Bianca aproveitava o domingo para passar um tempinho com o filho. Cris era tudo para ela, era o amor de sua vida, e fazia de tudo para deixa-lo feliz.
O menino não tinha um pai presente, e evitava ao máximo falar sobre isso. Bianca nunca entrava nesse assunto em casa, era algo que tinha deixado em seu passado.
A gravidez foi uma gestação tranquila, e com muita ajuda do pai e da irmã, que sempre a ajudou com o filho. No sétimo mês, teve um grave acidente, que não gostava de lembrar, pois o mesmo tinha trazido muita dor e sofrimento.
Olhando para o seu pequeno milagre, ali deitado ao seu lado, só de cueca - era como gostava de ficar quando estava em casa - Bianca tinha uma conversa séria com o menino sobre seu comportamento na escolinha. Era a segunda vez que Bianca falava sobre aquilo.
- Mas mamãe, eu não gritei com tia Mari. - Cris disse alto, olhando nos olhos castanhos da mãe.
- Abaixe o tom de voz mocinho. - Pediu séria fazendo o garoto se encolher ao seu lado.
Cris se encolheu na cama, pedindo desculpas por ter falado alto.
- Então você esta me dizendo que a tia Mari, esta mentindo? - Cris balançou a cabeça negando - Então além de se comportar mal, você esta mentindo?
O menino nada disse. Bianca se sentia frustrada com aquilo, e se perguntava onde tinha errado. Sempre estava ali para o filho, nunca deixou de coloca-lo para dormir, nunca perdeu um jantar, sempre tirava um tempo para brincar e passear com ele, mesmo que estivesse cansada ou cheia de trabalho.
- A vovó grita com todo mundo, porque eu não posso?
O menino de olhos castanhos mexia na bainha da camiseta da mãe. Entendendo o porque de tal comportamento, Bianca suspirou derrotada, ela precisava com urgência conversar com a mãe.
A mulher tinha mania de dar ordens e não pensar nas palavras, principalmente quando se tratava dos funcionários.
- Filho, não é legal falar alto com as pessoas. Você gosta quando alguém grita com você?
- Não, mamãe.
- Então pare com isso, por favor. Você é um bom menino e não precisa ficar imitando as atitudes de sua avó. Eu não quero mais ouvir reclamações de você, estamos entendidos?
- Sim.
- Ótimo. Segunda vamos pedir desculpas a tia Mari e a tia Ivy.
O menino assentiu abraçando a mãe. Bianca trouxe o filho para cima de seu corpo, beijando todo o seu rosto.
- Eu amo você
- Também, te amo, mamãe.
[…]
Alguns dias depois...
No pequeno e aconchegante apartamento de Marcela Macgowan, Rafaella se divertia com a fofura de Malu, que dentro de seu quarto, experimentava todas as roupas da mãe.
A loira adorava esses momentos com a filha. Malu era uma criança doce, convivia com muitos adultos a sua volta e não era acostumada com crianças de sua idade, o que Rafaella estava trabalhando, com idas a um parquinho em frente ao prédio. E a procura de uma boa creche próximo ao trabalho.
Kalimann sabia o quanto era importante esses passos para a menina, queria criar sua filha como uma menina independente. Muitos pensam que uma criança com síndrome de down não pode ter uma vida normal, e que o melhor para eles é estudar em uma escola para crianças "especiais". Mas muitos psicólogos indicam que eles estudem em uma escola regular, e a importância deles serem tratados como todas as crianças, para eles não se sentirem diferentes. E sim iguais aos outros.
Eles (crianças com síndrome de Down) podem fazer faculdade, trabalhar como qualquer um e até mesmo formar uma família.
E Rafaella queria isso para a vida de sua garotinha, uma vida normal.
Malu mandou beijo para a loira deitada na cama com a cabeça apoiada no punho.
— Agora dê uma voltinha pra, mamãe. — pediu a loira.
A mulher sentiu o celular vibrar ao seu lado na cama. Sem esperar desbloqueou o aparelho, constatando ser uma mensagem de sua mãe, perguntando da netinha. Rafaella apenas respondeu que a menina estava bem, e enviou uma foto de Malu com os trajes.
As duas não estenderam muito o assunto. A relação de mãe e filha estava abalado desde a saída de Rafaella de sua casa, Genilda era contra essa mudança da filha com a neta.
Kalimann ficou brincando um pouco mais com a filha e depois a levou para jantar, assim que Marcela avisou que estava pronto. Além de ser uma ótima secretaria, Marcela era uma cozinheira de mão cheia.
Conversaram sobre o trabalho e Rafaella não parava de elogiar a sua mais nova chefe.
— Simpatia é a marca registrada dos Andrade, tirando Dona Mônica. — disse Marcela afastando o prato ao ter terminado sua refeição.
— Mônica é a mãe dela, certo? — perguntou a loira tentando fazer a filha comer couve-flor.
— Sim. Pra nossa sorte, ela raramente comparece por lá. Eu vou pro meu banho.
Marcela arrastou a cadeira se levantando do lugar, deixou a louça na pia e voltou para deixar um beijo de boa noite na testa de Malu e Rafaella
A mineira não tardou a escovar os dentes da pequena Kalimann, e coloca-la para dormir. A loira ficou feliz ao perceber que a filha dormiu sem pedir por mamadeira.
Sem sono nenhum, a loira tirou o celular do carregador e saiu do quarto. Ligou a televisão e colocando na netflix ,procurou por Orange Is the New Black. Ainda estava no final da quinta temporada, pois assistia apenas quando Malu dormia.
Enquanto assistia deitada no sofá, coberta por uma manta, sentiu o celular vibrar. Imaginou ser a sua mãe mais uma vez, mas foi surpreendida com o nome de Bianca na tela.
Bianca: Boa noite! Para sairmos da rotina, nossa marcação de agenda será na cafeteria Mitchell's.
Rafaella: Onde fica?
Bianca: Próximo ao Big Ben. Fica fora de mão, mas vale a pena, a vista de lá é linda.
Rafaella começou a calcular quanto ela gastaria de passagem. O Big Ben ficava milhas de distância de seu apartamento e de táxi sairia mais caro ainda.
E como se Bianca lesse seus pensamentos.
Bianca: Me mande seu endereço, eu passo pra te buscar.
Rafaella : Localização
Bianca: Até amanhã 😉
Rafaella: Até amanhã.
E ansiosamente, Rafaella contou os segundos para amanhecer. O que soou patético em sua cabeça.
E Bianca não estava diferente. Sentia coisas que não conseguia entender e muito menos explicar. Precisava com urgência que sua melhor amiga voltasse de viagem logo. Saad era a única de sua extrema confiança.
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DESTINO
Fiksi Penggemar"Alguns acreditam que o destino representa uma "força misteriosa que determina os acontecimentos na vida das pessoas, tanto nas suas vidas presentes como passadas". No mundo árabe, ouve-se falar em "maktub" que significa "já estava escrito" ou "tinh...