CAPÍTULO 24

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Bianca

[…] A minha menstruação sempre foi em dia, nunca atrasou. E nesse mês faziam exatamente 14 dias de atraso. Eu começo a sentir o medo bater na porta. Nos últimos dias acabei transando sem camisinha, vacilo meu eu sei, só que eu nunca deixava o Brendon gozar dentro de mim. E mesmo com o remédio as chances agora são gritantes.

Sentia os meus olhos se encherem de lágrimas. E as primeiras pessoas que penso em ligar é para a Manu e a Mari, elas são as únicas que podem me ajudar agora. Explico tudo por telefone e elas não demoram a aparecer em meu apartamento.

— Não acredito que você deu uma dessas, Bia. Transar sem camisinha? - começou a baixinha com o seu sermão.

— Eu tenho que concordar com a Manu, Bia. - disse Mari.

Eu apenas revirava os olhos enquanto fazia o teste. Fiz seis de uma vez, só para não ter dúvidas. Eu sabia que minhas amigas estavam certas, eu vacilei.

Alguns minutos depois, ali estava o resultado que mudaria a minha vida. Eu estava realmente grávida.

Os dias foram passando, e eu sempre desistia de contar ao Brendon sobre a gravidez. Estávamos na faculdade, ele bolsista, de uma família humilde. Ele era o primeiro de três irmãos mais velho a fazer faculdade. Mas eu não poderia esconder isso dele, minha família tinha condição, e mesmo que meus pais surtem, principalmente minha mãe, eles irão nos ajudar.

Era uma manhã fria, iriamos completar seis meses de namoro. Era uma data especial para nós. Marcamos de nos ver na cafeteria de frente para o campus. Minhas mãos suavam, e eu tentava manter a calma, eu contaria para ele, e juntos criaremos nosso bebê.

— Bom dia - me cumprimentou. Ele parecia distante.

— Bom dia -sorri, mas seu olhar estava perdido pelo estabelecimento.

Pedimos nossos cafés, e o silêncio era assustador. Quando decidi contar ele foi mais rápido, e com as mãos em cima das minhas disse:

— Bia, eu acho melhor darmos um tempo.

Meu coração queria sair pela boca. Aquilo não poderia ser real. Eu não conseguia dizer nada.

— Eu gosto de você, mas eu preciso focar nos estudos, minha família depende de mim. E com esse namoro não estou conseguindo focar cem por cento nos estudos, e se eu perder a bolsa acabou tudo - disse em um só fôlego — Me desculpa, mas para mim não dá mais.

Eu só sabia chorar. Nada saia. Sabe aquele momento que seu cérebro para de trabalhar, e você abre a boca, mas não sai som algum? Então, era assim que eu estava

Sinto muito. Te desejo toda felicidade do mundo-o homem de cabelos loiros e olhos verdes deixou um beijo em minha testa — Fique bem.

Apenas o acompanhei com o olhar até a saída. Eu estava em estado de choque. Me sentia abandonada. Sozinha. Eu sei que deveria ter falado sobre a gravidez, mas não consegui.

Os dois primeiros meses escondi perfeitamente. Passei a usar roupas largas, mas quando completei três meses, minha barriga parecia ter crescido o dobro, e além do mais ela pesava muito, me impedindo de assistir algumas aulas.

Manu, Mari, Bruno, Saad e Venturotti sempre estiveram ao meu lado, me apoiando em minhas decisões, mesmo sendo contra algumas escolhas que fiz.

Eu passava manhãs, tardes e noites dentro de meu apartamento chorando. Os hormônios, e a sensação de abandono me deixavam abalada.

E foi assim que tive que voltar para o Rio de Janeiro. Uma semana antes de pegar o vôo descobri que estava esperando não apenas um bebê, e sim dois. Mesmo com tantos problemas eu estava tão feliz. Dois lindos bebezinhos cresciam em meu ventre.

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