60. Plano Infalível

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— Gente... Primeiramente, muito obrigado pelo apoio e por terem vindo aqui hoje. Mas... eu estaria enganado em achar que tem alguma coisa esquisita no ar? — perguntou Pierre ao sair da sessão, vendo eu e Ulisses com cara de tacho. — Se não quiserem dizer, não tem problema, mas vocês dois estão parecendo... diferentes.

Fiquei intrigada com algo que eu sempre me perguntei: quando a gente transa, será que as outras pessoas percebem?

Em todo caso, se eu não sabia como dizer para ele, agora ele tinha me dado a deixa perfeita.

— Pierre! — comecei. — Eu vou dizer logo sem arrodeio, porque se tem uma coisa que eu odeio, é a tal da mentira. Inclusive, sugiro que sente, que eu vou pedir pra Ulisses pegar um copo com água, porque o negócio não vai ser fácil de dizer e nem de ouvir.

— O que aconteceu? — perguntou Pierre, sentando, com os olhos esbugalhados e desabotoando o botão de cima de sua camisa.

— Fomos demitidos! — avançou Ulisses, entregando o copo com água para Pierre.

— Os dois?! Mas como foi isso?

— Laura — falei, pegando carona em Ulisses.

— A loirinha?

— Ela mesma — respondeu Ulisses.

— Nunca gostei daquela mulher.

— Né? Só esse jumento aqui que caía na conversa dela — disse, apontando para Ulisses.

— E o que foi que essa mulher aprontou?

— Denunciou a Lis ao conselho e me acusou de assédio sexual.

— Assédio sexual? — perguntou Pierre, boquiaberto.

— Não. Não procede — falou Ulisses.

— E por que vocês não fizeram nada a respeito?

— A gente quis pôr as ideias em ordem antes de agir — disse Ulisses.

— E como vão ficar as contas, a escola de Flor e o curso de barista? A propósito, quem está gerenciando a cafeteria?

— Adivinha? — insinuei enquanto Ulisses cobria o rosto com a mão.

— A loirinha?!

— Adivinha por causa de quem? — insinuei mais uma vez, olhando para Ulisses.

— Tá bom... Será que eu nunca vou ser perdoado?

— Minha gente, mais uma vez, muito obrigado por ter vindo aqui comigo, mas agora eu estou preocupado com vocês! Se vocês tiverem que sair para resolver as coisas de vocês, podem ficar tranquilos, que eu também vou ver o que eu posso fazer por vocês.

— Tá bom. Valeu, grandão — disse Ulisses, se levantando e se preparando para sair.

— Brigada, Pierre — falei, recebendo mais um beijo dele.

— Amo você. Se cuidem, tá?

No carro, mais uma vez, Ulisses e eu ficamos sem assunto. Quebrei o silêncio constrangedor após alguns minutos.

— Pra onde a gente tá indo?

— Vamos acertar algumas contas hoje.

Em poucos instantes, estávamos na SB Koffee.

— Tem certeza disso? — perguntei.

— Absoluta. A gente precisa de provas concretas.

Entrando no salão, quase não reconhecemos o lugar. Toda a decoração agora era cor de rosa combinando com tons de branco e de dourado. Um quadro enorme com a cara de Laura na parede principal e nenhum cliente. No balcão, vimos Suzy parecendo a Penélope Charmosa, com um uniforme cor de rosa, echarpe e acenando para que fôssemos embora. Antes que respondêssemos, fomos surpreendidos por Patrícia e Dani, que, além do uniforme cor de rosa, estavam com os cabelos pintados de loiro.

Fé, Lis! Um Romance Quase ClichêOnde histórias criam vida. Descubra agora