CAPÍTULO 26

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Rafaella

Nos últimos dias Bianca anda um pouco estranha. Eu sinto que ela esta me escondendo alguma coisa, mas darei o seu tempo, eu sei que no momento certo ela irá se abrir comigo, mas o mais estranho foi quando ela começou a fazer perguntas sobre o relacionamento dos meus pais.

[…] — Rafa, posso te fazer uma pergunta? - apenas acenei positivamente enquanto degustava de meu hambúrguer.

Estávamos dentro de seu carro, estacionado do outro lado da rua do meu prédio. Nossos encontros no meio da semana sempre eram assim. Bianca vinha me buscar, saíamos para buscar algo para comer e ficávamos jogando conversa fora sentadas dentro carro.

Seus pais já se separaram alguma vez? Uma briga ou algo do tipo? - deu de ombros

Franzi o cenho sem entender o porque daquela pergunta. Qual era a importância do nível de relacionamento dos meus pais?

— Eles ficaram brigados por um tempo, mas foram alguns anos atrás. Mas por que da pergunta? - lambi os dedos sujos de catchup.

Nada, só curiosidade. - desviou o olhar dos meus.

Eu sabia que ela estava me escondendo alguma coisa, mas deixei passar […]

Fui tirada dos pensamentos quando Gizelly me chamou. Estavamos sentadas no tapete da sala brincando de chá com Malu. Gizelly tinha uma coroa de rei na cabeça, Marcela uma tiara de gatinho, Eusébio, um amigo nosso, uma tiara de flores, e eu uma saia de balé em volta da cintura, por cima de minha calça de moletom.

Minha menina era só sorrisos dentro de sua fantasia de borboleta.

— Sua vez de servir o chá. - disse Gi me passando o bule de brinquedo.

Peguei o brinquedo entre os dedos e servi todos em minha volta. A cena do Eusébio segurando a xícara minúscula entre seus dedos grandes, era ilário.

— E você mocinha? - pincelei seu nariz - Por que esta me olhando assim? - sorri

— Minha coisa linda. - disse a pequena segurando os dois lados do meu rosto, me fazendo sorrir largamente.

Desde que passou a conviver com outras crianças, o vocabulário de Malu estava crescendo. Ela estava mais esperta e comunicativa. Seu gesto me derreteu o coração. Suas mãozinhas quentes em volta de meu rosto, e suas palavras de carinho. Eu amava tanto essa minha menina.

— Coisa linda da mamãe. - fiz o mesmo com ela fazendo a pequena soltar uma sonora risada — Te amo, princesa.

— Amo mamãe. - deixou uma bitoca em meus lábios.

Meus amigos apenas assistiam a cena com um imenso sorriso nos lábios. Estava tão envolvida com aquele momento de carinho com Malu, que tinha me esquecido deles.

— E eu não ganho beijo? -perguntou Marcela fingindo estar chateada.

Malu sorriu sapeca, pulou nas pernas da mulher e beijou sua bochecha. E assim a pequena fez com todos arrancando gargalhadas.

...

No dia seguinte, me preparei para o trabalho como fazia todas as manhãs, e só depois acordei Malu, enchendo a pequena de beijos, que se esticou na cama toda preguiçosa.

—  Está na hora da princesa Malu acordar. - beijei sua bochecha rosada fazendo a pequena sorrir.

Ajudei Malu no banho, e vesti uma roupa quente em seu corpo. Depois de finalmente todos prontos, Marcela e eu deixamos Malu na escola e fomos direto para a empresa.

A agenda de Bianca dessa semana estava cheia. Tínhamos muitos casos para analisar e responder alguns e-mails. Ser secretaria de uma das maiores advogadas do Rio de Janeiro dava trabalho, mas confesso que eu amo. Além do mais me dá mais tempo ao lado de minha namorada, e eu aproveitava para tirar uma casquinha sempre que tinha uma oportunidade.

—  Falou pra Bianca sobre ter que faltar no trabalho de manhã? -perguntou Marcela enquanto aguardavamos o elevador descer.

— Vou falar hoje. Estamos atoladas de trabalho essa semana, mas é a primeira reunião escolar de Malu, e eu quero saber como anda o seu desenvolvimento.

Entramos na caixa metálica. Nos despedimos e cada uma seguiu para o seu setor. Cumprimentei algumas pessoas, e entrei direto na sala de Bianca para começarmos o trabalho, porém fui pega de surpresa ao ouvir uma parte da conversa de minha namorada e seu melhor amigo.

—  Como eu vou dizer pra minha namorada, que a minha irmã é irmã dela?

Assim que me viu ali parada na porta, Bianca arregalou seus lindos olhos castanhos. Eu não podia acreditar no que eu acabei de ouvir, isso só pode ser uma pegadinha.

— Rafaella!- a carioca tentou se aproximar, mas eu a impedi esticando os meus braços em um pedido mudo de espaço

— Bianca. Eu realmente ouvi isso? -respirei fundo.

Bruno que estava em silêncio se pôs de pé, e pediu licença antes se retirar da sala. O homem beijou a têmpora de minha namorada e sussurrou "boa sorte". Eu apenas fiquei parada esperando por uma resposta.

—  Sente aqui por favor, eu vou te contar tudo. - pediu esticando sua mão

De início eu recusei o seu toque, mas acabei cedendo e me deixei ser guiada até o sofá. Eu só precisava de uma explicação depois de ter escutado aquilo.

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Pipipipopopo

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