Suzy e Paulo chegaram na noite anterior e, logo cedo, Ulisses cumpriu sua palavra de nos levar para o Museu do Café.
— Engraçado que eu achei que vocês iriam querer ver a praia daqui — disse Ulisses para nós.
— Mas, menino!... Eu nasci e fui criada na praia que nem caranguejo. Mas vai ser a primeira vez que eu vou conhecer um polo mundial de café!
— Pois é... A praia eu também já conheço, mas vir pra Santos sem visitar o Palácio da Bolsa Oficial do Café seria um desperdício pra uma barista — falou Suzy.
— Quem dera tivesse um museu do açúcar em Recife — comentei.
— Ah, é! O café aqui e o açúcar da tua terra praticamente carregaram o país nas costas por muito tempo, né? — observou Paulo.
— Falando em carregar, é a primeira vez que eu tô sendo carregada por um bonde — disse Suzy.
No bonde, acompanhada por meus amigos, pude ver os principais pontos históricos da cidade antes de chegar ao Museu: a rua do comércio, que antes era chamada de rua de Santo Antônio; o Santuário de Santo Antônio do Valongo, que eram umas ruínas altas que sofreram incêndios no passado e agora restavam apenas algumas paredes erguidas; e o trajeto que ligava os principais pontos históricos do antigo centro de Santos, sendo um deles o Museu do Café para onde íamos.
— Aqui... — apontou Ulisses para o palácio. — No século XIX e começo do século XX, era o local onde o café era classificado e negociado antes de ser exportado. Meninas, aqui é onde vocês têm uma das maiores fontes da cafeicultura do Brasil.
— Uau!... Uma arquitetura bem imponente, não é? — comentou Paulo. — O que são essas estátuas na entrada?
— Essa olhando pro Porto é Ceres, pra abençoar as sacas de café que eram exportadas pro mundo. E esse outro olhando pra cidade é Mercúrio, abençoando o comércio e o crescimento da cidade de Santos, que se tornou um polo mundial do café — explicou Ulisses.
— São Ceres e Mercúrio da mitologia romana? — questionou Paulo.
— Sim, a deusa da agricultura e o deus do comércio.
— Quer dizer que Paulo também é nerd? — perguntei a Suzy.
— Você também é, garota. Cê deu uma aula pra gente sobre a história de Pernambuco, lembra?
— Sim, mas me bote pra dizer quem é quem nas mitologias, que eu vou passar é vergonha. De cabeça, eu não sei nem quais são todos os livros da bíblia.
— Aqui no salão principal era onde o café era negociado. — disse Ulisses quando já estávamos dentro do museu.
— E não é que o Ulisses está se saindo um bom guia turístico? — brincou Suzy.
— Pra mim, é fácil, eu nasci e fui criado aqui em Santos. Sei um pouquinho de história, não como a nossa Lis, mas sei.
— E sabe mesmo, visse? Me deu uma aula lá no Instituto Biológico que eu fiquei foi besta.
— Não exagera...
— Menino, e não foi? — brinquei, segurando sua mão.
Aquele era um hábito que eu só percebi naquele momento e acho que ele também, porque, assim como eu, ele estava encarando nossas mãos entrelaçadas. Sem graça, afastei a mão da dele e olhei para todos os lados, menos para o seu rosto.
— Desculpa — sussurrei e me apressei para acompanhar Paulo e Suzy, que estavam indo em direção à cafeteria.
Não aproveitei o resto do passeio no museu como gostaria, pois eu não conseguia parar de pensar em como estava estranha a minha relação com Ulisses. Eu sabia que havíamos prometido ser amigos e, até então, estávamos cumprindo. Porém algo parecia fora do lugar. Talvez tenha sido um grande erro ter me envolvido com ele em outro nível.
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Fé, Lis! Um Romance Quase Clichê
Romance🥇Vencedor em 1° Lugar no Concurso Retro Future na Categoria Comédia 🥈Vencedor em 2° Lugar no Concurso Setealém na Categoria Comédia 🥉 Vencedor em 3° Lugar no Concurso Big Bang na Categoria Romance 🥉Vencedor em 3° Lugar no Concurso Bevelstoke...