Pétalas de rosas estavam espalhadas pelo chão, uma luz baixa preenchia o ambiente e Você é linda, de Caetano Veloso, tocava. Sobre a cama de casal, mais pétalas de rosas, uma bandeja com morangos, um champanhe e duas taças. Virei para Pierre e ele segurava um buquê de lírios.
— De onde tu tirasse essas flores? — perguntei, com um sorriso.
— Eu faço mágicas.
— Eu tô vendo. Tu é incrível! — falei, cheirando as flores.
Pierre foi até a cama, encheu nossas taças com o champanhe e entregou para mim.
— Linda e sabe viver, você me faz feliz... É exatamente como me sinto com você, querida.
Tomou minha mão e me girou, puxando-me para uma dança. Nós dançamos e trocamos beijos pelo quarto. Era uma das noites mais lindas da minha vida. Depois da dança, eu fui até o banheiro por pura curiosidade, queria ver se era como nos filmes.
Era do mesmo jeito. Amplo, branco, com uma banheira repleta de pétalas de rosa e o cheiro de lavanda tomava o ambiente. Aproximei-me da banheira e, ao que parecia, um óleo de lavanda se misturava à espuma.
— Acho que eu vou querer uma ducha — disse, animada.
— Claro! — concordou, saindo do banheiro. — Fica à vontade.
Eu com certeza estava muito à vontade. Tirei a roupa sem me preocupar em pegar minha bolsa; ali, pelo visto, eu tinha tudo o que precisava. Pus a pontinha do dedão do pé na banheira e fiz cara de rica, com direito a biquinho e sobrancelhas arqueadas.
— Uh! Eu sou uma peruona!
A água morna aquecia minha pele enquanto eu me sentava na banheira e o óleo essencial de lavanda fez seu efeito relaxando cada músculo e cada vértebra do meu corpo. Encostei a cabeça na borda da banheira e me entreguei.
— Lis? Lis?
Abri os olhos, soltei um ronco e me sobressaltei com o susto. Pierre estava ajoelhado diante de mim. Comecei a ficar consciente do momento presente e senti o canto da minha boca molhado.
Minha Nossa Senhora! Eu babei!
Apoiei um pé no chão da banheira, me preparando para levantar. Eu estava morta de vergonha, mas então vi Pierre na minha frente. Ele imediatamente virou de costas e pegou algo, me entregando. Eu me levantei, vestindo o roupão e tentando retomar a compostura.
— Desculpe, eu acho que eu...
— Dormiu — completou, rindo.
— Eu tô passada de vergonha! — admiti, puxando Pierre pela mão para que ele virasse.
Ele estava vermelho de rir, os ombros balançavam e as sobrancelhas estavam erguidas.
— Menino... Tu tá se acabando de rir.
— Desculpa, Lis, mas eu estou te esperando há uma hora. Tomei o champanhe inteiro, vi a vista pela varanda, troquei de músicas, pedi comida e então comecei a me preocupar. — Ele ainda ria. — Eu bati na porta e nada, bati mais forte e nada, foi aí que decidi abrir e você estava roncando com a boca aberta. Nunca senti tanto alívio em ver uma garota babando!
— Pierre, cala a boca! — falei, gargalhando.
Ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.
— Não fique envergonhada. Eu acho que nunca fui tão feliz assim na vida — disse e eu me entreguei a seu abraço. — Aliás, já fui, sim. Quando tinha oito anos, às sextas-feiras, quando uma flor alegrava a minha casa.
— Era o meu dia preferido, eu me sentia indo a um parque de diversões. Eu não me lembrava do dia da semana, na verdade, quando se é criança, o dia da semana nem importa, o que importa é viver. Talvez a magia da infância acabe no momento em que a gente aprende os dias da semana — falei, rindo.
— A minha começou porque eu conheci você — falou, selando nossos lábios.
— Tu é assim sempre tão romântico?
— Acho que sim. Chega a ser chato, não é mesmo?
— É bem meloso, mas eu gosto.
Ele passou os braços em volta da minha cintura e me beijou. As borboletas em meu estômago levantaram voo e o desejo em uma região pouco mais abaixo me tomou por completo.
Fiquei na ponta dos pés, intensifiquei nosso beijo e ele não teve dificuldade em retribuir. Puxou-me para mais perto, mesmo não havendo qualquer espaço entre nós, e afastou os lábios da minha boca para alcançar meu pescoço.
Comecei a gemer como um cãozinho abandonado, lembrei da miniatura pinscher com a qual Flor disse que eu parecia. Afastei os pensamentos de Flor, a última coisa que eu precisava agora era da minha filha na cabeça.
Lembrei de Flor e Ulisses rugindo como cães e comecei a rir. Pierre afastou os lábios do meu pescoço para olhar para mim.
— Desculpa! — pedi, morta de vergonha.
— Estou fazendo cócegas em você? — perguntou, passando uma mão no queixo. — Fiz a barba hoje.
— Não. É só que... Comecei a lembrar da minha filha.
— Ah! Está nervosa. Venha, vamos comer. Eu pedi três opções de comidas diferentes para o caso de você não gostar de alguma — disse, me tomando pela mão.
Finquei os pés no chão. Eu não iria encher a barriga de comida agora, estava certa do que queria. Pierre olhou para mim com um olhar curioso.
— Eu quero... Quero agora.
— Tenho a impressão que você não está muito confortável.
— Sim, mas eu vou ficar bem. Acho que é normal esse nervosismo na primeira vez.
— Então tá bom — concordou, voltando a me puxar para si.
Senti o toque de seu beijo passear por meus lábios, descer por meu pescoço, se instalar na minha clavícula e depois subir em direção a minha orelha. Pierre começou a caminhar de costas em direção a cama, sentando-se sobre ela e me mantendo entre as suas pernas.
Segurou o laço dado no meu roupão e o desfez. Meu coração martelava no peito quando ele tirou o roupão de mim, me deixando completamente nua. Olhou-me de cima a baixo.
— Eu não mereço você — disse, passando o dedo ao redor do meu umbigo, provocando arrepios na minha pele.
— Essa é a pior coisa que tu pode dizer nesse momento.
Pierre me colocou de costas sobre a cama e começou a se despir. Quando estávamos os dois como viemos ao mundo, eu pude ver seu corpo por inteiro. Ele era imenso, mas não era musculoso, nem magrelo. Era um tipo esbelto, bonito demais da conta.
As mãos dele caminharam por minha cintura e se encaixaram em meus seios, logo sua boca ocupou o lugar deixado por suas mãos.
— Eu amo você, Lis — sussurrou.
Foi um sussurro tão baixo que eu não tive certeza se ouvi corretamente, mas naquele momento desejei de todo coração que sim e, com esse desejo, me entreguei aos braços do prazer.
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Fé, Lis! Um Romance Quase Clichê
Romance🥇Vencedor em 1° Lugar no Concurso Retro Future na Categoria Comédia 🥈Vencedor em 2° Lugar no Concurso Setealém na Categoria Comédia 🥉 Vencedor em 3° Lugar no Concurso Big Bang na Categoria Romance 🥉Vencedor em 3° Lugar no Concurso Bevelstoke...