Se fosse confirmado que Chloe era minha filha certamente ia querer participar da vida dela, embora não tivesse a menor ideia de como isso seria. O que um homem adulto podia fazer com uma menina que se torna sua filha da noite para o dia?
Na segunda à noite tive que sair da cidade, fui a Boston para uma reunião rápida na terça de manhã. Meu voo estava atrasado e eu lia o jornal sentado em uma cadeira no aeroporto. Antes de Karol começava pelo caderno de negócios. Ultimamente lia "Pergunte a Ida" antes de me informar sobre as novelas e a coluna de conselhos que lia todos os dias estava me tornando rapidamente uma tiazinha.

Querida Ida,
Minha mãe se casou novamente há pouco tempo. Bill, meu padrasto, tem um filho de dezenove anos que só conheci há três semanas. Alec está sempre fora na faculdade e veio passar o verão em casa conosco. O problema é que me sinto muito atraída por Alec. Tenho certeza de que a atração é mútua, porque a tensão sexual é tão tensa que às vezes fica difícil respirar. É errado ficar com meu irmão de criação?- Lia, Manhattan.

Querida Lia,
Embora vocês não tenham parentesco sanguíneo ainda existe uma ligação familiar e muita gente vai estranhar um relacionamento entre vocês. Se escreveu a carta suspeito de que não considere certo ficar com ele e que o que procure é a permissão de alguém. Seja verdadeira consigo mesma e o resto vai se encaixar.

Rugge on·
Mandei uma mensagem para Karol.
Rugge: eu transaria com você mesmo que fosse minha irmã de criação.
Kah: hahaha. Leu a coluna?
Rugge: eu leio. Gosto de tentar adivinhar que respostas têm a sua participação.
Kah: como consegue saber quais eu respondi?
Rugge: eu sei.
Kah: fui eu que escrevi a resposta de ontem?
Rugge: ganho um prêmio se acertar?
Kah: pensei que tivesse dado seu prêmio ontem à noite- droga, ela deu. Por alguns minutos enquanto ela me chupava pensei em furar a língua para ela poder sentir a bolinha fria de metal no clitóris. Meus funcionários certamente pensariam que eu havia enlouquecido completamente se na reunião de segunda-feira eu começasse a tropeçar nas palavras por estar com a língua inchada e entorpecida. Já era péssimo ter sorrido como um idiota na reunião daquela manhã cada vez que minha mente divagava.
Não respondi imediatamente e Karol entendeu o que eu estava fazendo.
Kah: está pensando na noite passada, não está?
Rugge: estou, e isso me faz querer sair do aeroporto e esquecer a reunião de amanhã. Troco tudo por um boquete.
Kah: pervertido. E aí, eu escrevi algum trecho da resposta para a pobre Lia hoje?
Rugge: nem uma palavra.
Kah: muito bom, e ontem? A mulher que roubava o troco da caixinha do tio idoso?
Rugge: as prisões estão lotadas de gente que começou roubando troco.
Kah: ai meu Deus! Como descobriu? Essa foi a única frase que ela manteve da minha resposta original.
Rugge: conheço você.
Kah: isso é meio assustador!- nem me fala. Ando apavorado ultimamente.
Tinham acabado de chamar meu embarque quando o celular vibrou na minha mão. Pensei que fosse outra mensagem de Karol, mas meu sorriso desapareceu quando vi o nome de Candelária na tela. Pensei em não atender, mas lembrei que podia ter alguma coisa a ver com Chloe.
Rugge: oi Candelária.
Cande: Ruggero, como vai?
Rugge: ocupado. Tudo bem com Chloe?
Cande: ela está bem.
Rugge: o que você quer então?- ela suspirou alto.
Cande: vai ter que aprender a conversar civilizadamente comigo. Não quero nossa filha presenciando suas grosserias comigo.
Rugge: nossa filha? Está passando a carroça na frente dos bois, não está? O resultado do teste só sai na quarta-feira de manhã.
Cande: para mim isso é só uma formalidade. Eu sei que ela é sua filha.
Rugge: que beleza. Devia ter me contado isso antes, há uns... não sei... quatro anos?
Cande: para de gritar comigo.
Rugge: para de ligar para mim.- mais um suspiro frustrado. Se eu não a conhecesse bem diria que a mulher tem colhões, gigantes, maiores que sua cabeça- Olha só, vou embarcar. Preciso desligar.
Cande: para onde vai?
Rugge: não é da sua conta. Vou desligar Candelária.
Cande: espera, eu liguei por um motivo. Quero estar presente quando receber o resultado do teste na quarta de manhã.
Rugge: não.
Cande: como assim não?
Rugge: não, o contrário de sim. Devia ter tentado usar essa palavra há quatro anos quando meu melhor amigo disse para você abrir as pernas.
Cande: Ruggero...
Rugge: não, não somos uma família feliz esperando o resultado de um teste de gravidez. Estou esperando para saber se você roubou de mim quatro anos da vida da minha filha. Seja como for não vai ser um momento inesquecível de comemoração e você não vai dividir esse momento comigo.
Cande: estarei no seu escritório na quarta-feira.
Rugge: estou avisando, não vá.- ouvi o barulho abafado de trânsito no fundo, depois o silêncio- Candelária?- a miserável tinha desligado na minha cara.

An Unforgettable Love [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora