Rafaella
- Dê um tempo a ela papai, no momento certo ela irá te procurar.
- Já faz semanas querida, e nada. Ela é minha filha e eu tenho o direito de vê-la.
Deixo o cereal de Malu em sua frente, e vejo a pequena começar a comer. Mudo o telefone de lado, terminando de organizar as coisas antes de ir para o trabalho. Hoje a agenda de Bianca estava mais tranquila, e como a carioca tinha uma audiência às 09:00 no tribunal iríamos nos encontrar direto lá, e minha filha iria para o colégio apenas na segunda aula.
- Sim Sr Sebastião, mas ela tem o direito de escolha. É difícil para ela lidar com tudo isso, ela cresceu achando que Marcos era o pai dela, aí um belo dia ela descobre que é filha de um outro homem, que ainda por cima era amante de sua mãe. - solto um suspiro. Eu sei que estava sendo dura com o meu pai, mas ele tinha que ter paciência com Iris.
As escolhas dele não só afetaram a minha mãe, mas me afetaram também, já que na época não fazia idéia dessa traição, mas sofri com a maneira com que os meus pais se tratavam, e o quanto minha família se tornou fria. E agora também estavam afetando minha irmã. Eu sei que esta sendo difícil pro papai essa situação, e o quanto ele queria ter sua filha caçula por perto, mas a garota tem o direito de suas escolhas, e acredito que no tempo certo ela irá procurar o nosso pai.
- Você esta certa Rafa. Eu falhei como marido, como pai e como homem.
- Desculpa pai, eu não queria ser dura com o senhor. E além do mais o senhor sempre foi um bom pai, e ótimo avô para Malu. -digo sincera
- Preciso desligar, querida. Te ligo amanhã. Amo vocês.
- Certo! Também te amamos, fique bem. -e a ligação é encerrada
Me sinto culpada pelas palavras duras que dirigi ao mais velho. Eu sei que ele errou no passado, mas não cabe a mim julgá-lo. Acredito que de certa forma um dia ou outro todos nós pegaremos por nossos erros, e depois de anos ele está pagando o dele.
Coloco o telefone no gancho e começo a arrumar a bolsa de Malu, hoje era dia de brinquedo e é o dia que a minha menina fica indecisa em qual brinquedo levar.
- A boneca de pano Eleonora, ou o cowboy Woody? - balanço os dois bonecos na mão.
- Eleonora... - aponta para a boneca cor de rosa - Não, não, o Woody - aponta para o boneco.
- Certo, o Woody irá passear hoje. -coloco o boneco dentro da mochila.
Preparo o lanche do dia e coloco dentro de uma vasilha de plástico com tampa e coloco dentro da lancheira cheia de glitter e lantejoulas que Malu mesmo decorou, mas com a minha ajuda. Tudo pronto e casa organizada, quando o relógio marca 8:30 pego a chave do carro e tranco a casa, o percurso até o colégio é feito tranquilamente, sem muito trânsito. Deixo a menina dentro de sua sala como todos os dias e sigo para o tribunal depois de receber uma mensagem de minha namorada avisando que já chegou no local.
A audiência foi cansativa e demorou mais do que imaginávamos. O juiz fez duas pausas longas, e quando Bianca voltou para o resultado final teve que abrir mão de algumas exigências feitas por sua cliente, a morena ganhou a causa, mas abriu mão de muitas coisas, e isso meio que mexeu com ela.
- Aqui, peguei um café pra você. -lhe entendo o copo de café quente
- Obrigada -a morena agradece com um sorriso -Estou saindo desse caso como se não tivesse cumprido o meu dever.
Já do lado de fora, começamos a descer as escadas que nos leva até o estacionamento. Bianca tomou um gole de seu café, e seu rosto denúncia a sua chateação.
- Amor você foi ótima lá dentro. Você lutou com todas as suas forças, então não se sinta assim. Você fez o seu dever sim, em nenhum momento abaixou a cabeça, e ganhou essa. -entrelaço nossos braços
- Você é muito doce, te amo! - a mesma sorri e beija minha bochecha
Desde que saímos daquela sala esse era o primeiro sorriso sincero que eu via sair dos lábios da minha carioca. Eu amo o seu sorriso e quando ele não aparece é como se o sol deixasse de existir.
[…]
- Devagar crianças. -grita Bianca enquanto caminhamos pelo parque
Malu e Cris diminuem os passos assim que escutam a voz da carioca, e param próximo ao escorrega. Bianca e eu nos sentamos em um banco mais próximo, onde podemos ter a visão total das crianças brincando.
- O que vamos fazer no aniversário das crianças? -pergunta a morena colocando a sua mão em cima da minha.
- Bom eu costumo fazer um bolo e cantar parabéns. Quando morávamos com os meus pais, nós quatro nos reunimos, e esse será o primeiro aniversário dela longe deles, se eles não conseguirem vir pra cá.
Bianca assente em concordância olhando para os dois que brincam com outras crianças.
- Fazemos o mesmo com o Cris. Como te disse ele não gosta de festas, então apenas um bolo. Que tal fazermos algo juntos, depois que cantarmos parabéns com nossas famílias?
- Algo como? - enrugo a testa
- Sei lá, algo que eles gostem. Afinal é o dia deles. Os dois gostam do filme Toy story certo? -assinto - Uma maratona dos quatro filmes seguidos com muitas besteiras de suas preferências. Acredito que isso irá animar Cris, é algo diferente.
- Me parece uma ótima idéia.
- Parece não, é uma ótima idéia, meu bem. - diz a carioca convencida. Apenas nego com a cabeça sorrindo.
Ficamos ali conversando mas sempre atentas nas crianças. Até que Malu e Cris surgem na nossa frente de mãos dadas. Arrastando a minha filha, o garotinho tem uma carinha emburrada o que lhe deixa ainda mais fofo e semelhante a sua mãe.
- O que houve filho? - pergunta a carioca
- Não quero mais brincar. - Cris se senta ao lado vazio da mãe, e Malu entre as minhas pernas totalmente avoada.
- Por que querido? Você pediu para vir brincar aqui, pois estava entediado em ter que ficar entre quatro paredes. -a carioca tenta entender o filho
Cris cruza os braços abaixo do peito, e soltando uma grande quantia de ar o menino diz: - As crianças estão chamando Malu de estranha, e disseram que não vão brincar com ela.
Aquelas palavras me acertaram como facadas no peito. Dói ouvir que a sua filha esta sofrendo bullying, que tem crianças em sua volta lhe rejeitando por ter características físicas marcantes, mas isso não a faz menos criança, humana.
- Eles são chatos por isso, e Malu é a minha amiguinha e irmã do coração. Mamãe, podemos voltar pra casa?
- Você está bem meu amor? -sussurro próximo ao ouvido de Malu e beijo o seu rosto sentindo os meus olhos arderem.
- Malu esta bem. -o seu sorriso ilumina a escuridão que tinha se formado. Malu é o meu tudo, eu sou capaz de fazer qualquer coisa por essa garota.
Depois desse acontecimento chato, Bianca conversa com o filho e Malu explicando para eles como as crianças agiram errado por tratarem a minha filha daquele jeito, e de como atitudes assim só fazem mau as pessoas e que eles sempre devem ser gentil com as pessoas independe de suas características físicas. A maneira infantil que a morena explica é tão lindo, com toda paciência do mundo, ela realmente é uma ótima mãe. E sairia muito bem se tivesse criado os gêmeos juntos.
Enquanto voltamos pra casa dentro do carro de Bianca, eu penso várias vezes se devo contar a morena sobre a possível não morte de sua filha, e da grande chances dela estar o mais perto que ela imagina, mas o medo toma conta de mim, e eu não sei se me sinto preparada para o que pode acontecer se essa bomba explodir.
- O que foi amor?
- Nada, só estou te admirando. -sorrio fazendo um carinho em sua nuca. Apenas preciso de mais tempo antes de jogar mais essa bomba na família Andrade, só espero que ninguém saia afetado nessa história.
🗼
O que vocês acham que vai rolar?
Vim cedo hoje. Bom dia! 🥰
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DESTINO
Fiksi Penggemar"Alguns acreditam que o destino representa uma "força misteriosa que determina os acontecimentos na vida das pessoas, tanto nas suas vidas presentes como passadas". No mundo árabe, ouve-se falar em "maktub" que significa "já estava escrito" ou "tinh...